Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A Luz do Mundo

Mensagem natalina de Washington Rocha



(por especial pedido do meu querido irmão Fernando, tenho publicado esse texto todo fim-início de ano, desde 2005)

    
 Caminhava Jesus com seus discípulos quando avistou um cego de nascença. Os discípulos quiseram saber se o infeliz estava pagando os pecados próprios ou os pecados dos pais. Jesus respondeu que nem o cego nem os pais haviam pecado, mas era necessário que naquele sofredor se manifestassem as obras de Deus; e dispôs-se a curá-lo, dizendo: "Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo" (João: 9, 5).    

 Todos nós somos cegos de nascença; não cegos da visão, mas cegos do entendimento. Cegos da visão, alguns. Cegos do entendimento, todos. Não que a razão humana não possa conhecer, mas ela só conhece pelo tato aquilo que melhor conheceria pela vista. A razão humana, a rigor, apenas tateia a verdade; sendo da essência mesma desta nunca se revelar na sua inteireza.    

 Acresce que esta humana razão conhece sempre melhor o que importa menos, e pessimamente o que importa mais. Porque muito mais importa a verdade moral do que a verdade factual, muito mais as verdades interiores do que as verdades exteriores, muito mais as verdades da vida eterna que não vemos do que as verdades da vida efêmera em que vivemos. Por isso foi necessária outra luz, além da luz da razão. Se a razão tudo pudesse entender, não careceria Deus de enviar uma nova luz ao mundo. Desde que apareceu no mundo, há 2014 anos, essa luz aquece e ilumina sem cessar, e seu combustível é o amor.     

A denominação de "mago", na Antiguidade, indicava o sábio, especialmente da mais excelsa sabedoria da época: a sabedoria astrológica. Os três reis magos são, portanto, os três reis sábios.     Estes sábios, ao seguirem a estrela, iam à procura de uma luz nova, uma luz que pudesse iluminar mentes já saturadas de toda ciência, cansadas de muitas procuras, desesperançadas de tantas decepções.     

Eles a encontraram, a luz em botão, na forma de um bebê em uma humilde manjedoura. 

Essa pequenina luz se fez a Luz do Mundo.     

Hoje, neste início de 2014, por mais saturado, cansado e desesperançado que você esteja; essa luz está ao seu alcance. 

Procure-a com o coração.


Washington Rocha


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O PT lançou o melhor nome para o governo da Paraíba. Nadja Palitot é a cara da coragem e a cara do anti-ricardismo, mas não é a cara do PT, não vai sair por aí enaltecendo corruptos, atacando a Justiça e defendendo a censura

O PT da Paraíba surpreendeu ao lançar Nadja Palitot como candidata a governadora em 2014. A mim, pelo menos, surpreendeu. Nadja é recém filiada e está sem mandato. Eu tinha cogitado outros nomes, muito bons: o vereador Fuba e o deputado Anísio Maia. O nome de Nadja é ainda melhor. Lá no excelente WSCOM, o brilhante jornalista Walter Santos tem explicado muito bem a força que ganha a candidatura de Nadja como contraponto à reeleição do governador Ricardo Coutinho.

Com qualquer nome, a campanha será difícil, mas Nadja tem as melhores chances de ir ao segundo turno. A união das oposições no segundo turno será a condição da vitória. Um acordo neste sentido deve ser selado, especialmente entre o PT e o PMDB, entre Nadja e Veneziano.

O fato de Nadja não ser a cara do PT ajuda muito neste momento em que a cara mais exposta do PT é a carranca ensandecida de fanáticos que enaltecem corruptos, atacam a Justiça e fazem campanha pelo restabelecimento da censura (coisa que eles chamam de "controle social da mídia", "marco regulatório" ou mesmo, supremo deboche, "democratização dos meios de comunicação"). A candidata, certamente, não vai sair por aí glorificando petistas corrupto-mensaleiros, defendendo censura com qualquer nome ou esculhambando o STF e difamando o seu digno Presidente o Ministro Joaquim Barbosa.

A minha convicção é que se Nadja Palitot for eleita a primeira mulher governadora da Paraíba fará uma excelente administração, será uma grande governadora. Todavia, talvez não seja uma boa governadora petista. Ela, pelo que conheço dela, não se deixará disciplinar pelo PT. Nadja é independente, indomável. E esse traço de independência que tem marcado sua luta política deve transparecer plenamente na campanha, será um trunfo. Se ela se mostrar submissa à agenda do petismo autoritário, a candidatura naufragará.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Na África do Sul: a ditadura do apartheid, Mandela e a Anistia Ubuntu - No Brasil: o golpe de 1964, a ditadura militar e a Anistia Ampla, Geral e Irrestrita

Na África do Sul, depois de 27 anos encarcerado, isolado, espezinhado, maltratado, torturado; depois de 27 anos Nelson Mandela saiu da prisão para criar uma Nação. Para que naquele território devastado pela injustiça e indignidade do apartheid pudesse surgir uma Nação era preciso escolher entre dois excludentes caminhos: a) o confronto entre os oprimidos (a maioria negra precariamente armada) e os opressores (a minoria branca, que possuía um exército poderoso, treinado para a guerra e acostumado à guerra de repressão); b) a reconciliação.

O primeiro caminho vislumbrava-se terrível; o segundo caminho vislumbrava-se impossível. Pois, Nelson Mandela comandou a realização do caminho impossível. Hoje, quando o mundo chora a sua morte e enaltece o seu exemplo, não escuto uma única voz que o venha recriminar por ter escolhido o caminho da reconciliação e  não o do confronto.

No Brasil, em 1964, um golpe de Estado deu início a uma ditadura militar que perseguiu milhares de brasileiros, que prendeu, torturou e assassinou centenas de brasileiros. Contra essa ditadura ergueram-se rebeldes desarmados e rebeldes armados. O confronto armado foi duro, pelo que veio a ser o seu período apelidado de "anos de chumbo". Sendo que, após sufocada a resistência armada - com os resistentes presos, exilados ou mortos -, gradativamente avolumou-se o clamor popular pelo retorno democrático, dois caminhos apenas se abriam aos defensores da democracia: a) o confronto dos populares desarmados com as poderosas forças armadas da ditadura, retomando-se o confronto sangrento dos "anos de chumbo" em escala multiplicada; b) a reconciliação.

O primeiro caminho vislumbrava-se terrível; o segundo caminho vislumbrava-se possível e lógico, visto que ao avanço do clamor popular por democracia correspondia um refluxo da ditadura pelo processo chamado de  "abertura lenta e gradual'. Os líderes oposicionistas no Congresso e, principalmente, o povo nas ruas decidiram pelo caminho da reconciliação.

Por todos os parâmetros, a reconciliação como caminho de superação da  ditadura militar no Brasil apresentou-se menos problemática do que viria a apresentar-se a reconciliação na África do Sul como superação da ditadura do apartheid.

Pois, se hoje não mais se ouvem vozes contra a política de reconciliação  de Mandela na África do Sul, erguem-se no Brasil vozes contra a política de reconciliação que o povo brasileiro escolheu para superar  a ditadura militar e abrir o processo de reconstrução democrática. Vozes que clamam pelo retorno ao passado, vozes que querem recuperar um confronto superado há mais de três décadas.

A proposta da revisão da Lei de Anistia para punir os crimes dos agentes da ditadura contém elementos de Justiça, mas estes estão embaçados pelo propósito da seletividade. Apenas seriam punidos estes crimes de terrorismo do Estado ditatorial, mas não seriam punidos os crimes de terrorismo revolucionário. Estes, aliás, não serão sequer investigados pela Comissão Nacional da Verdade.

O que, principalmente, falta à proposta de revisão da Lei de Anistia é visão histórica e tirocínio político. Uma coisa e outra, os propagandistas de boa fé da revisão poderiam aprender com Nelson Mandela. Os propagandistas de má-fé nunca querem aprender porque sempre pretendem que suas verdades sejam absolutas.

Mais de uma década após a Lei de Anistia de 1979 ter aberto o caminho da redemocratização no Brasil, foi instalada na África do Sul, em 1995, por determinação do presidente Nelson Mandela e gerenciamento direto do arcebispo Desmond Tutu, a Comissão de Verdade e Reconciliação, que promoveu ampla anistia e nenhuma punição. Essa esplêndida construção política, sem a qual a reconstrução nacional não teria sido possível, chamou-se Anistia Ubuntu.

É possível, e mesmo provável, que a Lei de Anistia brasileira de 1979 tenha sido fonte de aprendizado para os democratas da África de Sul em 1995. Já os que defendem a revisão da Lei de Anistia brasileira para promover justiça retroativa seletiva, não aprenderam com as lições do próprio Brasil nem aprenderam com as lições da África do Sul, de Mandela e do bispo Tutu.

A esquerda revolucionária e revanchista brasileira, que quer retornar à guerra dos "anos de chumbo", argumenta que o exemplo da punição dos torturadores e assassinos da ditadura é necessário, embora não se disponha sequer a fazer autocrítica dos crimes que cometeu; certamente, porque considera que tais crimes, em sendo seus, não são crimes. A esquerda revolucionária arvorou-se a todos os direitos, como muito bem disse Norberto Bobbio: "Inclusive o direito de impunidade que foi sempre a prerrogativa dos soberanos absolutos e dos déspotas".

Eu tenho defendido a Lei da Anistia de 1979 no Brasil. Eu lutei por essa Lei. Lutei por essa Lei junto com milhões de brasileiros. Clamamos pelas ruas e praças de todo o Brasil por Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Na minha cidade, comandei essa luta, na condição de presidente do Comitê Brasileiro de Anistia/secção João Pessoa.

Os propagandistas da revisão escoram-se em verdades inquestionáveis para enfiar na mente dos incautos mentiras insustentáveis.
Eis as verdades: a) a ditadura militar perseguiu, prendeu, torturou e assassinou; b) a esquerda revolucionária combateu a ditadura militar.

Eis as mentiras: a) apenas a ditadura militar cometeu crimes; b) a esquerda revolucionária lutava pela democracia.

Desgraçadamente, a esquerda revolucionária cometeu crimes de terrorismo, com vitimas fatais. Cometeu, inclusive, crimes de "justiçamento", que é o torpe assassinato dos próprios companheiros. A esquerda revolucionária marxista-leninista não fez a luta armada pela democracia, mas para estabelecer a "ditadura revolucionária do proletariado". Isso era ponto de doutrina. A única organização marxista relevante que fez a luta, pacífica, pela democracia, foi o PCB, o Partidão velho de guerra.

A democracia brasileira tem uma agenda difícil para consolidar os direitos de liberdade e fazer avançar os direitos de igualdade. Sendo assim, é lastimável ver que democratas sinceros sejam arrastados de volta ao passado por bolchevistas audaciosos que buscam uma nova oportunidade de confronto revolucionário.

Os marxistas-leninistas têm todo direito de propor a revolução bolchevique, mas é um pouco demais que o façam em nome da democracia cuja destruição é seu primeiro objetivo. E é também um pouco demais que existam democratas sinceros ingênuos ao ponto de se deixarem engabelar por tal artifício.

