Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vital do Rêgo e o risco da CPMI chapa-branca

O senador Vital do Rêgo vem realizando um excelente mandato. É Corregedor e foi convidado para ser presidente do Conselho de Ética.  Foi seriamente cogitado para Presidente da Casa (e, consequentemente, do Congresso), e pode, realmente, ser um solução de consenso na sucessão de Sarney. Não poderia haver melhor escolha para presidir a CPMI do Cachoeira, que pode acertar duro golpe na corrupção, enaltecendo a democracia; mas pode também não dar em nada, desmoralizando ainda mais o Congresso.
Temos a maior confiança no senador Vital, mas ele não começou muito bem. Como presidente da CPMI, sua primeira preocupação e providência foi no sentido de evitar possíveis vazamentos, mandou até fazer uma "cartilha do sigilo". Disse o presidente: "Estamos instituindo essa cartilha ressaltando a conduta de cada parlamentar em relação ao sigilo". Por óbvio, os parlamentares devem investigar dentro da legalidade, mas a questão maior não é garantir sigilo, é antes desvendar, trazer à tona, revelar e escancarar.
O senador Magno Malta colocou um pé atrás: "Não vai dar em nada, esta CPMI é chapa-branca".
Não creio que o senador paraibano aceite o papel de presidente chapa branca. Vamos ver.

domingo, 29 de abril de 2012

O dissidente cego da China e a cegueira dos Direitos Humanos do Brasil

Tenho grande admiração pelo trabalho das organizações de Direitos Humanos, e tenho minhas vistas voltadas para elas com grandes esperanças; principalmente para as que atuam aqui no Brasil. Estas entidades têm um olhar agudo para os desrespeitos aos direitos humanos que acontecem aqui na nossa sofrida Pátria e ainda para os desrespeitos que ocorrem em vários países estrangeiros, como os Estados Unidos e os países europeus. Porém, ai porém..., para as desumanidades que acontece em certos outros países, tais entidades de Direitos Humanos do Brasil são cegas, surdas e mudas. Em Cuba, por exemplo, a ditadura dos Castros pode prender, torturar e deixar morrer em greve de fome prisioneiros de consciência: não ouvirá um ai de reclamação dos Direitos Humanos do Brasil. Relativamente ao que acontece na China, estão indo pelo mesmo caminho de silêncio; conivente ou acovardado.
No momento, a fuga de uma prisão domiciliar do dissidente chinês Cheng Guangcheng chama a atenção do mundo. Especula-se que esteja refugiado na Embaixada dos Estados Unidos. O heroísmo de Guangcheng é ressaltado pelo fato de ele ser cego. As últimas notícias dão conta de que, não conseguindo por as mãos em Guangcheng, a ditadura do Partido Comunista Chinês iniciou uma brutal perseguição aos amigos do dissidente. A ditadura comunista chinesa é aquela mesma que massacrou estudantes na Praça da Paz Celestial; aquela mesma que oprime o Tibete e massacra tibetanos; aquela mesma que difama, persegue, prende, tortura e mata adeptos da fé Falun Gong.
Navegando pela internet, já li muitas mensagens de protesto contra a perseguição de Guangcheng e de seus amigos. Até agora não tive notícia de nenhum protesto das entidades de Direitos Humanos do Brasil. Estou especialmente curioso em relação às entidades de Direitos Humanos que atuam na Paraíba, pois conheço alguns dos seus dirigentes e lhes tenho, em certos casos, admirado e aplaudido a diligência e a combatividade.  

