Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A Batalha de Oliveiros e Ferrabrás Contra o Terror

Após o ataque do terror islâmico ao Charlie Hebdo, em Paris em janeiro deste ano, a reação de grande parte da intelectualidade ocidental, divulgada profusamente por todas as mídias, foi tão espantosa e covarde quanto o próprio ato terrorista. Esses intelectuais "politicamente corretos" não reagiram contra o terror islâmico, que atacou; principalmente, reagiram contra a Civilização Ocidental, que foi atacada. No Brasil, vários intelectuais pronunciaram-se nessa linha, relativizando a ignomínia dos ataques do terror islâmico. Essa relativização é como uma legitimação do terror e o incentiva.

Diante do horror do novo ataque em Paris, neste mês de novembro, pensei que esses intelectuais, por viverem no Ocidente, tivessem, pelo menos, uma reação de autoproteção. Mas não, eles são tão estúpidos que continuaram a legitimar o terror; alegando respeito às civilizações, mas sempre desrespeitando a civilização onde vivem.

Certamente, existem intelectuais não covardes que reagem contra a covardia dos ataques terroristas e contra a covardia dos intelectuais que justificam o terror.

É preciso entender o seguinte. Guerra ao terrorismo islâmico não significa desrespeito à Civilização Islâmica. Guerra ao terror islâmico é o mínimo de respeito que a Civilização Ocidental deve a si mesma; e diz respeito à sobrevivência. A luta contra ao terror nazista não significou desrespeito à Civilização Alemã, parte constitutiva da Civilização Ocidental, que, assim como a Civilização Islâmica, é parte constitutiva da Civilização Mundial. Por isso mesmo, deve-se insistir com as nações islâmicas para que se engajem no combate ao terror islâmico.

E aqui chegamos a Oliveiros e Ferrabrás, cuja batalha foi cantada em versos pelo paraibano Leandro Gomes de Barros, o maior de todos os poetas, o "Homero brasileiro". Oliveiros cristão, Ferrabrás muçulmano; eram iguais em coragem e nobreza. Após a mais tremenda batalha singular dos tempos idos, Oliveiros, vitorioso, poupa a vida de Ferrabrás, em homenagem à sua bravura; em seguida, Ferrabrás se converte ao cristianismo e ajuda Oliveiros a vencer os inimigos, oferecendo-lhe as próprias armas.

Oliveiros e Ferrabrás representam o que de melhor, de mais nobre e valoroso, existia nas duas civilizações em combate. Hoje, o que há de melhor nas civilizações delas oriundas devem se unir para combater o mal do terrorismo. Hoje, certamente, pode-se dispensar a conversão de Ferrabrás, mas é preciso insistir em contar com as armas e a participação de Ferrabrás na luta contra o terror.

Se Ferrabrás não quiser ajudar Oliveiros, dolorosamente ferido em Paris, Oliveiros terá de combater sozinho. Não lhe faltará coragem.



 Vejam algumas cenas deste épico insuperável, com ilustração colhida em www.saraiva.com.br




Eram doze cavaleiros,
Homens muito valorosos,
Destemidos e animosos,
Entre todos os guerreiros,
Como bem fosse Oliveiros,
Um dos pares de fiança,
Que sua perseverança
Venceu todos infiéis -
Eram uns leões cruéis
Os Doze Pares de França

...

O Almirante Balão
Tinha um filho, Ferrabrás,
Que, entre os turcos, era mais
Quem tinha disposição.
Mesmo em nobreza e ação,
Era o maior que havia -
Então, em toda Turquia,
Onde se ouvia falar,
Tudo havia respeitar
Ferrabrás de Alexandria.

...

Quando Ferrabrás chegou
Nos campos de Mormionda,
Só um trovão quando estronda,
Troa como ele troou.
Em altas vozes gritou,
Apoiado em uma lança,
Como uma fera que avança,
Precipitada em furor.
Dizia: Ó Imperador!
Cadê teus Pares de França?

...

- Guarim, podes descansar!
Oliveiros respondeu;
Um soldado como eu
Não deixa o seu rei chorar!
O turco há de acreditar
Que mil feras não me comem -
Minhas façanhas se somem,
Mas, enquanto eu não morrer,
Ferrabrás há de dizer:
Em França encontrei um homem!

...

Disse-lhe o Imperador:
- Pode Oliveiros dizer -
Eu juro satisfazer
Seja que pedido for.
Disse-lhe Oliveiros: Senhor!
Não quero coisa demais,
E não serei tão capaz
Para tanto lhe pedir,
Porém o que quero é ir
Dar batalha a Ferrabrás.

...

Beijou a cruz da espada,
Prosseguiu numa oração!
Ó Virgem da Conceição!
Maria Pia e Sagrada,
Mãe de Deus, Imaculada,
Esposa casta e fiel!
Pelo vinagre e o fel
Que Cristo bebeu na cruz,
Rogai por mim a Jesus
Nesta batalha cruel.

...

Disse o turco - Hás de montar
Em meu cavalo e seguir!
Se meu exército me vir
Há de querer me tomar,
E cuide logo em se armar,
com a maior brevidade -
Tenho arma em quantidade
De qualidades mais belas,
Pode confiar-se nelas,
Que valem sete cidades.

...

E Oliveiros andando,
Por uma estrada que havia,
Viu que de um monte saía
A força que estava esperando.
O turco foi se apeando
E Oliveiros se armou,
Sob uma sombra o deixou,
Foi de encontro aos inimigos -
Um dos maiores perigos
Que Oliveiros encontrou.

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