Os democratas sinceros que aprendam com a Anistia Ubuntu, com o bispo Tutu e com Mandela. Vejam as lições que aqui transcrevo, como singela homenagem ao Madiba, que enfrentou a ditadura do apartheid pela luta armada, mas depois chegou ao entendimento de que o caminho para construir a nova Nação teria de ser o caminho da reconciliação.

Sobre a Anistia Ubuntu - do excelente ensaio de Simone Martins Rodrigues Pinto, Justiça transicional na África do Sul: restaurando o passado, construindo o futuro (www.scielo.br):

"Em 1995, quando a África do Sul pós-apartheid estabeleceu a Comissão da Verdade e Reconciliação, recebeu duras críticas dos ativistas ocidentais por oferecer anistia aos agentes da opressão. Todavia, os procedimentos foram baseados na ideia de justiça restaurativa e não retributiva. Apesar da anistia, o reconhecimento da verdade e a rejeição social dos atos cometidos funcionaram como um processo de reprovação moral. O arcebispo africano Desmond Tutu, um dos maiores defensores das comissões de verdade e justiça, ressaltou que esta visão é baseada não só em ideias cristãs do perdão para aqueles que reconhecem seus erros como também no conceito indígena africano de ubuntu";

"Para ele (Tutu), um justiça nos moldes de Nuremberg não seria possível na África do Sul, porque poria em risco a transição pacífica e negociada. Nenhum lado poderia impor justiça de vencedores, pois nenhum lado teve vitória definitiva: 'Quando os aliados podiam fazer suas malas e voltar para casa depois de Nuremberg, nós da África do Sul temos de conviver uns com os outros'".

Palavras de Nelson Mandela:

"Precisamos lutar continuamente para derrotar esse traço primitivo de glorificação das armas";

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar";

"O ressentimento é como beber veneno e esperar que ele mate seus inimigos";

"Pessoas corajosas não têm medo de perdoar em prol da paz"; 

"Com frequência, revolucionários do passado sucumbiram à ganância e acabaram sendo dominados pela inclinação de desviar recursos públicos para o enriquecimento pessoal. Ao acumular vasta riqueza pessoal e ao trair os objetivos que os tornaram  famosos, eles virtualmente desertaram do povo e se juntaram aos antigos opressores, que enriqueceram impiedosamente roubando dos mais pobres dos pobres";

Durante a minha vida inteira eu me dediquei a lutar pelo povo africano. Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Eu celebrei o ideal da democracia e da sociedade livre, que todas as pessoas vivam em harmonia e com oportunidades iguais. Isso é um ideal que eu espero viver para conseguir. Mas, por Deus, também um ideal pelo qual eu estou preparado para morrer".

"Sempre parece impossível até que seja feito";

"Perdoem. Mas não esqueçam!".



segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

"TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS, MAS ALGUNS ANIMAIS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OS OUTROS": os bichos de George Orwell e os bichos do PT

A turma barra-pesada do petismo falcônico-dirceuzista defende intrepidamente a corrupção, mas só quando a corrupção é praticada por petistas graúdos. Corrupção de adversários, os petistas sempre atacaram ferozmente. Corrupção de aliados ou de petistas menores merecem deles apenas um apoio enfadado, de ocasião e conveniência. Mas, para o bolche-fascismo falcônico-dirceuzista, o maior de todos os crimes já praticados no Brasil foi o julgamento, condenação, sentenciamento e prisão de alguns daqueles que o Lula da Silva chama de "altos companheiros".

Esse termo, "altos companheiros", é uma genial contribuição de Lula da Silva para a "novilíngua petista", uma perfeita tradução daquela ideia expressa por George Orwell em "A Revolução dos Bichos" de que "todos os bichos são iguais", mas os chefes-porcos "são mais iguais".

Elevar o Partido (e, consequentemente, os chefes que falam pelo partido) acima do Estado, da Justiça e da Moral foi uma  invenção bolchevista de primeira hora, coisa engendrada pelo chefe Lênin, que prosperou com Stalin, mas também com Trotski. Este, aliás, escreveu uma das mais indecorosas obras da história do pensamento axiológico para demonstrar porque é e porque deve ser assim. Esse texto indecente tem já  um título de confronto: "Nossa Moral e a Deles". A "nossa moral", no caso a moral bolchevista, extensa e profundamente meditada por Trotski, resume-se à seguinte indecência: mediante a autoridade do Partido, pode-se e deve-se fazer tudo: mentir, roubar, matar e tudo mais que seja necessário ao êxito revolucionário. É espantoso, mas é assim mesmo. Quem duvidar, leia o livro.

Porém, melhor do que ler o livro de Trotski será ler os livros com que George Orwell desconstrói a utopia marxista-leninista: o já referido "A Revolução dos Bichos" (Animal Farm) e "1984" (Nineteen Eighty-Four). No primeiro, fica demonstrado como o processo revolucionário porco-bolchevista reduziu o ideal da igualdade de todos os animais à tirania dos chefes-porcos sobre todos os outros animais. O segundo estampa o sufocamento de toda liberdade em um período mais avançado do processo revolucionário bolchevista (o livro foi escrito em 1949): o totalitarismo no mais alto estágio, onde todos são permanentemente vigiados, monitorados, controlados e escravizados pelo Big Brother (às vezes, eu penso que pior que o Big Brother imaginado por Orwell só os vários tipos de Big Brother que passam hoje na TV - num e noutro caso, é muito melhor a morte). Na ficção "1984", os chefes totalitários criam a "novilíngua", que consiste em  uma espécie de linguagem "politicamente correta", onde se usam eufemismos para esconder verdades ruins, muitas vezes com inversão total do termo. Exemplos: o ministério encarregado de prender, interrogar, torturar e assassinar é denominado Ministério do Amor; o ministério encarregado de propagar mentiras é denominado Ministério da Verdade.

Que eu saiba, a turma do bolche-fascismo brasileiro ainda não cogita instituir o Ministério do Amor, mas o Ministério da Verdade é um projeto em andamento, a ser deslanchado com o estabelecimento da censura, chamada por eles de "controle social da mídia", "marco regulatório", "democratização dos meios de comunicação" e outros termos de novilíngua.

Com o julgamento, condenação e prisão de 3 petistas corrupto-mensaleiros (um outro fugiu para a Itália; ainda outro espera a prisão sentado na cadeira de deputado), os falcônicos-dirceuzistas entraram em ebulição. Quando isso acontece, os pendores bolchevistas represados pela convivência forçada com a "democracia burguesa" fazem valer seu domínio e a novilíngua escorre como larva de suas bocas: os criminosos julgados, condenados, sentenciados e presos pela Justiça da Democracia brasileira são chamados de "heróis".

A corrente falcônico-dirceuzista do petismo está em aberta campanha contra as instituições democráticas, notadamente contra a Justiça e contra a Liberdade de Imprensa. Uma das armas dessa campanha é a "novilíngua", que também se pode dizer "linguagem de porco".

Não creio que tal campanha pró-corruptos e liberticida prospere. Os chefes falcônicos-dirceuzistas estão dispostos, aguerridos, muito empenhados e contam com um número expressivo de apoiadores entre os militantes do PT, partidos satélites e na mídia. Mas não contam com a massa do partido nem com massa nenhuma. Para que pudessem arrastar a sociedade, seria preciso que arrastassem primeiro o próprio partido. Recente pesquisa indica que em todo o Brasil é amplo a aprovação às decisões do STF e à execução dessas decisões. Esse apoio é de cerca de 80%; e, surpreendentemente, é ainda maior entre os filiados do PT.

Não, essa campanha mistificadora e mentirosa não vai prosperar. Desde que não se deixe que os mistificadores e mentirosos fiquem falando sozinhos. Linguagem de porco é uma  baba venenosa, tem de ser combatida com o contraveneno da verdade.





sábado, 23 de novembro de 2013

Os bolchevistas da Papuda: coitados; nem na prisão eles são livres

Na prisão, restringido das liberdades usuais de ir e vir, de tomar banho de mar onde tiver mar, de estar no aconchego da família ou de sair para as baladas da noite; parece-me que o presidiário ganha certa liberdade moral: tem que dar satisfações técnico-jurídicas ao sistema carcerário, mas se colocou fora do alcance da disciplina nossa de cada dia aqui do lado de fora: disciplina imposta pela esposa Dona Encrenca (ou pelo marido machista), pela sogra, pelo patrão, pelos vizinhos, pela opinião pública, etc. Para o preso, via de regra, valem as regras da  prisão, Deus (se acreditar em Deus) e sua solitária consciência. Todavia, Deus do Céu!, segundo notícias recentes, os mensaleiros presos na Papuda já estão submetidos à disciplina do chefe bolchevista Zé Dirceu.

O bolchevismo promove dois tipos de servidão: 1) a servidão de toda a sociedade submetida pelos chefes bolchevistas ao regime totalitário; 2) a servidão voluntária do próprio bolchevista à feroz disciplina partidária.

Disciplina requer chefe que a imponha. Por isso mesmo, os bolchevistas não vivem sem um tirano, sem um ídolo; como Lênin, como Stálin, como Mao. O bolchevista verdadeiro entrega sua vida à causa, cujos caminhos são indicados pelo Partido. Partido este que é iluminado pelo "guia genial". Eles, os bolchevistas, acham isso lindo. No bolchevismo é assim: o sujeito é  chefe ou é servo.

Voltemos ao caso dos bolchevistas da Papuda. Zé Dirceu, todos sabem que é chefe. Delúbio, está na cara que é servo, tem vocação para a servidão, já deu declarações comoventes de sua dedicação incondicional à causa e ao Partido (Partido pelo qual fará qualquer coisa; além das que já fez). Genoíno, que não terá tanta vocação para servo quanto Delúbio, creio que seu desespero para sair da Papuda e ficar em prisão domiciliar será menos pelo coração e mais para escapar do jugo de Zé Dirceu. Quanto a Jacinto Lamas (que nome de lascar pra um corrupto, né não?) e Romeu Queiroz, estes são só companheiros de mensalão, não são companheiros de PT e não são bolchevistas; não vão se adaptar de jeito nenhum. Só um autêntico bolchevista suporta a férrea disciplina bolchevista. Lamas e Queiroz haverão de antes preferir a morte.

Tem uma bela palavra do Mahatma Gandhi sobre a Liberdade:

"A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. A Liberdade é uma questão de consciência".

O bolchevista, coitado, aonde for, até na cadeia, carregará consigo a sua servidão voluntária.

Outros mensaleiros estão prestes a serem despachados para a Papuda. Ruim mesmo não será o regime fechado ou semi-aberto, insuportável será a tirania do chefe bolchevista Zé Dirceu. Ninguém merece. Quer dizer, talvez esses corruptos mereçam.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Punhos erguidos contra a democracia. Ou: o PT não está, não pode estar, não deve estar e não estará acima da Lei

Lá atrás, quando era oposição, o PT combatia a corrupção. No poder, esse combate foi relativizado. O PT aliou-se a políticos anteriormente estigmatizados, pelo próprio PT, como exemplos máximos de corrupção. E também - como acaba de ser provado, comprovado, julgado, condenado e sentenciado - o PT meteu-se em corrupção, sendo o mensalão o caso emblemático. Todavia, o PT manteve-se sempre implacável com os corruptos seus adversários. Surpreendentemente, porém, se o corrupto for do próprio PT, não será criticado e nem expurgado; será glorificado. É impressionante: os intelectuais marxistas do PT conseguem demonstrar, pela lei dialética da "negação da negação", que ladrão, em sendo do PT, é herói, não é ladrão.