sábado, 28 de abril de 2012

O caminho certo do Prefeito Luciano Agra

Edvaldo Rosas,  presidente estadual do PSB, disse que Luciano Agra "está no caminho errado". Isso indica que o prefeito está, agora, no caminho certo. Para o Rosas, o "caminho certo" é a obediência cega o girassol-rei. Isso, evidentemente, é errado. Toda prefeitura precisa do apoio do Governo Estadual, nem por isso o prefeito deve aceitar o jugo do governador. Até mesmo pelas exigências da função que ocupa, pelo decoro, pela "liturgia do cargo", como diria o senador Sarney, um prefeito não deve ser submisso a ninguém, senão ao interesse público. Luciano Agra entrou pelo bom caminho de respeitar-se a si mesmo, desrespeitando o mandonismo de Ricardo Coutinho, rejeitando-lhe as humilhações. Espero que seja um caminho sem volta.
Em atitude de protesto pelas desobediências do prefeito Agra ao rei Ricardo, o Rosas, escudeiro-mor do rei, pediu demissão de um cargo de confiança que tinha na Prefeitura. Fez bem: quem tem cargo de confiança na Prefeitura deve lealdade ao prefeito, não ao governador. Rosas ganhou até elogios de Agra: "um ato nobre"; "uma atitude coerente". Outros escudeiros do rei girassol encastelados na PMJP não pediram demissão, foram demitidos. Por justa e justíssima causa: não eram leais ao prefeito, mas ao governador. Como são girassóis fidelíssimos ao girassol-rei, nada mais justo que este os abrigue em Palácio.
Agora, parece-me que Agra, numa atitude nobre e coerente, está também pedindo demissão; no caso, demissão do cargo de secretário pau mandado do rei. Deixa esta função submissa e oficiosa para exercer, na plenitude, o cargo para o qual foi legitimamente eleito, e que deve honrar.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Se dependesse de Lula, o mundo acabaria logo

Gilberto Carvalho, que foi ministro de Lula, agora, funcionalmente, é ministro de Dilma. Porém, de coração, ele  continua todo de Lula, a quem já declarou, emocionado, sua idolatria: "Por esse homem eu posso morrer".
Dito isso, espantou-me ver o Gilbertinho culpar pessoas como Lula pelo fim do mundo. Nesta quinta-feira, 26, no "Seminário Diálogos Sociais: Rumo ao Rio + 20", um preocupado Gilberto pôs a culpa de uma possível catástrofe ambiental nos ricos, que consomem além das possibilidades de sustentabilidade do planeta. Ora, nunca antes na história deste país, um rico consumiu com o apetite do ex-presidente Lula: jatinho pra lá e pra cá, com um consumo estratosférico de gasolina; uísque, cerveja e cachaça em quantidades capazes de abalar as reservas mundiais de malte, cevada e cana de açucar; acepipes os mais saborosos, para ele e muitos amigos nos jantares do Palácio (e na Granja, então, pela festa do São João, era de acabar os estoques nacionais de milho e vinho Jurubeba). Isso e tudo mais a que dá direito as mordomias oficiais, o cartão corporativo e as pensões acumuladas.
Se Lula tivesse ouvido os conselhos de Gilbertinho, o mundo estaria longe de acabar.

Ricardo Coutinho: "Não me deixem só!"

O projeto autoritário, imperial e megalomaníaco de Ricardo Coutinho, o girassol-rei, está murchando. Nem preciso falar das brigas entre os antigamente disciplinados girassóis: são manchete em todos os portais, com destaque para a formidável briga de saias, onde entrou até a primeira dama que veio lá da Bahia, com as suas twitadas. Mas quem rodou mesmo a baiana foi a vereadora Sandra Marrocos, recebendo em resposta uma rasteira do tipo "meia lua inteira" da secretária Roseana Meira.
Vamos comentar o que todo mundo já sabe: o prefeito de João Pessoa está trabalhando contra a candidata do governador. E isto significa que a candidatura de Estelizabel acabou. Resta chorar as pitangas. Coisa que o Rosas, presidente estadual do PSB, fez, em uma carta sem nexo, onde pede demissão e cobra obediência do prefeito a quem deve obediência. O prefeito Agra, aliás, deu-lhe boa resposta, dizendo que o pedido de demissão era "coerente", já que o Rosas orbita o astro estadual, enquanto mantinha emprego em gestão municipal. Outra boa resposta, foi a de Roseana a Sandra, que a havia chamado de desagregadora. Roseana disse, com razão, que em janeiro, quando ainda se contava com a naturalíssima candidatura do prefeito Luciano Agra, o PSB encabeçava uma forte coligação de 15 partidos, arrematando com uma pergunta: "E hoje?". Eu ouvi a resposta da boca de Giovanni Meireles, no seu programa campeão de audiência: "Zero". Pois é, até agora, a candidatura de Estelizabel desagregou tudo e não agregou nada. Nadica de nada. Não é por culpa dela, que é uma flor de pessoa, mas por culpa do rei-sol, que se transformou no tirano mais chato que já se viu. Gilvan Freire diz que ele, o tirano-girassol, é "inafetivo". Chato, inafetivo, perseguidor, picuinha, intratável. Destratou até o senador Cássio Cunha Lima, a quem deve a eleição. O deputado Toinho do Sopão chegou quase a implorar a Cássio para que se livre de Ricardo Coutinho: "Cássio, o povo te ama!". Mais cedo ou mais tarde, Cássio vai ouvir este apelo. Provavelmente no início do próximo ano, depois da acachapante derrota do esquema laranja-girassol aqui em Jampa.
Enfim, o girassol-rei reina cada vez menos. Não falta muito, Ricardo Coutinho estará isolado, clamando no deserto da sua arrogância, feito outro arrogante famoso que deu com os burros n'água: "Não me deixem só!".    

