Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

sábado, 2 de abril de 2016

"Vire a página": o intrépido prefácio de Lucas Berlanza ao livro organizado por Catarina Rochamonte - e a renovação de um Convite

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Como já anunciado em post anterior, o livro "Natureza e Excelência da Liberdade e da Democracia", organizado pela filósofa Catarina Rochamonte, foi lançado em 12 de março, com sucesso, em Olinda, no Hotel Samburá, à beira mar. No próximo dia 14 de abril, será lançado em João Pessoa, na Fundação Casa de José Américo, também à beira mar, na Praia do Cabo Branco. Os autores são Catarina Rochamonte, Iremar Bronzeado, Manuel Alves da Rocha e Washington Rocha, este modesto escriba que vos fala. O início está previsto para as 18:00 horas. Após a solenidade, que será conduzida pelo Presidente da Fundação, Professor Damião Ramos Cavalcanti, será servido um delicioso Coquetel. O julgamento do livro caberá a vocês, que o irão ler. Entretanto, adiantamos aqui o intrépido prefácio de Lucas Berlanza, um dos expoentes da nova geração de pensadores liberais. Pedimos a todos que divulguem esta mensagem/Convite por todos os meios. Contamos com vocês. Venham, convidem os amigos. Venham prestigiar o esforço literário e a luta por Liberdade e Democracia.


PREFÁCIO
Ao ser muito honrosamente convidado a prefaciar este Natureza e excelência da liberdade e da democracia, recordei-me de imediato de uma citação célebre e que, até certo ponto, já se tornou clichê, mas considero realmente inevitável. Certa vez, disse o estadista britânico Winston Churchill (1874-1965), uma das figuras mais relevantes do século XX, que a democracia é “a pior forma de governo, salvo todas as demais experimentadas”. Pode parecer pouco animador, mas, a despeito da humildade conceitual demonstrada, do tom deveras “pé no chão”, poucos travaram um combate tão inflamado contra as ameaças à democracia quanto ele, insuflando as tropas britânicas em defesa do legado ocidental, diante da barbárie totalitária nazi-fascista.
Em seu casamento com o liberalismo e sua proposição fundamental das liberdades individuais, acompanhadas das devidas responsabilidades – casamento esse que, como pontuaria o austríaco Friedrich Hayek (1899-1992), é mais difícil e envolve mais dilemas e percalços retóricos do que parece -, produzindo os regimes liberais-democráticos, ela é uma das mais notáveis consequências da nossa herança civilizacional. O que Churchill quis dizer é que não se pretende com isso que seja a palavra absoluta da perfeição; Carlos Lacerda (1914-1977) responderia a essa sugestão descabida que só o totalitarismo reclama “soluções absolutas”, e o mérito dos democratas está na “consciência da relatividade das soluções”. Conscientes de que avançamos passo a passo, de que herdamos um patrimônio que oferece material vasto às nossas perquirições e modelo para compreender a realidade e atuar sobre ela, os democratas sabem que só os arrogantes se permitem acreditar no próprio poder para tratar o mundo como uma lousa em branco, na qual poderiam inscrever seus delírios e submeter os demais, como crianças domadas, aos seus caprichos.
Por deformação dos melhores princípios esposados pela eclosão das ideias liberais e iluministas – posto que nem todos eu reconheço como portando o mesmo valor -, essa arrogância se manifesta em uma linhagem genealógica de pensadores e intérpretes sociais que, de Rousseau a Lênin, de Marx a Gramsci, plantaram as sementes do coletivismo insidioso e assassino. Os mais tenebrosos morticínios se produziram em consequência da irresponsabilidade de utopistas e seus séquitos de delirantes e mal-intencionados, que tentaram oferecer à humanidade suas soluções supostamente magníficas, quando a mais sublime de todas é aquela que nos permite o desenvolvimento espontâneo e a troca pacífica das oposições, das contrariedades e das subjetividades.
Com essa ou aquela divergência de tom ou de preferência ideológica, encontro em todos os autores dos artigos desta coletânea, todos eles dotados de luzes francamente mais elevadas que as minhas na apreensão dos tópicos em relevo, o mais sincero espírito de destemor ao defender, pelas suas argutas análises acadêmicas, os mais nobres valores e princípios de espírito público que a humanidade já logrou êxito em elaborar. Elaborar, constituir, sofisticar; não, porém, consolidar. Tristezas e misérias como o terrorismo islâmico e o autoritarismo tacanho do socialismo do século XXI na América Latina são algumas das mais notórias evidências de que a doença arrogante dos que preferem tiranias declaradas, ou dos que preferem as vãs sugestões de “democracias” sem liberdade, ainda é profundamente arraigada, e que a lição de Thomas Jefferson continua a ecoar certeira: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.
Para essa luta e para essa vigilância, ainda tão necessárias, tão imperiosas nesses tempos complicados em que vivemos, é reconfortante que novas vozes se somem, engrossando o coro, ao lado dos grandes autores, das obras densas e dos agentes sociais do passado e do presente, com textos diretos, objetivos, análises sucintas que triunfam sobre as afobações e tribulações do dia-a-dia e dissecam o câncer que queremos combater. Os autores desta coletânea fizeram isso, e com extrema competência. São diferentes de mim, uns mais, outros menos; são diferentes entre eles, uns mais, outros menos. Entendem todos o que é fundamental, sem o que a própria discussão sadia das diferenças se torna impossível e que, portanto, é a primeira de todas as prioridades, a primeira de todas as brigas que se devem comprar para estar em paz com a consciência e para prestar a mais nobre das contribuições demandadas pelo equilíbrio social.
Com muita propriedade, os autores estão chamando a atenção daquele que porventura ler estas páginas para um problema ao qual ninguém deveria ser insensível, e de cuja solução ninguém se pode escusar. Foi com prazer que acompanhei estas linhas, reconhecendo nas almas por trás delas companheiros de um duelo de que, na medida limitada das minhas possibilidades e na pequenez das minhas competências, acredito já tomar parte: o grande conflito contra os pretensos “papais” e “mamães” de todo mundo, que terminam por se converter em seus algozes.
Se você abrir este livro, também será convocado. Acredito que dirigirá um olhar muito mais rico e agradecido às instituições e dádivas que recebemos dos que nos antecederam na longa epopeia humana, e perceberá o quanto vale a pena dedicar algo mais para defendê-las dos predadores, prontos a ludibriar os incautos. Não seja um incauto. Para tanto, você pode começar por aqui. Vire a página.
Lucas Berlanza

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