O que se encontra por trás dessa extravagância ridícula é algo tenebroso: o FANATISMO. Fanatismo que produz a sanha autoritária que coloca o partido acima do Estado, da Lei, da Justiça, dos juízos de Racionalidade e de todas as evidências da Verdade. Historicamente, tem sido essa a regra tanto para os partidos da esquerda autoritária (bolchevista) quanto para os partidos da direita autoritária (nazi-fascista).

Presos por corrupção, os chefes petistas José Dirceu e José Genoíno erguem o punho; um grupo de fanáticos petistas repete o gesto. Tal gesto remete a revolução e rebeldia. No caso presente, é uma pantomima. Lá mais atrás, nos "anos de chumbo", Dirceu e Genoíno foram revolucionários: ergueram punhos e armas contra a ditadura militar. Hoje, denunciados, indiciados, julgados e condenados na vigência plena do Estado Democrático de Direito, só podem estar erguendo os punhos contra a Democracia.

Delúbio Soares não foi herói nos "anos de chumbo", mas imbuiu-se do espírito de martírio típico dos heróis. Ele dará a vida pelo partido, no qual supõe toda a autoridade do mundo. É comovente. Nem por isso o tesoureiro do mensalão será menos corrupto.

Henrique Pizzolato, o petista que fugiu para a Itália, nem foi herói nem tem espírito de sacrifício, mas tentou soar heroico, em uma carta de cretinice alarmante. Vejam um trecho:

"Por não vislumbrar a mínima chance de ter julgamento afastado de motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi consciente e voluntariamente fazer valer o meu legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial...". 

A condenação desse bravo amante da liberdade se deu com placar de 11 a 0 (onze a zero) pelos crimes de corrupção passiva e peculato e 10 a 1 (dez a hum) pelo crime de lavagem de dinheiro. Isso em um STF cuja maioria de juízes foi indicada pelo presidente petista Lula e pela presidenta petista Dilma. Curiosamente, o votinho de absolvição que Pizzolato teve no caso da lavagem de dinheiro foi dado por um ministro indicado pelo presidente Collor de Mello, o Marco Aurélio. Quer dizer, então, que Lula e Dilma escolheram a dedo ministros dispostos a prejudicar Henrique Pizzolato? Como se explica esse ódio de Lula e Dilma ao pobre Pizzolato?

José Dirceu também divulgou uma carta, da qual destaco dois trechos:

"... a cobertura da imprensa foi estimulada e estimulou votos e condenações, acobertou violações dos direitos humanos e garantias individuais..."; "... serei preso político de uma democracia sob pressão das elites..".

Dirceu diz isso como se o PT não tivesse espaço na imprensa. Mas o PT tem largo espaço na imprensa desde o tempo em que era oposição. Saber usar muito bem esse espaço foi, aliás, uma das condições para chegar ao poder. Sendo que o PT tem imenso espaço na imprensa (mídia em geral), o que se pode entender da fala de Dirceu é que o que o PT quer não é mais espaço, mas todo o espaço; quer submeter toda a mídia ao seu comando. A democracia brasileira estar sobre pressão das elites é possível, porque é natural de toda democracia ser submetida a pressões: das elites, dos trabalhadores, dos estudantes, dos movimentos sociais, dos excluídos, das classes médias, dos intelectuais, dos artistas, dos desempregados, etc. O que não falta, nem deve faltar, em democracia é pressão. Mas por que a democracia durante o governo do PT seria especialmente sensível à pressão das elites? Por que Lula e Dilma escolheriam tão zelosamente para o STF ministros predispostos a se submeterem aos interesses das elites? Também será difícil entender que seja preso político alguém que em plena vigência de regime democrático é preso por corrupção. Todavia, se for realmente o caso, o Brasil já tem o preso político deputado Natan Donadon. Já teve também o preso político ex-governador José Roberto Arruda, que passou uns tempos na Papuda. Até o Paulo Maluf foi preso político por breve temporada.

A corrupção do mensalão foi uma corrupção maior do que as outras, com objetivos estratégicos de poder, porém, essencialmente, corrupção vulgar. Os punhos erguidos de Genoíno e Dirceu na chegada à PF paulista foram uma tentativa de usar um heroísmo passado - de punhos erguidos e armas em punho - para envernizar a madeira podre da corrupção medíocre de hoje. Da mesma forma, a reivindicação da condição de preso político. Essa heroica condição se contrapõe à deprimente condição de corrupto preso. E eles têm direito a essas ilusões.

Os revolucionários marxistas-leninistas dos "anos de chumbo" eram tão idealistas e destemidos quanto eram violentamente autoritários. Uma perspectiva que se abre ao desespero dos chefes petistas presos é arrastar o conjunto dos militantes ao caminho do velho autoritarismo revolucionário para impor a versão do partido contra as evidências da Verdade, contra os juízos de Racionalidade, contra a Justiça, contra a Lei e contra o Estado Democrático de Direito.

É uma aventura perigosa; e é, para os fanáticos, uma tentação.



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A Festa da 5ª edição da ROCHA 100 - Revista 100 Fronteiras. Polêmica reaberta: revisar Lei da Anistia é veneno contra a democracia



ROCHA 100 - Revista 100 Fronteiras chegou à sua 5ª edição com grande festa no Restaurante do Arruda, aprazível recanto da praia do Bessa, em João Pessoa-PB. Dentre outras, registramos as seguintes presenças: Leôncio Vilar, o Embaixador do Abacaxi; casal Manoel e Lourdes Von Sohsten; casal Romeu e Cláudia Carvalho; secretária de Finanças/PB Aracilba Rocha; deputado Genival Matias; assessor parlamentar Joca Holanda; médico José Ricardo de Holanda Cavalcanti; engenheiro José Alves da Rocha; Professor Fernando Alves da Rocha; Professora Nazaré; militante marxista e ex-preso político anistiado José Calistrato Cardoso;  militante marxista e ex-preso político anistiado Martinho Campos; jornalista Rafael Freire; geógrafa Janete Lins Rodriguez, diretora do Museu da FCJA; advogado e historiador Waldir Porfírio, membro da Comissão da Verdade/PB; Paulo Giovanni, presidente da Comissão da Verdade/PB... muita, muita gente. Todos muito bem recebidos pelos anfitriões Arruda, Arrudinha e Madame Arruda.

A revista, editada pela Sal da Terra, com tiragem de 5 mil  exemplares, está também disponível eletronicamente em www.portal100fronteiras.com.br

Esta 5ª edição traz um reportagem muito importante sobre a atuação da Comissão da Verdade da Paraíba, enviada pelo diligente advogado e historiador Waldir Porfírio. E dá continuidade à polêmica da revisão ou não da Lei da Anistia. Martinho Campos e José Calistrato tomam posição pela revisão da Lei, eu tomo posição contra a revisão da Lei. Na verdade, apenas reproduzi, com alguns acréscimos, um post que já havia publicado aqui, o qual, por sua vez, reproduz trechos do meu livro "A Comissão e a Verdade - Sobre Anos de chumbo e Anistia". Segue o post reformulado, ou seja, o artigo, tal e qual publicado na ROCHA 100 - Revista 100 Fronteiras. 


Anistia Ampla, Geral e Irrestrita foi conquista do povo brasileiro:
revisar a Lei da Anistia é veneno contra a democracia


Martinho Campos e eu fomos convidados pela Comissão da Verdade da Paraíba para prestar depoimento sobre as perseguições sofridas durante a ditadura militar, nos “anos de chumbo”. Prestamos tal depoimento no dia 19 de setembro, pela manhã, na Associação Paraibana de Imprensa, a velha API de tantos debates e embates, de tantos eventos históricos, que tanto tem servido à Democracia e à Liberdade. Martinho foi um destacado dirigente do PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista), tendo participado das lutas camponesas na Paraíba e outros estados do Nordeste ainda antes de 64. Foi preso em 1963, e várias outras vezes depois do golpe militar. Foi seguidamente torturado. Aos 71 anos, no que pese os cabelos brancos, Martinho demonstra vigor e ânimo juvenis. Seu depoimento, circunstanciado e minucioso, foi pungente. Na ocasião, aliás, recebi de Arthur Cantalice uma sugestão que repasso à Comissão da Verdade: depoimentos como esses deviam ser feitos, também, perante plateias maiores, em colégios e universidades, por exemplo.

Não irei refazer aqui o depoimento que fiz lá, vou apenas dar prosseguimento a uma polêmica antiga reaberta pelo meu depoimento: a revisão da Lei da Anistia. Eu sou contra e já escrevi um livro sobre o tema, que agora retomo. Do meu depoimento, farei apenas um pequeno registro, como forma de agradecimento.

Comecei por dizer que parte de  minha trajetória estava na plateia: minha irmã Lourdinha, na época universitária de Filosofia, minha confidente e que acompanhou as angústias da minha família em face das perseguições que rotineiramente eu sofria; Arthur Cantalice, meu professor no Liceu Paraibano, intelectual brilhante, destemidamente solidário com os estudantes; José Emilson Ribeiro, companheiro meu de lutas no movimento estudantil e no PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário); José Calistrato Cardoso, companheiro meu na luta pela Anistia, eu nas ruas de João Pessoa, ele na prisão de Itamaracá. Registro também a competência, desvelo e tenacidade do advogado Waldir Porfírio nos trabalhos da Comissão da Verdade da Paraíba. Feito o registro, vamos à polêmica.

Declarei minha posição contra a revisão da Lei da Anistia sabendo que, naquele ambiente, estaria amplamente minoritário. Com efeito, o sentimento pela revisão da Lei da Anistia é amplamente majoritário no âmbito das Comissões da Verdade, das inúmeras Comissões da Verdade criadas na esteira da Comissão Nacional da Verdade. É tão majoritário nesse âmbito quanto minoritário é no conjunto da sociedade. O povo brasileiro, que no distante ano de 1979 ocupou as ruas do Brasil clamando por Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, ficou bem feliz e comemorou a vitória quando da edição da bendita Lei. Comemoração que se estendeu por meses a fio, que se renovava a cada momento em que era libertado um prisioneiro político, a cada momento em que voltava um exilado. Enfim, todos os prisioneiros políticos foram libertados, todos os exilados voltaram. Essa Lei de Anistia abriu para nós o caminho da redemocratização. Essa Lei de Anistia foi das mais benéficas da história do Brasil e da história da democracia no mundo. Pretender sua revisão depois de mais de três décadas é um despropósito. Eu escrevi um livro sobre esse despropósito, portanto, limito-me agora a indicar o livro aos interessados. O título é"A Comissão e a Verdade - sobre 'anos de chumbo' e Anistia"; e está disponível em www.portal100fronteiras.com.br. Entendo que a revisão da Lei da Anistia possa se justificar à luz dos interesses do marxismo-revolucionário, que protagonizou a luta armada contra a ditadura militar. Todavia, à luz dos interesses da democracia, não se justifica; e no meu livro explico porque. Acho mesmo que a revisão da Lei da Anistia é veneno para a democracia, e espero que meu livro seja uma espécie de contraveneno. Para atiçar a curiosidade dos leitores, cito alguns trechos:

"No Brasil, em 1979, a exigência de punição dos agentes da ditadura colocaria em risco a transição pacífica e negociada. A prudência - que em grego se diz 'phrónesis', e foi elevada por Aristóteles à condição de máxima virtude política - prevaleceu; e o povo, ainda mais que os seus líderes, optou pela transição pacífica e negociada. Querer, mais de trinta anos depois, invalidar retroativamente uma negociação concluída e frutificada, é um despropósito". 