segunda-feira, 16 de abril de 2012

"Nem por ouro e nem por prata, nem por sangue de alazão...": Araruna, a "fantasia real" de Gelza Rocha

Na grande história do mundo, Roma é a "Cidade Eterna". Mas cada pessoa haverá de ter sua particular cidade eterna. Para Humberto Fonsêca e Gelza Rocha, por exemplo, a desimportante e quase anônima Araruna, cidadezinha da região do Curimataú paraibano, é que é a "Cidade Eterna". Humberto Fonsêca é o historiador oficial e oficioso de Araruna, e pesquisa em papéis velhos e fotografias desbotadas com o mesmo afinco e rigor de um Edward Gibbon pesquisando em papiros e bustos de mármore o passado da capital do mundo antigo. Já Gelza Rocha, vem se revelando a romancista de Araruna, e narra - em prosa poética - as suas origens e as aventuras dos seus viventes com o mesmo orgulho com que Virgílio, por encomenda do Imperador Augustus, cantou, em poesia narrativa, na Eneida, as grandezas da Cidade dos Césares. A Gelza, quem recomendou que cantasse as grandezas da cidade em que não nasceu - mas sempre amou -, foi a Imperatriz Saudade.
Virgílio, poeta de grandes conhecimentos geográficos, situou seus acontecimentos fantasiosos com rigor de cartógrafo. Gelza, geógrafa de grandes recursos estilísticos, povoou a geografia exata com uma fantasia comovente. E tão mais comovente por ser uma fantasia real; pois a geógrafa e romancista-historiadora viu a cidade com os olhos da menina, em cujo puro coração a fantasia era pura realidade. Vejam este trecho:

"E naquele mundo eu me sentia, mesmo, no País das Maravilhas, não o de uma Alice, personagem fictícia, mas o país de uma Alice real, de abraço terno, de cuidados extremosos, de carinho silencioso, de bons conselhos, de amor profundo: Alice, minha mãe".

Um mundo que Gelza não pôde esquecer, não quis vender e não troca por nada: Nem por ouro e nem por prata, nem por sangue de alazão...

sábado, 14 de abril de 2012

Fraca em entrevista, ruim nas pesquisas e toda enrolada: a estrela de Estela não brilha

A preço de hoje, com minguados 7,7% de intenção de voto (segundo Correio/Consult), Estelizabel Bezerra, do PSB, candidata do governador Ricardo Coutinho para a Prefeitura de João Pessoa, não vai ao segundo turno. A preço de amanhã, pelo soprar do vento, será pior.
Ela tem se mostrado uma espécie de Fernando Haddad de saias. O candidato do PT a prefeito de São Paulo não decola, travou em 3%. Os 7,7 da Estela são sempre melhores que os 3,0 do Fernando. Mas este espera o socorro do ex-presidente Lula, enquanto aquela carrega o peso do governador Ricardo Coutinho. Não tem candidato que possa com esse peso. O girassol-rei tornou-se o governador mais desgastado, mais rejeitado e mais hostilizado da história da Paraíba. Não bastasse esse fardo com que arca desde o lançamento da sua candidatura - mas talvez por consequência desse fardo original -, seguidas pedras de tropeço se acumulam no caminho da candidata girassol. Vejamos rapidamente algumas últimas:
a) Não só o PT decidiu por candidatura própria como a candidatura de Luciano Cartaxo cresce no eleitorado de esquerda, presumidamente o eleitorado potencial do socialismo-laranja. Tanto, que Cartaxo já superou Estela e entrou na a briga pelo segundo turno;
b) O prefeito Agra, seguidamente humilhado pelo chefe-girassol, forçou-se a dizer que apóia a favorita do rei, mas extravasa mágoas. A turma do "Volta Agra!" continua inconformada e tende a transformar a mágoa em rejeição e hostilidade à candidata oficial (não exatamente chapa-branca, mas chapa-laranja);
c) O girassol rebelde (será?) Nonato Bandeira continua embandeirando a candidatura pelo PPS. Por enquanto. Mas, por enquanto, atrapalha muito. Obteve 2,4% na pesquisa Correio/Consult. Para se eleger é pouco, mas para atrapalhar a candidata de Ricardo, é muito: significam, esses ínfimos 2,4%, mais de 30% dos poucos 7,7% de Estela.
d) Girassóis se despetalam em brigas públicas, expondo o desmazelo do jardim;
e) Sobre girassóis e laranjas, escândalos novos sucedem os velhos, com tal regularidade que até enfastia;
f) Porém, um escândalo diferente veio quebrar a modorra: a Secretaria da Saúde do Governo Laranja foi flagrada, em vídeo, na prática de crime eleitoral.

