Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Em apoio ao artigo vigoroso e corajoso do socialista Eduardo Campos sobre a estúpida proposta de revisão da Lei de Anistia, em resposta a uma provocação cretina do jornalista Jânio de Freitas em artigo manhoso e desonesto

Com um artigo vigoroso e corajoso, Eduardo Campos, pré-candidato a Presidente da República pelo Partido Socialista Brasileiro, respondeu a uma provocação cretina do jornalista Jânio de Freitas. A coragem de Eduardo já vinha do fato de ter se posicionado contra a proposta de revisão da Lei de Anistia, sendo os defensores da Lei de Anistia alvos preferenciais das furibundas patrulhas da esquerda autoritária e boçal (pleonasmo). O artigo do Jânio de Freitas, como se verá, além de baixamente provocativo, é manhoso e desonesto. O miolo da provocação é dizer que Eduardo Campos desonra a memória do avô, Miguel Arraes, ao defender a Lei de Anistia. Não desonra, pelo contrário, nisso e em muitas outras coisas, o neto honra o avô, que retornou ao Brasil, junto com tantos outros exilados, graças à mesma Lei de Anistia que Jânio de Freitas e o conjunto da esquerda boçal querem anular, em busca de revanche e justiça seletiva. A manha do veterano jornalista, que perpassa todo o curto artigo, grita nesta, especialmente desonesta, passagem:

"É possível que do ponto de vista de Eduardo Campos, oposição ao regime dos generais ditadores fosse prática criminosa..."

Não, a oposição à ditadura militar não foi prática criminosa, mas, desgraçadamente, dentre os que lutaram contra a ditadura, alguns praticaram crime de terrorismo, resultando em mortes de inocentes.Alguns grupos da esquerda revolucionária, no contexto da luta contra a ditadura, praticaram, inclusive, terrorismo contra próprios companheiros, com o inominável crime que os revolucionários chamaram de "justiçamento", que vem a ser o assassinato de um companheiro confiante e indefeso. O exemplo mais conhecido é o "justiçamento" do jovem revolucionário da direção da ALN Márcio Leite de Toledo, mas aconteceram outros. Os responsáveis por esse crime e todos os outros revolucionários que cometeram crimes de terrorismo durante a guerra revolucionária foram anistiados. E anistiados devem permanecer. Porém, se a Lei de Anistia deixar de valer, será exigência de dignidade que familiares de Márcio cobrem na Justiça os responsáveis pelo crime. E também outros familiares de outras vítimas inocentes da esquerda armada. Jânio de Freitas sabe disso, mas, com manha dolosa, omite, para imputar infâmia ao digno neto do grande Miguel Arraes.

Embora sem a relevância histórica de Miguel Arraes, também eu lutei contra a ditadura militar. Lutei de peito aberto, lutei nos "Anos de Chumbo", fui perseguido, sequestrado e torturado pelos esbirros da ditadura militar. Em seguida, fui um dos fundadores e presidente do Comitê Brasileiro pela Anistia-secção João Pessoa. A luta que eu comandei na minha cidade foi vitoriosa no Brasil. Essa vitória foi festejada em todo o país; festejos que se prologaram por meses, a cada preso político que era libertado, a cada exilado que volta à amada Pátria: a volta do Brizola; "a volta do Irmão do Henfil"; a volta de Miguel Arraes, aclamado naquela apoteose com frevo que foi o "Arraes taí!". A Lei da Anistia, como afirma Eduardo Campos no seu referido artigo, foi uma conquista do povo brasileiro. Essa vitória estrondosa arrebentou os diques que restavam na ditadura declinante e desaguou no rio da Democracia. Pois, ataca-me o fígado a insistência de uns tantos em tentar retornar o fluxo deste rio, para restaurar um guerra de 40 anos atrás. Com esse propósito miserável é que a esquerda boçal omite, mistifica e mente.