"A campanha pela revisão da Lei de Anistia tem dupla matriz: a) um sentimento de justiça; b) um oportunista projeto político-ideológico de retomar o confronto; ou seja, revanche: estando agora a esquerda em condições de vantagem".

"A esquerda revanchista, defensora da revisão da Anistia, não quer resgatar a verdade, quer recuperar os tempos e a guerra. Se conseguir, pode vencer a guerra, e implantará uma ditadura revolucionária. Mas pode também perder a guerra, com a possível sobrevinda de uma ditadura contrarrevolucionária. De uma ou de outra forma, a democracia perderá".

"As organizações marxistas revolucionárias (bolcheviques) que fizeram o enfrentamento armado com a ditadura militar não lutavam por democracia, mas pela implantação de uma ditadura revolucionária, dita "ditadura do proletariado".

"'XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu': Deverá o furor da justiça retroativa sobrepor-se à letra da Constituição Soberana? Deverá a Lei da Anistia ser revisada para punir exemplarmente agentes do Estado ditatorial que torturaram e assassinaram? Ou para punir exemplarmente militantes revolucionários cujo acendrado idealismo os levou a cometer crimes de terrorismo naqueles longínquos 'anos de chumbo'? Não será possível abominar a tortura e o terrorismo sem essas tardias punições exemplares? Não terá o amor à democracia nos ensinado a abominar todas as ditaduras - de direita e de esquerda -, e não apenas determinadas ditaduras?"

"Todavia, pensar que, uma vez revisada a Lei de Anistia, seja possível punir outros crimes mas não esses; tal pensamento seria um aviltamento dos juízos e uma afronta à memória dessas vítimas. Nem por serem poucas serão indignas. Que se chorem as vítimas da ditadura, que se as lembrem, que se as honrem, que em nome delas se peça reparações. Porém: Márcio, Carlos Alberto, Francisco Jacques, Salatiel; e ainda outras vítimas inocentes da esquerda revolucionária? Não se deverá chorar por elas? Não merecem ser lembradas? Não merecem honra? Não haverá quem, em nome delas, peça reparações?".

No meu livro, cito, dentre outras, esta lição de Norberto Bobbio: "Agora que a esquerda revolucionária reconheceu os direitos da liberdade, quer todos os direitos, e imediatamente. Inclusive o direito de impunidade que foi sempre a prerrogativa dos soberanos e dos déspotas"

Não é digno, não é decente o clamor por justiça seletiva. Se querem a verdade, as Comissões da Verdade não podem investigar os crimes da ditadura com uma mão e esconder os crimes da esquerda revolucionária com a outra. Da parte da democracia, interessa que o relatório da Comissão Nacional da Verdade seja inteiramente verdadeiro. Assim sendo, servirá para afastar do horizonte da Pátria a sombra das práticas de crimes de terrorismo de Estado e a sombra das práticas de crimes de terrorismo revolucionário. E afastar a sombra de todas as ditaduras: de direita ou de esquerda, nazi-fascista ou bolchevista, dos militares ou do proletariado.

domingo, 3 de novembro de 2013

Deus Seja Louvado por termos Rachel Sheherazade - ou a intolerância dos laicistas nanicos "politicamente corretos" - ou, ainda, a intolerância liliputiana de abaixo-assinados para demitir jornalistas

No Portal 100 Fronteiras está reproduzido um excelente post do Blog de Reinaldo Azevedo sobre a âncora do SBT Brasil, de quem o ex-presidente Lula não gosta. E ele tem razão para não gostar. A paraibana Rachel, nascida em João Pessoa, é mesmo uma mulher das Arábias, do Oriente, do outro mundo: a nossa Sheherazade não tem medo das patrulhas lulo-petistas e diz o que pensa. Bendita coragem. E louvemos a Deus por termos ainda no Brasil quem não tenha medo de  patrulhas político-ideológicas.

Não que eu concorde em tudo com o que pensa e diz a Rachel; mesmo porque, em tudo, eu não concordo nem comigo mesmo. Mas ela diz com força de convicção e argumenta com segurança. Ainda por cima, a moça é bonita que faz gosto. Deus Seja Louvado!

Essa frase - Deus Seja Louvado! - é, aliás, o assunto de um dos comentários da Rachel nos vídeos apresentados no texto de Reinaldo Azevedo.  Vejam só: em 2012 o Ministério Público Federal requereu na Justiça o expurgo da bendita frase das cédulas de real. Fez isso alegando o princípio da laicidade do Estado. Segundo a Procuradoria, a inscrição da frase nas cédulas atentaria "contra os princípios da igualdade e da não exclusão de minorias". Um procurador lá, especialmente obtuso ou escandalosamente cínico, afirmou que a medida visava "proteger a liberdade religiosa de todos os cidadãos". Putaquipariu! Tem de ser muito imbecil para achar que o nome de Deus numa cédula atenta contra a liberdade religiosa de alguém. Pois, a Rachel, no referido vídeo, passa um sabão em regra na laicidade fajuta e termina por concordar com o ex-presidente José Sarney: "É coisa de quem não tem o que fazer".   

Foi o então presidente Sarney quem, em 1986, ordenou a  inclusão da frase nas cédulas. Fez muito bem. E outra coisa boa que tem o Sarney, é que cultiva o Padre Antônio Vieira. Quem gosta de Vieira, só por isso já será perdoado de muitos pecados.

Os laicistas brasileiros que brigam para arrancar uma frase de uma cédula são movidos por uma feroz imbecilidade, aquela da doutrina do "politicamente correto", que, a pretexto de salvar o mundo, não hesitará em levar os habitantes do mundo para o inferno. O Estado laico é um fundamento da Democracia. O filósofo cristão Iremar Bronzeado remete este fundamento ao enunciado de Jesus: "A César o que é de César e a Deus o que é de  Deus". A democracia é fundamentada não apenas em leis, mas também na história, costumes e tradições. O nome de Deus em uma cédula não ameaça a democracia; o fanatismo, sim. A democracia norte-americana, por exemplo, talvez não sobreviva à espionagem do Obama, mas nunca foi ameaçada pela inscrição do nome de Deus nas cédulas de dólar: "In God we trust" ("Em Deus nós confiamos"). Também não sei se existe algum ateu tão fanático a ponto de deixar de receber notas de dólar ou real por ojeriza ao nome de Deus.

Arremeter contra o nome de Deus numa cédula remete a tradições de intolerância e fanatismo, não a tradições democráticas. Os intolerantes perseguem tudo o que os incomoda, os fanáticos brigam por qualquer motivo. Na sátira de Jonathan Swift, em "As aventuras de Gulliver", lá na ilha de Lilliput, país de nanicos, os nanicos fanáticos pontagrossenses entram em guerra com os nanicos fanáticos pontafinenses por discordarem por qual das pontas se deve quebrar o ovo. Os laicistas fanáticos, moralmente nanicos, querem negar uma tradição secular do povo brasileiro e abrir uma guerra de intolerância contra imagens e símbolos cristãos. Já conseguiram arrancar crucifixos de paredes e não sossegarão enquanto não implodirem o Cristo Redentor. Sempre com as melhores intenções, sempre conforme à doutrina "politicamente correta", que tem sido o melhor estrume das mentes vagabundas neste início de terceiro milênio.

Voltando a Rachel Sheherazade, ela trabalhava na filial pessoense do SBT e foi levada por Sílvio Santos para a matriz justamente pela repercussão de um desses seus comentários arrasadores. De lá pra cá, em umas 1001 noites de SBT Brasil, ela tem incomodado muita gente ruim e muita gente besta. Não é de estranhar que tenha quem queira vê-la no olho da rua. Tem até abaixo assinado de ativistas patrulheiros exigindo a demissão da moça.

Parêntese: fazer abaixo assinado exigindo demissão de jornalistas por questões de opinião é de uma intolerância nauseabunda; coisa típica de nanicos liliputianos.

Mas haverá de ter também quem exija a permanência da jornalista no seu emprego; e é o público, o público em geral, não este ou aquele setor ou grupo organizado. Não pelas opiniões da jornalista, mas porque ela tem o direito de ter opiniões e, em sendo profissional da  comunicação, tem o dever de expressá-las. Sem ter medo de patrulhas, é apenas ao público e à sua consciência que Rachel Sheherazade tem servido. E é isso que lhe compete, é isso que a honra.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Saulo, por que me persegues?: A Paixão Judaica e o Caminho de Damasco

Eu sou cristão e, até por ser cristão, abomino racismos. Sendo cristão, por isso mesmo, tenho profunda estima e admiração pelo povo hebreu, também chamado israelita e depois chamado de judeu; isso porque, havendo sido dispersas as tribos de Israel, restou forte a tribo de Judá. Jesus é de Judá, descendente direto do grande rei Davi.

De toda variada forma de hostilidade, uma das que mais me abismam é o anti-semitismo/anti-judaísmo por parte de cristãos; sendo Jesus Cristo judeu. E também Nossa Senhora e São José são judeus; e os 12 Apóstolos. Dos Evangelistas, Lucas, que não estava entre os 12, possivelmente era grego; os outros três eram judeus. O Apóstolo dos Gentios, aquele Saulo de Tarso - que, em se tornando Paulo, levou o cristianismo para além dos círculos judaicos -, era judeu. Ademais, os cristãos consideram sagrado não apenas o Novo Testamento, que conta a vida de Jesus, mas também o Velho Testamento, escrito por judeus e que conta a história do povo judeu. Isso, aliás, todo cristão sabe. Como, então pode haver um cristão ante-semita/anti judeu? Eu escrevi um ensaio sobre essa minha perplexidade; consta do primeiro livro que publiquei, intitulado "No Coração de Antígona". Posteriormente, encontrei algumas respostas à minha perplexidade no livro "História dos Judeus", de Paul Johnson. Este esplêndido livro me foi presenteado pelo meu amigo historiador Marcus Odilon, o qual diz, com razão, que o cristianismo é "uma dissidência do judaísmo". Eu aconselho vivamente a leitura desse livro, cujo autor, aliás, é cristão. Recorrendo a Paul Johnson, veremos com maior facilidade a grandeza incomensurável da contribuição dos judeus para a nossa Civilização Ocidental Helênico-Judaico-Cristã. Contribuição realizada tanto como povo como por indivíduos oriundos deste povo, mas assimilados em outras culturas. Com efeito, em qualquer campo do saber os judeus se destacam. Quando é o caso, destacam-se, inclusive, em campos opostos. Exemplo: os judeus tiveram um excepcional papel na construção do capitalismo moderno; ao mesmo tempo, tiveram insuperável destaque no movimento socialista internacional, muito especialmente no marxismo.