Deve ter mais, mas chega. Seria de desanimar; contudo, os apoiadores de Estela confiam nos seus dotes de oratória, na sua desenvoltura em entrevistas e debates. Pode ser; ontem não foi. Ontem ela foi entrevistada por um dos melhores entrevistadores do Brasil, o Padre Albeni, no programa Bastidores, da TV Master. Não chegou a ser um fiasco, mas foi fraquinha. O Padre, aliás, parece-me que abrandou com a moça, talvez por cavalheirismo. Não a apertou tanto quanto costuma apertar os marmanjos. O irreverente Padre que não é padre (parece que foi seminarista, ou coroinha; sei lá!), não deixou de fazer perguntas embaraçosas, mas não replicou as respostas. Tendo passado quase todo tempo tentando esclarecer nebulosidades, a entrevistada não teve oportunidade de dizer nada de claramente positivo. E cometeu, parece-me, uma imprudência que pode azedar ainda mais seu relacionamento com o prefeito Agra: por duas vezes referiu-se ao "declínio" da candidatura de Agra. Será que o pobre prefeito, depois de tantas humilhações, vai ser obrigado a engolir a avaliação de político "declinante"?

Enfim, a candidatura laranja-girassol de Estelizabel está acabando; antes de começar.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Escorpiões petistas voltam a ferroar a liberdade

A Executiva Nacional do PT, em documento aprovado e divulgado nesta quinta-feira 12 arreganha os dentes contra a liberdade. Os petistas autoritários exigem o que chamam de "regulação da mídia", e que antes já chamaram de "controle social da mídia". Reportagem de Catia Seabra na Folha de São Paulo dá conta de que o principal objetivo destes petistas é acabar com a revista Veja. Na verdade querem muito mais; calar a Veja seria só o começo. Eles, petistas autoritários, ensaiam este bote liberticida pela enésima vez, desde que o PT chegou ao poder. Até aqui deram com os burros n'água. Mas, enquanto não se afogarem na desmoralização que é um partido que chegou ao poder pela liberdade da mídia agir para garrotear a mídia, continuarão tentando. A vocação totalitária é uma espécie de segunda natureza em alguns escorpiões petistas.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Conexão Master: a diplomacia de Nonato Bandeira e as twitadas filosóficas do prefeito Agra

