Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Luciano Agra: se quiser crescer como líder, tem de correr riscos

O cargo de prefeito da capital de um estado é, por si, suficiente para elevar seu titular à condição de líder político com destaque no cenário estadual. Todavia, Luciano Agra foi, durante algum tempo, prefeito da capital da Paraíba sem conseguir elevar-se sequer à condição de líder municipal. Enquanto não se rebelou, o prefeito Agra foi tido e havido como pau-mandado do governador Ricardo Coutinho, o chefe girassol. Mesmo que fizesse boa administração, politicamente não valia nada, pois tratava-se apenas de competente trabalho de um subalterno. Agora, que mandou o rei Ricardo lamber sabão, o prefeito de João Pessoa é um líder. Doravante, os erros e acertos de Luciano Agra serão adjudicados ao próprio Luciano Agra. Com sua reação de dignidade, desafiando o tirano e repelindo a condição de vassalo, o Alcaide rebelde galvanizou seus partidários - também rebeldes - e angariou popularidade. Popularidade esta difícil de quantificar, porquanto ainda não testada em em eleições, mas perceptível aos antenados.
É certo que a partir de 1º de janeiro de 2013 Agra será um líder político sem mandato. Pois, é justamente nesta situação que se mede a estatura dos líderes políticos. Querendo continuar a carreira política, o novo líder terá como construir caminho para disputar em 2014, em condições vantajosas, uma vaga na Câmara Federal ou no Senado (disputar vaga de deputado estadual seria pretensão acanhada, tentar o governo estadual seria açodado). Construção de caminhos políticos implicam riscos.

A maior especulação política hoje na Paraíba é aquela sobre os passos de Agra depois da desfiliação do PSB e rompimento com Ricardo Coutinho, o dono do PSB na Paraíba. Uma opção seria o prefeito ficar distante da disputa, afastando-se das campanhas. Optando por alguma candidatura poderia ser: Nonato Bandeira (PPS), Cícero Lucena (PSDB), Zé Maranhão (PMDB) ou Luciano Cartaxo (PT). Gente maldosa ainda especula com a opção por Estelizabel (PSB), mas tal opção não tem sentido, seria morte política para Agra, logo após sua ressurreição.

Vou opinar sobre o melhor lance de Agra no xadrez político de agora para vitória em um futuro próximo: apoiar o outro Luciano, o Cartaxo. E explico.

Ficando fora da disputa, Agra demonstrará inapetência política, estará abdicando do papel de líder.

A opção por Nonato Bandeira pode ter apenas algum valor sentimental, de solidariedade na humilhação sob o mesmo déspota. Mas Nonato, apesar de dissidente, guarda um ranço ricardista tão forte que não consegue convencer ninguém que é de oposição. E também não sendo de situação, não é nada.


A opção por Cícero Lucena não é boa porque um político que construiu sua história no PT e PSB, como Agra, não dá liga com o PSDB.


Com o PMDB de Zé Maranhão poderia dar liga, e o ex-governador é o favorito para a disputa de outubro. Mas vejam; esse é o problema. O candidato do PMDB não precisa de Agra para vencer as eleições. Certamente o apoio do prefeito aumentaria a quantidade de votos do peemedebista, mas isso não seria notado, nem lhe seria creditado. 


Com o PT de Cartaxo, Agra e seus companheiros rebeldes fazem liga fácil, mesmo porque vários deles, inclusive o próprio Agra, são oriundos do PT e sempre atuaram no âmbito da esquerda socialista. No quadro atual, o esforço do PT é para levar seu candidato ao segundo turno; o que não está nada fácil. Portanto, se Agra entrar na campanha do PT e Cartaxo for ao segundo, essa façanha será creditada ao apoio de Agra. Já será o suficiente para viabilizar a candidatura federal de Agra. Se o PT vencer a final, os dois Lucianos serão consagrados.


É uma opção arriscada? É. Pode ser que Cartaxo não vá ao segundo turno nem com o apoio de Agra. Seria desolador. 


Mas, um líder político não se constrói sem correr riscos. E o risco maior já foi enfrentado e vencido por Luciano Agra, ao rebelar-se contra a tirania girassol.



Um comentário:

  1. È isso mesmo. Agra deve seguir Cartaxo, vá ou não para o segundo turno. O PT agradece. Tânia

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