Como ilustração do papel dos judeus na Civilização, apresentamos algumas listas com judeus proeminentes:

Na Filosofia:
Fílon de Alexandria - Maimônides - Baruch Spinoza - Moisés Mendelssohn - Karl Marx - Henri Bergson - Ludwig Wittgstein - Emmanuel Levinas - Hanna Arendt - Walter Benjamim.

Na Ciência:
Sigmund Freud - Albert Einstein (Nobel de Física) - Niels Bohr (Nobel de Física) - Albert Sabin (Nobel de Medicina) - Hans Krebs (Nobel de Medicina) - Aaron Klug (Nobel de Química) - Rita Levi-Montalcini (Nobel de Medicina) - Gustav Hertz (Nobel de Física) - Gertrude Elion (Nobel de Medicina) - Rosalyn Sussman Yalow (Nobel de Medicina).

No Cinema/atores:
Elizabeth Taylor - Yves Montand - Charles Bronson - Harrisson Ford - Dustin Hoffman - Kirk Douglas - Michael Douglas - Peter Sellers - Paul Newman - Barbara Streisand.

No Cinema/diretores:
Charles Chaplin - Jerry Lewis - Woddy Allen - Sergei Eisenstein - Fritz Lang - Steven Spielberg - Stanley Kubrick - Alfred Hitchcock - John Huston - Billy Wilder.

Na Música:
Félix Mendelssohn - Gustav Mahler - Leonard Berstein - Yhehudi Menuhin - Arnold Schoenberg - George Gershwin - Bob Dylan - Paul Simon - Anton Rubinstein - Max Bruch.

Na Literatura:
Heirich Heiner - Marcel Proust - Franz Kafka - Paul Heyse (Nobel) - Boris Pasternak (Nobel) - Saul Bellow (Nobel) - Nadine Gordimer (Nobel) - Nelly Sachs (Nobel) - Elias Canetti (Nobel) - Gabriela Mistral (Nobel).

Na Política:
Benjamim Disraeli - Ferdinand Lassale - Eduard Bernstein - Rosa de Luxemburgo - Karl Kautsky - Leon Trotsky - Léon Blum - Daniel Cohn-Bendit - Theodor Herzl - Golda Meir.

Judeus brasileiros:
Sílvio Santos - Dina Sfat - Bussunda - César Lattes - Jacob Gorender - Juca Chaves - Clarice Lispector - Luiz Felipe Pondé - Cora Rónai - Tarso Genro.


Listas de judeus famosos são extensas e divulgadas não só por judeus, mas também por anti-semitas; estes fazem tal divulgação como prova de que os judeus articulam um plano para dominar o mundo. Essa é, aliás, uma propaganda anti-semita antiga, que já rendeu a célebre falsificação "Protocolos dos Sábios do Sião". Hoje, o principal objetivo dos anti-semitas é destruir o pequenino e bravíssimo Estado de Israel.

Cheguei ao fim do introito, necessário, porquanto falo do ponto de vista de um cristão declaradamente amigo do povo judeu; um povo milenarmente perseguido, ainda hoje perseguido.

A Paixão Judaica, a que me refiro no título, é um projeto teatral de WJ Solha. Foi apresentado à Funjope (Fundação de Cultura de João Pessoa) quando o Praefectus da capital da Paraíba era Ricardus e na Funjope mandava um César, o Chicus. É o melhor projeto teatral concebido no Brasil em décadas. De início, foi aceito pelo Ricardus e pelo Chicus; depois, por politiquices eleitoreiras, foi censurado, vetado e crucificado.

Depois que teve seu projeto vetado pela Funjope, Solha o publicou no site Eltheatro - mantido pelo saudoso teatrólogo Elpídio Navarro, e que foi o melhor site de cultura do Brasil -. Uma coisa impressionante: pela concepção dramática, pelos figurinos, pelas locações. Imaginem: o Ponto de Cem Réis, centro de João Pessoa, representa Jerusalém ocupada pelas tropas romanas do Imperador Tibério César, e lá no alto do Paraíba Palace Hotel um imenso retrato do Imperador, que é... Hitler. E muitos símbolos romanos erguem-se opressores pela praça, são as... suásticas nazistas. Com efeito, faz um poderoso efeito. O que se pretende, obviamente, é demonstrar que ao tempo dos acontecimentos narrados nos Evangelhos, Jerusalém estava submetida a odiosa opressão. O drama é elaborado de um ponto de vista judaico. E esse ponto de vista me comove, como cristão.

No meu ensaio já referido, refutei uma das alegações que sustentam a hostilidade de cristãos para com judeus; esta: "Os judeus mataram Jesus". Essa é uma das generalizações mais perversas da história. E é insustentável. Vejam: sendo Jesus Cristo judeu, tendo passado toda a sua vida entre judeus, tanto os que o amaram quanto os que o odiaram teriam de ser judeus.

Judeus do Sinédrio, fariseus, zelosos quanto à letra da lei mosaica e ciosos da autoridade do Templo, agiram para destruir o movimento dissidente liderado por Jesus. Nesse mesmo Sinédrio, havia judeus que amavam a Cristo, como foi o caso de Nicodemos e de José de Arimateia. No julgamento de Cristo, numa multidão ocasional, uma maioria de judeus preferiu Barrabás a Jesus. Alguns dias antes, outra multidão de  judeus recebera Cristo com festa e júbilo, na entrada triunfal do Rabi de Nazaré na capital da província. A execução de Jesus Cristo se deu por decisão da autoridade romana, mas não foram os romanos que mataram Cristo; nem eles são disso acusados. Mas os judeus foram, e são, acusados.

Vejam ainda - e parece-me que é isso que o drama pensado por Solha deixará insofismável quando for encenado -: os rebeldes nacionalistas judeus, chamados zelotes, tinham lá suas razões para preferir Barrabás a Cristo, pois Barrabás seria também um zelote, e dos mais destemidos. Os muitos judeus que amavam a Cristo seriam de índole mais pacífica e tímida; dificilmente conseguiriam enfrentar a disposição aguerrida dos zelotes que gritavam a favor de Barrabás.

Vejamos por comparação: na antiga Atenas, muito antes de Cristo, outro homem bom foi julgado e condenado. Chamava-se Sócrates e era filósofo. Foi na Ágora, em votação limpa e democrática. Com resultado apertado, os gregos atenienses condenaram o sublime Sócrates à morte pela ingestão do veneno cicuta. Porém, felizmente, o veneno da generalização não pesou como difamação perene sobre os gregos e a democracia. Os gregos e a democracia nunca foram genericamente responsabilizados pela morte de Sócrates.

WJ Solha não é cristão; se é judeu, não sei. Seja como for, A Paixão Judaica, quando encenada, ajudará a desfazer uma infâmia milenar; que desonra os cristãos que dela fazem uso.

A peça de Solha é, mais ou menos, o "Relato de Prócula" passado para o teatro. Não o romance todo, mas apenas o pequeno trecho que reproduz o "Relato" de Cláudia Prócula, esposa de Pôncio Pilatos. Em posts anteriores já considerei a concepção deste "Relato", em que se diz que Jesus Cristo foi preparado pelos romanos como agente dos interesses do Império, para debelar a rebeldia dos judeus (teoria furtada pelo teólogo/historiador norte-americano Joseph Atwill). Então, como se justifica meu entusiasmo por uma peça teatral baseada em uma concepção anti-cristã?

Vejam: na concepção de Solha, no "Relato" de Cláudia Prócula, Jesus Cristo tem existência real e é tal e qual está nos Evangelhos Canônicos; a diferença é que teria sido treinado desde menino pelos astuciosos romanos (especialmente pelo judeu-helenizado Fílon de Alexandria) para aquele papel; para servir à "Pax Romana". Não me convence, porém, se foi assim, não vejo nenhum prejuízo para o cristianismo. Já escrevi coisa parecida sobre aquele livro de Dan Brown, "O Código Da Vinci", onde o grande escândalo é que Jesus Cristo teria se casado com Maria Madalena e tido filhos. Igualmente não me convence; porém, se foi assim, acho que fizeram muito bem, e daqui, da distância do tempo, parabenizo o casal e faço um brinde. Por que eu haveria de ficar menos cristão ao descobrir que Jesus foi feliz nos braços de Madalena, com os seus filhinhos em volta fazendo algazarra?

SAULO NO CAMINHO DE DAMASCO - O judeu Saulo perseguia os cristãos. No caminho de Damasco caiu do cavalo. E ouviu uma voz: "Saulo, Saulo! Por que me persegues?". Saulo perguntou quem era, e ouviu: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues" (Atos 9, 4 e 5).

Pois, Saulo aprendeu que judeus não deviam perseguir cristãos, e que em cada cristão está o próprio Cristo. Pois, com maior razão e ênfase, será ensinamento de Jesus Cristo que cristãos não devem perseguir judeus. Nem muçulmanos, nem budistas, nem os irmãos da Umbanda e Candomblé, nem a animada turma da Nova Era de Aquarius, nem os ateus e nem ninguém.

Mantendo cada um a sua fé, crença, doutrina ou filosofia; é preciso entender o outro. E conviver. A Paixão Judaica será mais um passo no caminho dessa compreensão e convivência.

Questionado por Saulo sobre o que ele, Saulo, deveria fazer, ordenou Jesus: "Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer" (Atos 9, 6).

Para WJ Solha, "entrar na cidade" será montar sua Paixão Judaica no centro da cidade de João Pessoa, no Ponto de 100 Réis. O que convém fazer cabe a todos que amam a arte e a liberdade de expressão: vamos fazer uma campanha, vamos perturbar prefeito e governador, Funjope e Espaço Cultural, e o que for preciso. Vamos reviver Jerusalém.

Eu estarei na platéia, mas vou furar o script. Não que vá pedir a morte para Barrabás, mas clamarei:

VIDA ETERNA! CRISTO JESUS!




segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A César o que é de César, a Solha o que é de Solha e a Cristo o que é de Cristo - capítulo 1

"Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mateus 22: 21). O filósofo Iremar Bronzeado interpreta esse enunciado de Jesus Cristo como um dos fundamentos da democracia: a separação entre governo e religião, ou seja, o Estado laico. Já o teólogo Joseph Atwill entende que a única preocupação de Jesus era que os judeus pagassem direitinho os impostos a Roma. Eu concordo com o filósofo Iremar. Aliás, em artigo publicado aqui neste Blog, Iremar Bronzeado, o Filósofo da Liberdade, afirma e demonstra que estão nos Evangelhos os fundamentos da democracia moderna. Já Atwill, roubou de WJ Solha a teoria de que Jesus Cristo teria sido um instrumento do Império Romano, e com a teoria roubada em mãos, vem ganhando fama. Vejam, como dito no post anterior, a teoria da construção pelos romanos de um líder religioso pacifista para debelar a rebeldia dos judeus em relação ao domínio imperial, servindo à Pax Romana; essa teoria é de WJ Solha. Devemos, pois, dar a Solha o que é de Solha. A revista Veja, por exemplo, não fez isso: a sua última edição (23/10/2013) traz uma matéria boa e com título muito feliz - Dai a Jesus o que é de Jesus -, onde a excelente articulista Adriana Dias Lopes comete um único pecado: considerar a teoria como sendo de Atwill, sem dar a Solha o que é de Solha.