Nonato Bandeira foi o entrevistado do programa Conexão Master (TV Master) nesta segunda-feira, 9 de abril. Antes de falar da sua performance, devemos considerar que a bancada do programa comandado por Alex Filho é mais ou menos como o ministério da presidente Dilma: tem tanta gente que não dá pra lembrar de todos. E todos falam muito, menos o entrevistado, que fala só um tiquinho, quando lhe dão uma brechinha. O brilhante apresentador Alex Filho, naturalmente, brilha. Brilham também, costumeiramente, Gilvan Feire, o Padre Albeni e Heraldo Nóbrega. O entrevistado, coitado, seja quem for, jaz ofuscado.
Voltando ao programa de ontem, diremos que Nonato se saiu bem. Não que tenha empolgado, mesmo porque a empolgação não faz seu estilo. Foi cordato, hábil, diplomático. Chegou a ser de grande elegância quando o assunto foi o impedimento da candidatura de Zé Maranhão, devido à rejeição das contas de campanha do ex-governador. Nonato disse não acreditar que tal decisão vá prevalecer e que seria injusto cassar os direitos políticos de um cidadão por motivo de detalhes técnicos de uma prestação de contas mal feita.
No assunto principal, sua candidatura a prefeito, Nonato teve apenas um tempinho para confirmar sua corajosa decisão de levar a candidatura até o fim. Mas o incontido rebelde não conteve o girassol dentro de si e fez juras de amizade ao governado Ricardo Coutinho. Chegou a dizer que não era "contra" a candidata do governador, mas a favor da cidade, etc. Isso é bacana, mas não cola. Qualquer candidato tem de ser contra todos os concorrentes. As chances de Nonato se eleger são próximas de zero, daí que sua atitude de renunciar às benesses do poder seja tão apreciada. A rebeldia, no entanto, se não tem o condão de o eleger, poderia trazer-lhe uma quantidade de votos capaz de robustecê-lo politicamente, torná-lo uma bandeira para lutas vindouras. Porém, se a sua rebeldia for uma rebeldia mansa e comportada não irá atrair um único voto do público rebelde, que não gosta de mansidão nem de bom comportamento. Já a elegância de Nonato com Ricardo não haverá de trazer nenhum voto dos girassóis deslumbrados e obedientes que fazem tudo que o girassol-rei manda fazer: votarão em Estela, graciosa flor. De onde, então, viriam os votos de Nonato Bandeira? Essas dúvidas foram, aliás, levantadas, com pertinácia, por Gilvan Freire; sem que fossem respondidas.
Estando a entrevista de Nonato um tanto morna, o programa ganhou vigor com seguidas twitadas do prefeito Luciano Agra. Foram cinco. Nelas o prefeito levantou a bola de Nonato, transparecendo mágoa com a candidatura de Estela, que ele, Agra, por obediência ao chefe-girassol, diz apoiar. Também voltou a citar o filósofo Nietzsche, inclusive este brado poderoso: "O que não me mata, torna-me mais forte". Bem, eu mesmo considerei, em post anterior, a morte política de Agra. Quem o humilhou, sobre ele tripudiou e, politicamente, o matou, foi Ricardo Coutinho. Se Agra, usando Nietzsche, diz que não morreu, resta provar.
O arguto Heraldo Nóbrega matou a charada ao dizer que o prefeito Agra vai para Estelizabel assim como o bode vai pra dentro d'água; mais vai. Não disse assim com estas palavras, mas por forma rebuscada e castiça; porquanto Heraldo domina com maestria a "última flor do Láscio", abominando quaisquer vulgaridades vernáculas.
De qualquer forma, fica explicado de onde poderão vir os poucos votos que Nonato deve ter: não da rebeldia aberta e clara, mas da mágoa recôndita.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A candidatura de Luciano Cartaxo, do PT, e a imprensa livre

O governo autoritário de Ricardo Coutinho, do PSB, perseguiu (e persegue) duramente seus críticos. Impôs, inclusive, o afastamento dos melhores jornalistas e radialistas de um poderoso sistema de comunicação, o Sistema Correio. Não adiantou, acho até que atrasou o lado dele: os perseguidos mudaram de endereço, sem mudar o endereço das críticas.
Nas democracias, a liberdade de imprensa (uma expressão que permanece, significando liberdade dos meios de comunicação em geral, inclusive internet) pode ser pontualmente atingida, mas responde prontamente, pois tem mais cabeças que a Hidra de Lerna.
Foi esta liberdade de imprensa que fez prosperar a carreira do operário Lula da Silva e do PT, erguendo-os contra grupos poderosos. Em João Pessoa-PB, esta liberdade de imprensa sustenta candidaturas alternativas a prefeito; não só alternativas ao poder do governador, como aos grupos políticos mais tradicionais. Dentre as candidaturas alternativas, a mais auspiciosa é a de Luciano Cartaxo, do PT.
Não obstante, nacionalmente, uma poderosa ala do PT está em aberta campanha para quebrar a liberdade de imprensa, para submeter a imprensa às conveniências político-ideológicas do Partido. Tal como já experimentado pelos regimes bolchevistas e nazi-fascistas. Tal como estes, o petismo autoritário procura esconder a intenção na linguagem. Já chamaram a coisa de "controle social da mídia"; como não colou, mudaram para "democratização dos meios de comunicação".
Felizmente, nem todo o PT entrou nessa onda. A Presidente Dilma, por exemplo, disse não ("o único controle que aceito, é o controle remoto").
Como a campanha de Luciano Cartaxo ganha largo espaço na mídia e cresce especialmente por se contrapor ao cada vez mais repudiado autoritarismo girassol, está na hora dos seus potenciais eleitores cobrarem dele posição sobre o tema: está com a liberdade de imprensa ou com a ala autoritária do PT, que quer a censura?

