Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Millôr: o gênio comparável

Millôr Fernandes não foi um gênio incomparável. Eu mesmo o comparo aos grandes satíricos da literatura universal, como Rabelais, Swift e Mencken. Também gosto de compará-lo a Camões. Não pelo estilo literário, que Millôr não era chegado nem a sonetos nem a versos heróicos. Mas, tanto o portuga caolho quanto o carioca careca foram muito chegados às mulheres: não podiam ver um rabo de saia. Como se sabe, Camões foi amante infeliz. Millôr teve melhor sorte, no seu tempo de juventude a mini-saia já havia sido inventada.
Millôr morreu, e já antes morrera Camões. Mas, na verdade, não morreram, porque fizeram por onde não morrer. Isso foi posto claro pelo caolho na estância 2 do Canto I d'Os Lusíadas. É esta estância (ou estrofe) que roubo do gênio português para homenagear o gênio brasileiro:

"E também as memórias gloriosas
Daqueles reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e Ásia andaram devastando;
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar engenho e arte".

Já uns pela espada, já outros pela obra escrita, se vão libertando da mais dura das leis. E para ainda continuar homenageando o imortal Millôr Fernandes, nada melhor do que brindar os leitores com algumas daquelas suas frases que fizeram as delícias da irreverente inteligência brasileira:

"O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O socialismo é o contrário".


"O dinheiro não traz felicidade. Manda buscar".


"O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde".


"Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor".


"O melhor movimento feminino ainda é o dos quadris".


"Em geral, quando a gente encontra um espírito aberto, entra e verifica que está vazio".


"Tem cautela; ajuda o sol com uma vela".


"O mal do mundo é que Deus envelheceu e o Diabo evoluiu".


"A pobreza não é, necessariamente, vergonhosa. Há muito pobre sem vergonha".


"Se todos os homens recebessem exatamente o que merecem, ia sobrar muito dinheiro no mundo".


"Errar é humano. Ser apanhado em flagrante é burrice".


"Errar é humano. Botar a culpa nos outros também".


"A infância, não: ela dura pouco. A juventude, não: ela é passageira. A velhice, sim: quando o cara envelhece é pro resto da vida".


"É meu conforto: da vida só me tiram morto". 


  

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