Parêntese: eu mesmo devo a Solha uma retificação, e já pago. No post anterior, eu disse que no "Relato de Prócula" o principal artífice do líder judeu pacifista Jesus é o historiador Flávio Josefo, tal como referido por Atwill. Não é; Solha apresenta como educador de Jesus o filósofo Fílon de Alexandria. Confundi Josefo e Fílon em minha mente talvez porque ambos sejam judeus helenizados. Feita a retificação, aproveito para dizer que para esse papel Fílon é cronologicamente mais coerente, pois floresceu (nasceu em + ou - 20 a. C e morreu + ou - no ano 50) na época em que podemos considerar que tenha sido a época da vida de Cristo, enquanto a atividade de Josefo é posterior (nasceu em + ou - 37 d.C e morreu + ou - no ano 100). E mais: na história engendrada por Solha, Jesus Cristo tem existência pessoal e pela sua ação direta é que teria servido aos interesses da Roma Imperial. Para Atwill, Jesus teria servido aos interesses romanos, como "instrumento contrário aos interesses do povo comum", mesmo sem ter existido. Essa é uma cretinice de que já falei, mas voltarei a falar, porque dá gosto contraditar uma bobagem dessas.

Retorno ao leito principal do texto com isto: Joseph Atwill e outros inimigos de Jesus não lhe querem conceder nada, nem o mínimo, que é a existência. É muita sacanagem. E muita obtusidade na investigação histórica.

Lanço mão agora de um superior especialista, o filósofo judeu-cristão Henri Bergson, com um tópico que foi enviado para a área de comentário deste Blog:

"[...]mas é preciso que, seja como for, tenha havido um começo. De facto, na origem do cristianismo há o Cristo.. Do ponto de vista em que nos colocamos, e do qual a divindade aparece a todos os homens, pouco importa que o Cristo se chame ou não se chame homem. Não importa sequer que se chame Cristo. Os que chegaram ao ponto de negar a existência de Jesus não impedirão o Sermão da Montanha de figurar no Evangelho, juntamente com outras palavras divinas. Ao autor dar-se-á o nome que se queira, o que não significará, porém, que não tenha havido autor" (Henri Bergson, As duas fontes da moral e da religião)"

Parece-me irretorquível essa consideração do grande filósofo. Todavia, reforço: que poucos anos após os eventos narrados nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João milhares de pessoas tenham aderindo ao cristianismo entre os judeus, e que logo mais sejam milhões pelo mundo; não será razoável pretender que tal tenha ocorrido sem um exemplo de carne e osso, uma pessoa viva que pudesse entusiasmar os primeiros adeptos, dando-lhes uma chama capaz de inflamar outras pessoas.  Os primeiros núcleos dos prosélitos cristãos, com registros históricos abundantes, contam com membros que conviveram com Jesus Cristo. As viagens e cartas do Apóstolo dos Gentios têm registro histórico por longa extensão do Império, e Paulo de Tarso, se não conviveu com Jesus Cristo, conviveu com quem conviveu. A morte de Jesus Cristo, durante Tibério César,  e a feroz perseguição de Nero aos cristãos separadas por apenas três décadas; ou seja, em 30 anos de existência o cristianismo tinha já ultrapassado os limites da distante província da Judéia e penetrado e estremecido o coração do Império. Tudo isso sem que nenhum Cristo tenha existido? Divino ou somente humano, sincero ou charlatão, sapiente ou doido de pedra, nunca existiu Jesus Cristo, pessoa nenhuma? Para Atwill, não; foi apenas uma invencionice que uns romanos astuciosos mandaram em pergaminho lá para a Judéia/Galiléia, a ver se colava.

Bem; colar, colou. Mas, se foi mesmo um projeto do imperialismo da Roma pagã, terá sido um projeto bem atrapalhado. Será divertido demonstrar isso no próximo capítulo. Essa novela vai render.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

"O Messias de César": para falar mal do cristianismo, teólogo sem-vergonha dos Estados Unidos rouba o 'Relato de Prócula', do escritor brasileiro WJ Solha

O teólogo/historiador norte-americano Joseph Atwill pensa estar surpreendendo e assustando o mundo com a seguinte história: Jesus Cristo foi uma invenção de aristocratas romanos para sossegar os rebeldes judeus e fazê-los pagar impostos a Roma sem reclamar. O mito de um líder judeu pacifista deveria inspirar nos rebeldes o hábito de "dar a outra face". Essa teoria é bastante criativa, e é também um furto descarado por parte desse Joseph sem-vergonha. Ora, falsa ou verdadeira, tal história, de Jesus Cristo como uma invenção para favorecer a 'Pax Romana' - política implantada pelo Imperador Augusto e continuada pelo Imperador Tibério - já foi contada, faz alguns anos, pelo genial artista-intelectual-filósofo-poeta-romancista brasileiro WJ Solha, no romance "Relato de Prócula".

Joseph Atwill, o gringo malandro, divulga sua "descoberta" através de livro, vídeos e palestras que recebem o nome genérico de "O Messias de César", sempre dizendo que tem novas e retumbantes evidências guardadas para mais tarde. Eu estou curioso para ver até onde vai a desfaçatez do sem-vergonha. No que até agora vem sendo divulgado ele não acrescenta nada de substancial à engenhosa história engendrada por Solha, inclusive a indicação de Flávio Josefo como principal artífice do mito do líder judeu pacifista. Deve-se esclarecer, todavia, que Flávio Josefo não foi propriamente um aristocrata romano, mas  um judeu-romanizado de Alexandria, erudito/filósofo de grande envergadura.

A história contada por Atwill, mesmo por ser roubada de fonte que eu já conhecia, não me surpreendeu nem assustou; todavia, surpreendeu-me a sua petulância e o volume de tolices que ele consegue despejar nas suas declarações midiáticas.

O historiador de araque afirma ser "uma questão de tempo até que sua teoria seja aceita". Primeiramente, a teoria não é dele, é de WJ Solha. Depois, são muitas e muito velhas as teorias negando a existência de Cristo ou dizendo que o Cristo verdadeiro não é aquele dos Evangelhos Canônicos. Por engenhosa que seja, a teoria de Solha, furtada por Atwill, não haverá de abalar o mundo mais do que as milhares de outras teorias anti-cristãs. Como se sabe, o cristianismo resistiu até mesmo ao ateísmo marxista, que chegou a dominar metade do mundo. O cristianismo resistiu ao feroz anti-cristianismo nazista, que disputou com o marxismo o domínio do mundo. Por que será então que esse teólogo besta acha que com uma teoria furtada vai destruir o cristianismo?

Vejamos outras petulâncias e bobagens desse teólogo de meia-tigela. Ele diz, segundo está registrado em vários portais (Yahoo Brasil, Galileu, Gospel Prime, etc.):

 "Apresento meu trabalho com muito cuidado, pois não quero atingir os cristãos. Mas isso é importante para nossa cultura, pois os cidadãos precisam saber que governos criam histórias e falsos deuses. Isto é feito para criar uma ordem social contrária aos interesses do povo comum".

Nós outros, cristãos, não somos tão débeis quanto esse babaca pensa que somos. Eu mesmo dispenso suas delicadezas e já li muito ataque ao cristianismo mais duro do que o dele: sem me abalar. Agora, supor que religiões são, principalmente, produto de artimanhas de governos malvados "para criar uma ordem social contrária aos interesses do povo"; isto é uma imbecilidade que abala minha paciência. Vejamos: os Tupis-Guaranis cultuaram Tupã, Jaci e outras divindades: tal culto não teria sido produto de necessidades espirituais desse povo, mas tão somente uma artimanha dos caciques para contrariar os interesses dos "índios comuns"? Os povos africanos cultuaram (e ainda hoje remanesce o culto na Umbanda e Candomblé) várias entidades representativas das forças da natureza (Oxóssi, Yansã, Xangô...): isso nada tem a ver com a simbiose desses povos com a natureza, não expressam imperiosas necessidades psicológicas e sócio-culturais, sendo apenas uma artimanha dos sobas africanos contra os interesses dos "africanos comuns"? A religião hebraica, com efeito, deve parte da sua elaboração e consolidação ao grande estadista que foi Moisés, mas tal religião favoreceu a libertação dos hebreus do jugo do Faraó: em que, precisamente, a religião mosaica desfavoreceu os "hebreus comuns"? Os gregos e romanos antigos tinham deuses para todos os gostos: Zeus (Júpiter), certamente, tinha uma postura bem estatal (e ainda mais sua esposa ciumenta e mandona, a "Dona Encrenca" Juno); mas o que dizer de Hermes (Mercúrio), protetor dos comerciantes, mas também de ladrões? Que interesse teria o Estado em promover um deus protetor de foras-da-lei? E Dionísio (Baco), deus do vinho, da volúpia e da sacanagem? E aqueles faunos e sátiros muito chegados a uma, digamos, licenciosidade?

O teólogo perna-de-pau avança em outra cretinice; diz ele que sua "descoberta pode ajudar aqueles que tenham sido oprimidos pela religião de alguma forma". Ora, aos que foram oprimidos pela religião no passado - no tempo da Inquisição, digamos -, pouca serventia terá esta "descoberta" de Atwill, mesmo porque não foi Cristo quem oprimiu ninguém, mas instituições religiosas corrompidas; e não oprimiram mais do que o fizeram instituições laicas ou declaradamente anticristãs, como o Estado nazista e o Estado bolchevista. Os oprimidos pela religião cristã hoje em dia, o serão, também, por corrupções das Igrejas, e não pelos fundamentos da mensagem cristã. A pedofilia na Igreja Católica, por exemplo, é uma opressão, uma chaga e uma praga que, a meu entender, deve ser debelada a qualquer custo, mesmo porque disse Jesus Cristo: "Aquele que abusar de um desses pequeninos, melhor seria que lhe fosse atada ao pescoço uma pedra de moinho e jogado no fundo do mar" (Lucas 17, 2). Suponhamos aqueles que foram ou são oprimidos pela religião devido ao ateísmo: ora, se já não acreditavam em Jesus antes da "descoberta" de Atwill, de que lhes poderá valer a milésima repetição de que Jesus Cristo não existiu, e que foi inventado por tal ou qual motivo? Mas alerte-se: hoje, a cristandade é mais perseguida do que persegue.