sábado, 7 de abril de 2012

Nonato: pode ser Bandeira ou pode ser trapo

Nonato Bandeira abriu mão da Secretaria de Comunicação do governo estadual para firmar sua candidatura a prefeito de João Pessoa. O lema de campanha, levantado em faixas por seus partidários, é vistoso: "Temos Bandeira!".
Candidato pelo PPS, Nonato terá de enfrentar o chefe-girassol e sua favorita, do PSB, a graciosa flor Estela. Se levar sua candidatura até o fim, até às urnas de outubro, muito provavelmente Nonato não será eleito. Mas a rebeldia terá valido a pena: o PPS terá, para vindouras lutas, uma bandeira de verdade.
Todavia, escaldados com o contorcionismo do maleável prefeito Agra, alguns observadores da cena política desconfiam que um novo circo está sendo armado, e que mais na frente o dono do circo colocará Nonato no seu devido lugar, provavelmente o lugar de vice da estrela Estela.
Não quero crer. Mas se Nonato se prestar a tal papel, descerá de Bandeira a trapo.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pobre Agra, nem com viagra

Gente acabrunhada pode fazer política? Poder, pode; mas não devia. Vejam o caso daqueles pacifistas da Inglaterra que se acocoraram diante de Hitler até às vésperas da guerra. Deles, ainda antes da tragédia, disse o bravíssimo Churchill: "Entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra; e terão a guerra". Quando não ocasionam tragédias, os políticos tíbios proporcionam comédias. Vejam o caso do prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, sujeito de boa índole, operoso e obediente. Na terça-feira, 3 de abril, Agra deu uma de macho e demitiu um secretário insolente. Na sequência, via twitter, lançou mão do taoísmo e da filosofia do super-homem Nietzsche para dar ares grandiloquentes à sua coragem. Na quarta-feira chegou à reunião do PSB botando fogo pelas ventas. Fez destemido discurso, disse verdades (por exemplo: que a candidatura de Estelizabel não decola, e que não decola porque está colada a um governador desgastado) e relançou sua candidatura à reeleição. Foi um frenesi na internet: "Bravo Agra! Bravíssimo!". Aí veio o chefe-girassol e disse lá umas palavras; bastantes para que Agra recolhesse sua recém inaugurada bravura. O girassol alvoroçado voltou à murcha condição de girassol subalterno.
Luciano Agra fez uma certa nomeada de administrador competente. Pode ser. Para ser competente não precisa ser político, mas para ser político é preciso ter coragem. Politicamente, Agra acabou-se. Caiu e não levanta mais. Nem com viagra.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A coragem do Prefeito Luciano Agra será "de vera"?: sobre lealdade institucional e lealdade marginal