Sei que me repito, pois muito tenho escrito sobre o tema da Anistia, aqui neste Blog ROCHA 100 e no livro "Anos de Chumbo e Anistia" (disponível em www.portal100fronteiras.com.br). Ocorre que os revanchistas insistem, sem se preocuparem que a revanche possa levar para o brejo de uma nova ditadura: de direita ou de esquerda. Aí, eu, ardente democrata e inimigo jurado de toda ditadura (de esquerda ou de direita, bolchevista ou nazi-fascista, dos militares ou do proletariado), insisto na defesa da Lei de Anistia. Tenho combatido a proposta de revisão da Lei de Anistia procurando demonstrar que é um despropósito, uma rematada tolice, uma estupidez política graúda. Isso, do ponto de vista democrático; do ponto de vista marxista-revolucionário é uma proposta formidável, para Lênin nenhum botar defeito. Com efeito, o propósito desta proposta revanchista é retomar a guerra revolucionária sem a qual os marxistas bolchevistas não alcançarão o poder totalitário a que nunca renunciaram, mesmo com o apodrecimento de todos os regimes bolchevistas implantados no séc. XX (de podre, quase todos esses regimes caíram; embora podres, alguns subsistem).

Os que amam a Democracia, como o socialista e democrata Eduardo Campos, querem continuar a sua construção: PARA A FRENTE.
Os bolchevistas estão no seu triste direito de querer retornar à guerra revolucionária, mas nenhum democrata tem o direito de ser tão tolo a ponto de se deixar arrastar pelo discurso revanchista de justiça unilateral retroativa, que tenta levar o Brasil PARA TRÁS.

TORTURA NUNCA MAIS!
TERRORISMO NUNCA MAIS!
DITADURA NUNCA MAIS!

LIBERDADE SEMPRE! DEMOCRACIA SEMPRE!

Os referidos textos - "Muito à vontade", de Jânio de Freitas e "Minha Resposta", de Eduardo Campos - foram publicados originalmente no site da Folha de São Paulo. Peço ao caro leitor e caríssima leitora que vão lá ver, para melhor julgar.

Obs: adoraria que também comentassem. Pode ser comentário "agradativo" ou "atacativo" (vide post antigo). Comentários são a alma dos Blogs. Comentário para blogueiro é como pinga para sanfoneiro.




quinta-feira, 15 de maio de 2014

"MINHA VINGANÇA SARÁ MALÍGRINA!": durante anos amarguei inveja de Machado de Assis, de Eça de Queirós e de outros gênios da literatura; agora - com ajuda do MEC, do Minc e da Lei Rouanet - vou poder me vingar

Através da Lei Rouanet, a professora Patrícia Secco vai ganhar uma bufunfa do Ministério da Cultura/Minc para adulterar livros de Machado de Assis, de forma que possam ser entendidos pela rapaziada preguiçosa, mas esperta, que aprendeu que não se deve fazer esforço para entender os grandes autores, gente difícil; estes é que devem descer ao nível da mediocridade, ou serem descidos. A rapaziada moderna, sem preconceitos, não mais se submete aos caprichos elitistas de escritores metidos a besta como esse tal de Machado de Assis. É preciso, pois, dispor aos espertos estudantes a obra "simplificada". Depois da cartilha "Nóis péga os peixe", do Ministério da Educação/MEC, que ensina a escrever errado, esta é a mais formidável realização educacional do Brasil do PT. Desde a Revolução Cultural do finado Mao-Tsé-Tung na China comunista, não se via algo capaz de reformar as mentalidades reacionárias de forma tão efetiva. Eu vou tirar proveito: vou me vingar e vou ficar rico. Explico.

Sempre me ruí de inveja dos chamados grandes escritores, inclusive Machado de Assis. Ao rebaixar a genialidade do maior escritor do Brasil ao nível da boçalidade, a professora Patrícia está  me vingando. Todavia, não haverei de me satisfazer com a glória de Patrícia Secco, a Musa da Mediocridade, haverei de construir a minha própria glória e meter a mão na minha própria bufunfa. Vou apresentar projetos ao Minc para, através da Lei Rouanet, receber uma gorda grana e rebaixar a nível de poleiro de pato a obra de todos os autores que invejei. Começarei por Eça de Queirós. Vejam: ainda que carregando na minha alma o pecado da inveja, sou cristão; arrancaria fora um olho para poder ter escrito aquele conto chamado "O Suave Milagre". Agora, conto receber dinheiro público para desfazer o milagre literário de Eça; é melhor do que arrancar um olho.