Atwill já está sendo contestado por estudiosos de renome. E não especialmente por causa do anticristianismo, mas por causa da indigência histórico-investigativa. O professor James Crossley aponta o seguinte: segundo Atwill o mito de Cristo teria sido criado por Flávio Josefo (e aristocratas romanos) por paralelismo com o Imperador Tito. Ocorre, mostra Crossley, que Tito nasceu no ano de 39 e morreu em 81 d.C. Ora, já antes de Tito assumir o Império, o cristianismo avançava e era perseguido: São Paulo havia escrito suas cartas e feito suas viagens, Nero havia jogado cristãos aos leões e incendiado Roma. Na linha imperial, a Nero sucedeu Galba, a Galba sucedeu Vitélio, a Vitélio sucedeu Vespasiano, a Vespasiano sucedeu o filho, esse Tito, que antes de ser Imperador apaixonou-se pela princesa judia Berenice; malfadada princesa que, aliás, foi imortalizada na tragédia homônima de Racine. Quer dizer, teatro à parte, pelos cálculos errados do historiador perna-de-pau, o mito fundador do cristianismo teria sido elaborado depois que o cristianismo já se irradiava por todo o Império e era duramente perseguido.

Ainda que troncho, o gringo Atwill vai causar "frisson" durante algum tempo. Depois, e é apenas uma questão de tempo, cairá no esquecimento. Mas terá o seu sucesso: um sucesso roubado do brasileiro WJ Solha.

Vejam, "Relato de Prócula" é um excelente romance. Eu escrevi contestando o discurso anti-cristão do livro de Solha, mas sem deixar de reconhecer seu valor literário.  O teólogo/historiador gringo roubou de Solha apenas a teoria, não teve como roubar-lhe o talento e a genialidade. De todo modo, acho que Solha deve processar o malandro.

sábado, 12 de outubro de 2013

BANG BANG (My Baby Shot Me Down) "Foi há tanto tempo atrás / Tempo que não volta mais" - A bela deputada Daniella Ribeiro entra na tolice "politicamente correta": dá vontade de chorar

Eu admiro muito a deputada Daniella Ribeiro, tenho acompanhado seu mandato legislativo, exercido com competência e dignidade, marcado pela coragem Foi, portanto, com desalento que li, no excelente Blog do Dércio, a notícia de que ela, a bela Daniella, vem de propor uma tolice do tamanho de um tanque de guerra de verdade: reproduzindo uma insanidade "politicamente correta" em curso em Brasília, Daniella quer abolir as armas de brinquedo na Paraíba, para "auxiliar no combate à violência".

A ideia de que as armas de brinquedo são culpadas pela violência não é séria. Tamanha tolice só encontra eco porque a praga do "politicamente correto" vem corroendo o cérebro "dos brasileiros e das brasileiras". Se há algo que a psicanálise evidenciou é que os impulsos de violência, inerentes a todos os seres humanos, têm de encontrar, nas sociedades civilizadas, espaços de escoamento não deletérios, sob pena de acumulação insuportável, que, inevitavelmente, causará doenças psico-somáticas ou se exteriorizará em rompantes de violência os mais ferozes e deletérios. Que meninos brinquem com armas de brinquedo é tão natural quanto meninas brincarem de boneca; e tão natural quanto crianças de ambos os sexos chuparem o dedo. É natural, bom e necessário. Vejam que se os pais não tiverem dinheiro para comprar brinquedo de loja para o menino, ele fará de um pedaço de pau uma espada; de um galho apropriado fará um revólver e brincará dizendo BANG BANG. Certamente, a patrulha "politicamente correta", além de erradicar os brinquedos das lojas, haverá de 'vigiar e punir' os meninos malvados que insistirem nesses folguedos temerários.

Tirar arma de brinquedo das mãos de crianças é como tirar o futebol dos pés dos adultos: ou tirar o boxe, o judô, a capoeira, a esgrima e todos os esportes de competição; inclusive o aparentemente pacífico xadrez (o xadrez, vejam só, é um esporte violento). Esportes são substitutivos civilizados da guerra. Tirar esses esportes de quem pratica e, consequentemente, de quem aprecia, seria uma violência que, mais cedo ou mais tarde, seria vingada. Se arrancarem as armas de brinquedo das mãos das crianças, mais cedo ou mais tarde elas se vingarão.

Tirar arma de brinquedo das mão de crianças não leva criança nenhuma a abominar a violência, pelo contrário: é uma violência capaz de acumular na criança uma frustração/tensão que a levará a usar de violência quando tiver oportunidade.

O pior é que essa cretinice que foi aprovada pelos deputados de Brasília tem muita chance de ser aprovada também pelos deputados paraibanos, isso devido ao generalizado temor ao patrulhamento dos "politicamente corretos".

Mas qual o propósito do BANG BANG do título? Trata-se da célebre e belíssima canção da dupla/casal Sonny Bono & Cher. A canção fala de um amor que começou quando uma garota de 5 anos e um garoto de 6 brincavam com revólveres de brinquedo ("I was five and he was six"). Ele atira de brincadeira, ela cai de brincadeira... e se apaixonam de verdade. Depois, com o tempo, que é cruel, e não as armas de brinquedo, por motivos que não se sabe, ele a deixa. E ela lamenta a perda daquele tempo de alegre fantasia, brincando com armas de brinquedo: a feliz lembrança de outrora, o tiro e a queda de brincadeira, transforma-se em sentimento de desilusão: "My Baby Shot Me Down".

São muitas as versões, a de Cher é sensualíssima e eletrizante. Tem versão de Nancy Sinatra, de Petula Clark, de Raquel Welch. A canção correu o mundo. O vídeo com a linda versão italiana de Dalida tem imagens comovedoras de duas crianças brincando com seus revólveres de brinquedo, em momento de plena felicidade. No Brasil, BANG BANG fez sucesso na versão de Maritza Fabiani, muito bela, inclusive a letra, cujos dois primeiros versos também usei no título desse triste post. Triste porque vejo que o "politicamente correto" vai avançando, derretendo o juízo das pessoas e transformando o mundo em uma merda. Aliás, no Portal 100 Fronteiras está publicado um excelente artigo de Gelza Rocha onde ela se revolta com a cretinice "politicamente correta" que é o expurgo do universo infantil da cantiga de roda "Atirei o pau no gato".

Então, como diz Maritza Fabiani, "foi há tanto tempo atrás, tempo que não volta mais", o tempo em que as crianças podiam cantar (e os adultos também, de vez em quando, gostavam de acompanhar), livres e alegremente, "atirei o pau no gato, tô / mas o gato, tô / não morreu, reu, reu". E podiam brincar com armas de brinquedo.

Todavia, resisto. Meu neto, de 8 anos, tem algumas armas de brinquedo: espadas de plástico (embora prefiramos lutar com cabos de vassoura) pistola de água, revólver que dispara bolinhas, metralhadora rá-tá-tá-tá, arco e flecha com ponta que prega em superfícies lisas (talvez em alguma testa). Ele adora esses brinquedos. Se vierem tomar essas armas de fantasia das suas mãos e das suas fantasias, reagirei como Nhô Augusto reagiu ao chefe-jagunço seu Joãozinho Bem-Bem, que queria que Augusto Matraga lhe entregasse para ser morto um inocente: "...é fácil... Mas tem de passar primeiro por riba de eu defunto" (vejam em "Sagarana", de Guimarães Rosa).

Enfim deixo para vocês BANG BANG: a versão de Maritza Fabiani e a letra original com tradução. Todas as versões referidas estão disponíveis no You Tube. Peço e imploro que vejam, que escutem e que relembrem um mundo que se vai perdendo, um mundo em que valeu a pena viver.



Bang Bang

Maritza Fabiani

Foi há tanto tempo atrás
Tempo que não volta mais
Um garoto atirava
De mocinho ele brincava (Bang Bang)
E eu caí (Bang Bang)
Me acertou (Bang Bang)
E me matou (Bang Bang)
Assim o conheci
Com o tempo a passar
Começamos a amar
Ele sempre se lembrava
E brincando então falava (Bang Bang)
Você caiu (Bang Bang)
Eu acertei (Bang Bang)
E a matei (Bang Bang)
Assim a conheci
Hoje não sei mais brincar
E nem gosto de lembrar
Todo o tempo com que foi
Tão feliz para nós dois
De verdade ele acertou
E o meu amor matou
Sem aviso ele partiu
Todo o tempo me mentiu (Bang Bang)
E eu caí (Bang Bang)
Me acertou (Bang Bang)
E me deixou (Bang Bang)
Assim eu o perdi
De verdade ele acertou
E o meu amor matou
Sem aviso ele partiu
Todo o tempo me mentiu (Bang Bang)
E eu caí (Bang Bang)
Me acertou (Bang Bang)
E me deixou (Bang Bang)
Assim eu o perdi





Bang Bang (My Baby shot Me Down)

I was five and he was six
We rode on horses made of sticks
He wore black and I wore white
He would always win the fight

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down

Seasons came and changed the time
When I grew up, I called him mine
He would always laugh and say
"Remember when we used to play?"

Bang bang, I shot you down
Bang bang, you hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, I used to shoot you down

Music played and people said
Just for me the church bells ring

Now he's gone, I don't know why
Until this day, sometimes I cry
He didn't even say goodbye
He didn't take the time to lie

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down

Bang Bang (Meu Amor Me Acertou)

Eu tinha 5 e ele tinha 6
Cavalgávamos em cavalos de pau
Ele se vestia de preto e eu de branco
Ele sempre venceria a luta

Bang, bang, ele me acertou
Bang, bang, eu caí no chão
Bang, bang, aquele som horrível
Bang, bang, meu amor me acertou

Estações vieram e mudaram o tempo
Quando eu cresci, eu o chamei de meu
Ele sempre riria e diria:
"Lembra de quando nós brincávamos?"

Bang, bang, eu te acertei
Bang, bang, você caiu no chão
Bang, bang, aquele som horrível
Bang, bang, eu costumava te acertar

A música tocava e as pessoas diziam que
Apenas para mim o sino da igreja tocava

Agora ele se foi, não sei porque
E até hoje, as vezes eu choro
Ele não disse nem ao menos adeus
Ele nem gastou tempo mentindo

Bang, bang, ele me acertou
Bang, bang, eu caí no chão
Bang, bang, aquele som horrível
Bang, bang, meu amor me acertou

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O que é mesmo VANDALISMO?