O governador Ricardo Coutinho - dono do PSB na Paraíba - impôs ao prefeito da capital paraibana, Luciano Agra - membro do PSB -, dura humilhação, obrigando-o a renunciar a uma natural e legítima candidatura à reeleição. De início, e por bastante tempo, o prefeito aceitou, engoliu e remoeu. De alguns dias para cá, começou a regurgitar, demostrando inconformismo. Até que a insolência de um subordinado o fez, por fim, inteiriçar-se em brios e tomar a única atitude digna que poderia tomar, demitindo o subordinado insolente.
Ronaldo Barbosa - presidente do PSB-JP - todos sabem, é um antigo lugar-tenente de Ricardo Coutinho. Mas, tendo Ricardo abandonado a Prefeitura de João Pessoa para participar da vitoriosa campanha ao Governo do Estado, Ronaldo permaneceu na Prefeitura, como secretário de Articulação Política. É este um cargo de confiança, de livre provimento do Prefeito. Assim, o secretário Ronaldo devia sua lealdade institucional ao Prefeito Agra. Ao ser, de público, insolente com o Prefeito, o secretário traiu essa lealdade. Não custa lembrar: o secretário de Articulação Política do Prefeito veio de público esclarecer a seguinte articulação política: se o prefeito Agra quisesse novamente postular a reeleição, no que dependesse dele, secretário Barbosa, não teria legenda. Muito provavelmente, o secretário desprezou de forma tão acintosa seus deveres institucionais para dar aberta demonstração de uma lealdade marginal que lhe fala mais alto ao coração: a lealdade ao "chefe". No caso, o "chefe-girassol": um chefe autoritário, prepotente, arrogante, exigente e ciumento.
Resta saber se a coragem que o prefeito Agra demonstra ao peitar o "chefe" de Ronaldo Barbosa é "de vera", como dizia a garotada de antigamente. Se for "de vera", será também sem volta, e só lhe restará demitir todos os ocupantes de cargos de confiança que não lhe mereçam mais confiança. Que escolham entre a lealdade institucional ao Prefeito e a lealdade marginal ao "chefe".

domingo, 1 de abril de 2012

Beto Carneiro, anticristo brasileiro

O gênio Chico Anísio criou o vampiro mais engraçado do mundo, o Beto Carneiro. Mais engraçado que esse "vampiro brasileiro" somente se o comediante estivesse vivo para criar, agora, um "Beto Carneiro, anticristo brasileiro". No caso do "vampiro brasileiro", a arte cômica do insuperável Chico fez paródia de um personagem de ficção. No caso do "anticristo brasileiro" faria a paródia de uma verdadeira legião, empenhada, vejam só, na tarefa de expulsar dos locais públicos todo e qualquer símbolo do cristianismo. Certamente, vão tentar implodir o Cristo Redentor. Por enquanto, conseguiram arrancar e proibir a cruz no Tribuna de Justiça do Rio Grande do Sul. Eis aí a piada tremenda: o mesmo TJ que jogou fora a cruz de Cristo, aproveitou a religião de Cristo para avançar a mão grande da preguiça na quinta-feira, véspera do feriado da Paixão. Foi decretado que o feriado religioso da sexta-feira começará já na tarde da quinta-feira, o que, seguramente, implica no enforcamento da manhã, propiciando aos anticristos um gostoso feriadão de quatro dias.
Por falar em enforcamento, Judas Iscariotes..., deixa pra lá.

O Papa, Dilma e Cuba: entrevista com Jon Lee Anderson

No Gobo online, vi uma excelente entrevista sobre Cuba com Jon Lee Anderson. Vem a ser o autor da mais importante biografia de Che Guevara (publicada no Brasil pela Editora Objetiva) e especialista em assuntos da América Latina. Anderson é jornalista de esquerda, colaborador, dentre outros jornais e revistas, do New York Times, Life e The Nation. Ele descreve a situação da ilha em cor cinzenta, dizendo que ficará mais cinzenta se acontecer a morte de Hugo Chávez, pois a Venezuela é o esteio internacional da economia cubana, cumprido papel semelhante ao que cumpriu a União Soviética décadas atrás. Um tanto cético quanto a mudanças no regime, Lee Anderson acha, entretanto, que seja possível, mais adiante, uma abertura que leve a melhoras no país socialista. Para promover esta abertura seria decisiva a atuação da Igreja Católica e do Brasil. Remeto os leitores à entrevista, mas destaco dois trechos:

Sobre a situação econômica: "O açúcar está quase morto em Cuba. Há um pouco de petróleo, pesca e turismo, mas a agricultura está em péssimas condições e não há exportações para se falar, além de de rum, migrantes cubanos e tabaco. Isso é nada. No fim há o turismo e uma economia de serviços que, infelizmente para muitos cubanos, inclui uma próspera indústria do sexo e um traço nacional de trapaça como modo de sobreviver".

Sobre o papel da Presidente Dilma Rousseff: "Ela pode escolher trabalhar de forma discreta agora, mas, se necessário, falar abertamente se a situação exigir. A libertação de prisioneiros políticos poderia ser a compensação para qualquer investimento brasileiro ou crédito financeiro. Não deve ser tão difícil e deveria ser feito".