Escrever bem é difícil, escrever como Machado e como Eça é um milagre. Escrever boçalmente é fácil. Reduzir textos geniais à boçalidade é fácil e divertido. Querem ver? vejam o que consigo fazer com dois excertos de textos sublimes, um de Machado de Assis, retirado do romance "Memórias Póstumas de Brás Cubas", e outro de Eça de Queirós, retirado do referido conto "O Suave Milagre". Primeiro este. Antes aviso que seguirei as dicas da Professora Secco, substituindo todas as palavras de difícil entendimento da rapaziada. Vejam que a sagaz professora achou fora do esforço de compreensão do povão a palavra "sagacidade", trocando-a por "esperteza". O que dizer, então, destes termos esquisitos usados por Eça no trecho que vou simplificar: Rabi, Obed, debalde,  Chorazin, Moab, Septimus, Hebron, ermo, enxerga, rota; ou uma expressão sem sentido como esta: "nossa dor mora" (o povão sabe que a dor não mora, a dor dói). E é preciso recolocar tudo num contexto mais do nosso dia a dia,  mais familiar. Quando necessário, usarei os preciosos ensinamentos da cartilha "Nóis péga os peixe". Vamos lá, o texto de Eça seguido da minha "simplificação". 


"- Oh filho! e como queres que te deixe, e me meta aos caminhos, à procura do Rabi da Galileia? Obed é rico e tem servos, e debalde buscaram Jesus, por areias e colinas, desde Chorazin até ao país de Moab. Septimus é forte, e tem soldados, e debalde correram por Jesus, desde o Hebron até ao mar. Como queres que te deixe? Jesus anda por muito longe e a nossa dor mora conosco, dentro destas paredes, e dentro delas nos prende. E mesmo que o encontrasse, como convenceria eu o Rabi tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, a que descesse através das cidades até este ermo, para sarar um entrevadinho tão pobre, sobre enxerga tão rota?"




- Ô mô fí! e como tu qué qui te deixe e saia pelos caminhos para procurar o rabino da Galileia? O bedel é rico e tem escravos,  e de  caçarola buscaram Jesus, por areias com minas, desde Chorãozinho até Chororó. Seu time é forte, e tem soldados, e de caçarola foram atrás de Jesus, desde o Bebum até Omar. Como tu qué qui eu te deixe? Jesus tá pra lá de Marrakesh e aqui dentro não tem anador, e tá um calor danado dentro dessas paredes. E se achasse, como convencer o rabino tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, qui nem fazem lá no Brasil pelo Lula, que viesse através do Ministério das Cidades até esse deserto para sarar um aleijadinho tão pobre que não enxerga nem arrota? -


Ficou ruim? então está ótimo. Mas pode ficar pior. Vejam o que consigo fazer com um trecho da introdução do "Brás Cubas" onde o finado usa termos totalmente incompreensíveis,  como "conseguintemente" e "nimiamente" (quem mia é gato e gata no telhado). Vamos lá, o texto de Machado de Assis seguido da minha "simplificação":


"Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro

remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o

que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e
truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário
que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no
outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás
desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo:
se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar,
pago-te com um piparote, e adeus.
Brás Cubas".


- Mas eu ainda espero garanhar as simpatias e vou fazer uma pesquisa de opinião, e o primeiro remédio é fugir pra logo fazer um sexo explícito e longo. O melhor sexo pra logo é o que contém "Contém 1 grama", que é cheirosinho e feito de um jeito no escuro e cutucado. Conseguindo o que tenho em  mente, evito contar o processo extraordinário que lasquei naquela posição que aprendi nas memórias, atrapalhadas cá no ôco do mundo. Seria curioso, mas a gata mia e me deixa tenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: e me agradou muito. Se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, faça pior e pindure no cangote, e adeus.
Brás Cubas, direto de Havana. -


Parece-me que ficou uma excelente porcaria, embora eu esteja ainda treinando e isso seja só um ensaio de ruindade. Ficarei afiado para rebaixar à lama da mediocridade não apenas Machado de Assis e Eça de Queirós, mas tenho também em mira Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e outros romancistas que me fizeram adoecer de inveja (e nem quero falar dos poetas). Vou ficar rico às custas desses pedantes escritores brasileiros que quiseram arrancar os humanos da confortável condição de boçalidade em que o MEC, o Minc e a professora Patrícia Secco os querem manter.

No aprendizado da boçalidade a que me convidam o MEC, o Minc e a professora Patrícia Secco ficarei rico. Todos os escritores citados não perdem por esperar. Pedindo licença a Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, aviso:

"MINHA VINGANÇA SARÁ MALÍGRINA!"