VANDALISMO é a corrupção campear impunemente no Brasil;
VANDALISMO é a insegurança crescente e assustadora em que vivem as pessoas de bem;
VANDALISMO é o fator previdenciário, que prejudica aposentados, criado por FHC e criticado pelo PT, mas que o PT  fez questão de manter quando chegou ao poder;
VANDALISMO foi o governo do PT corromper o Congresso Nacional com o mensalão para aprovar a reforma da Previdência, em prejuízo dos aposentados e pensionistas;
VANDALISMO foi o ex-presidente Lula dizer que a saúde pública era quase perfeita e que tinha vontade de ficar doente para se tratar numa UPA do SUS;
VANDALISMO é deputado corrupto condenado continuar deputado e fazer parte da Comissão de Constituição e Justiça;
VANDALISMO é o salário + benefícios para cada deputado e cada senador ser de muito mais de 100 mil reais por mês, multiplicados por 513 deputados e 81 senadores (resta saber se são representantes do povo ou chupins do povo);
VANDALISMO é o salário milionário de alguns jogadores de futebol;
VANDALISMO é a  Receita Federal, que massacra os trabalhadores, devolver 5 milhões de reais aos senadores;
VANDALISMO é o sistema de impostos do Brasil ser regressivo (quem ganha menos, paga mais) e não progressivo (quem ganha mais, paga mais);
VANDALISMO é a farra dos cartões corporativos que foi escândalo no governo Lula, continuou no governo Dilma e ninguém liga mais - só em 2012 o custo foi de 59,6 milhões de reais (para quem não lembra, corporativo é aquele cartão mágico com que altos funcionários públicos federais podem gastar com o que quiser e como quiser: motel, cachaça ou tapioca);
VANDALISMO é o embargo infringente para proteger corrupto rico e poderoso;
VANDALISMO é o PT, partido no poder, ter feito da ética sua bandeira para chegar ao poder e hoje glorificar seus chefes mensaleiros corruptos condenados;
VANDALISMO é o ex-presidente Lula da Silva chegar junto de um ministro do Supremo Tribunal Federal para fazer chantagem para proteger corrupto petista mensaleiro;
VANDALISMO é o governo federal, do PT, junto com o governo do Rio de Janeiro, do PMDB, obedecendo ordens da FIFA, gastar um bilhão de reais para destruir o Maracanã do Povo (com a galera, ingresso barato e lotação de 200 mil torcedores) para botar no seu lugar o Maracanã da Elite (sem a galera, ingresso que só barão pode pagar e lotação para 70 mil granfinos);
VANDALISMO é o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do PT, propor à Câmara Municipal um aumento de 30% para o IPTU residencial e de 45% para o IPTU comercial (se passar essa desgraça, muita gente vai perder a casa e dormir na praça);
VANDALISMO é a ministra Ideli Salvatti utilizar helicóptero do SAMU (para transporte de acidentados) para fazer pré-campanha eleitoral (flagrada e questionada, Ideli nem ligou: "outros ministro já utilizaram ou utilizam, então, ilegalidade nenhuma");
VANDALISMO é um assassino de 17 anos estuprar e assassinar uma criança de 4 anos e ser solto pela justiça 3 anos depois para estuprar e assassinar uma criança de 9 anos;
VANDALISMO é o PT querer arrancar bilhões de reais dos contribuintes para financiar as campanhas dos partidos políticos, que já recebem fortunas do Fundo Partidário;
VANDALISMO é ter no PT (e na esquerda autoritária em geral) - partido que chegou ao poder usando com toda liberdade os meios de comunicação - quem faça campanha para restabelecer no Brasil a censura dos tempos da ditadura: coisa que eles chamam de "controle social da mídia", "marco regulatório", "ley de medios" e, vejam que graça, "democratização dos meios de comunicação".

Enfim, amigo leitor e amiga leitora, veja aí você o que lhe parece ser VANDALISMO no Brasil de hoje. Envie para cá o seu VANDALISMO preferido.

Quanto à tribo bárbara germânica dos vândalos, esta foi derrotada, massacrada e dispersa após terríveis batalhas com tropas romanas nos anos de 533 e 534 d.C: tropas comandadas pelo grande general Belisário, a mando do imperador Justiniano. Os vândalos haviam saqueado e barbarizado Roma em 455, daí a má fama. Realmente, os vândalos daqueles tempos gostavam de um saque e de uma esculhambação; porém, coitados, em matéria de saque e de esculhambação não amarrariam as chuteiras dos vândalos do Brasil de hoje.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

A boa bandeira de Marina: "contra o PT e o chavismo instalado no Brasil". Chavismo é bolche-fascismo. E faz mais de 70 anos que o marxista alemão Otto Rühle denunciou o bolchevismo como matriz do fascismo

O chavismo é um fascismo e é uma desgraça. Todo o PT é chávez-fascista? Não. Mas o chávez-fascismo petista está cada vez mais forte e tende a torna-se hegemônico no PT. Daí, pode tornar-se hegemônico no Brasil e liquidar com a democracia.

O de mais importante na decisão de Marina Silva de se filiar ao PSB não foi a decisão em si, mas o fato de Marina ter aproveitado a ocasião para denunciar a ação deletéria do chavismo no Brasil como perigo real à democracia. Ela não foi a primeira a perceber tal perigo, mas a ocasião deu à sua denúncia uma ressonância magnífica. Só por isso, a democracia já lhe fica devedora.

Imediatamente, a esquerda chapa-branca, através da mídia chapa-branca, acusou o golpe, aumentando o volume das difamações que já vinha fazendo contra Marina. Alguns jornalistas chapas-brancas, mas não indecentes, não difamam, tentam mostrar que ela está equivocada, que no PT não há chavismo. Missão difícil, porque a paixão por Hugo Chávez nos altos escalões do PT (e no âmbito de toda a esquerda autoritária) é coisa declarada. Todavia, com Nicolás Maduro o chavismo apodreceu (o Maduro é tão podre e tão cretino que fala com Chávez na forma de passarinho - "pajarito" - e tem noite que dorme ao pé da tumba do ídolo defunto, tal qual um servo de Drácula), a economia da Venezuela está em petição de miséria e a violência tornou-se assustadora; sendo assim, talvez seja conveniente aos chavistas brasileiros um certo afastamento do  chavismo madurista.

Apesar das suas acentuadas características fascistas, o chavismo se pretende um bolchevismo com adereços novos (Socialismo do Século XXI) e ícones com cor local (Simón Bolívar/bolivarianismo); sobretudo cultuam a Cuba de Fidel e Raul Castro. Não deixam de ter razão, porquanto bolchevismo e fascismo são aparentados.

Façamos uma rápida digressão histórica que explicará porque chamo tal corrente/ação política, o chavismo, de bolche-fascismo.

Bolchevismo e fascismo, embora já se tenham enfrentado, são oriundos de uma mesma terra: o socialismo coletivista; adubados pelo mesmo estrume: a violência; e produziram os mesmos frutos: a ditadura e o totalitarismo. Essa identificação entre bolchevismo e fascismo foi feita com extraordinário vigor pelo marxista alemão e herói da resistência ao nazismo Otto Rühle, em um texto intitulado "A luta contra o fascismo começa pela luta contra o bolchevismo" (disponível em www.marxists.org), clandestinamente circulado e publicado pela primeira vez em 1939 no "Living Marxism". Aconselhando a leitura do texto na íntegra, citamos aqui algumas passagens:

Na abertura, falando da Rússia Soviética:
"Foi a primeira a estabelecer uma ditadura constitucional, com o sistema de terror político e administrativo que o acompanha. Adotando todas as características do Estado totalitário, tornou-se assim o modelo para todos os países constrangidos a renunciar ao sistema democrático para se voltarem para a ditadura. A Rússia serviu de exemplo ao fascismo";

Nos itens em que especificamente caracteriza o bolchevismo:
"2 - O bolchevismo é um sistema autoritário. O cume da pirâmide social é o centro de decisão determinante. A autoridade é encarnada na pessoa toda-poderosa. No mito do chefe, o ideal burguês da personalidade encontra sua mais perfeita expressão"; 

"5 - O bolchevismo é uma ditadura. Utilizando a força brutal e métodos terroristas, orienta todas as  funções em direção à eliminação das instituições e opiniões não bolcheviques. A sua "ditadura do proletariado" é uma ditadura de uma burocracia ou de uma úncia pessoa";

Conclusão: "O fascismo não passa de uma simples cópia do bolchevismo. Por esta razão, a luta contra o fascismo deve começar pela luta contra o bolchevismo".


No Brasil, o projeto bolche-fascista é ainda incipiente. Dentro do governo Dilma e do próprio PT sofre séria resistência. O bolche-fascismo brasileiro tem seguido a cartilha leninista de dar um passo atrás para, em melhor ocasião, dar dois passos a frente. Lá atrás, com a descoberta da roubalheira do mensalão, deu um passo atrás. Hoje, prepara dois passos a frente: a desmoralização da Justiça e o restabelecimento da censura. Os defensores da Justiça e da Liberdade têm de tolher os passos desses corruptos e liberticidas.
Que o nosso brado democrático seja:

A LUTA CONTRA O FASCISMO NO BRASIL COMEÇA
PELA LUTA CONTRA O CHÁVEZ-PETISMO





sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Os assassinos "politicamente corretos" da menina Rebeca, 9 anos, estuprada, estrangulada

O "Politicamente Correto" é estúpido e  ridículo; por esse viés, pode também ser engraçado. A estúpida e ridícula cartilha "Politicamente Correto & Direitos Humanos", editada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, no governo Lula, já serviu de divertimento aqui neste Blog. Porém, esta praga, semeada primeiramente nos Estados Unidos, produto de uma mancebia entre liberais e marxistas, se teve boas intenções,  evoluiu para as perversões. Mais do que risos, a doutrina "politicamente correta" produz desatinos, é estrume de desgraças, induz a crimes. Com efeito, tornou-se zelo especial dos "politicamente corretos" a defesa de criminosos. Neste zelo, passaram a patrulhar todos os que defendem os inocentes. Por óbvio, os que defendem a redução da maioridade penal, o fazem preocupados com os inocentes vítimas da ferocidade de estupradores e assassinos menores de 18 anos . A patrulha "politicamente correta" divulga, espalha e alardeia que defender a redução da maioridade penal é "coisa da direita", "coisa de reacionário", "coisa de troglodita". Tem quem fique assustado. Eu não fico. Eu quero mais é que os patrulheiros "politicamente corretos" se estrepem.

Vejam: Elder Marinho, 22 anos, ao ser preso, confessou o estupro e assassinato de Rebeca Miranda, menina de 9 anos de idade. Ele violentou e estrangulou Rebeca: UMA MENINA DE 9 ANOS. Ele é um criminoso. Porém, eu afirmo que os "politicamente corretos" são mais criminosos do que ele, são mais responsáveis pela morte de Rebeca do que ele. Vejam: Elder Marinho, há apenas 5 anos, havia violentado e assassinado uma criança de 4 anos - UMA CRIANÇA DE 4 ANOS. Foi no Ceará, ele foi preso. Por que, então, estava solto? Teria fugido da cadeia? Não, ele estava solto porque a justiça "politicamente correta" assim determina. Elder, quando violentou e assassinou a criança de 4 anos, tinha 17 anos, não podia ficar preso por mais de 3 anos. Assim determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), lei que tem aspectos positivos e que, por isso mesmo, precisa ser modificada em item evidentemente perverso; item este que se tornou bandeira do "politicamente correto", que se lixa para todos os inocentes exterminados. Vejam: por óbvio, se o assassino Elder estivesse preso, não poderia ter assassinado Rebeca. Para os "politicamente corretos", essa obviedade não tem nenhuma importância: eles são fanáticos. Para os "politicamente corretos", Rebeca não tem a menor importância: eles são fanáticos.

Finalmente, vejam: as pesquisas já feitas indicam que mais de 90% dos brasileiros são a favor da redução da maioridade penal. Para os "politicamente corretos", isso não tem a menor importância: eles são fanáticos.

ELES SÃO FANÁTICOS E MANDAM NO BRASIL!