Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ricardo Coutinho vai por mau caminho, rumo ao impeachment. Mas, estando no meio da viagem, tem tempo de refletir e reencontrar o bom caminho. Como encorajamento para reflexão, versos de Dante Alighieri

O enfrentamento entre o governador Ricardo Coutinho e a maioria dos deputados estaduais já começa a ter repercussão nacional. Na sua coluna de 30/12/2012, o jornalista Cláudio Humberto, um dos mais lidos e respeitados do Brasil, deu uma nota tão curta quanto preocupante. Preocupante, principalmente, para o governador. Vejam:

"30/12/2012/00:00
Guerra paraibana
É feio o confronto do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), com a Assembléia Legislativa. Ele disse que não vai ficar de joelhos e os deputados já falam até em impeachment".

Aqui na Paraíba, essa conversa do impeachment de Ricardo vem desde o começo de 2012. O governador sempre teve um relacionamento difícil com os deputados. E não só com os deputados, pois acumulou desafetos em todas as categorias, especialmente entre o funcionalismo estadual, categoria que tem perseguido com especial esmero. Não é sem razão que o arguto Gilvan Freire, ex-aliado de Ricardo, o classifica como "inafetivo".

A base de sustentação de Ricardo na AL sempre foi precária. Agora, passou a quase nada. Como se viu na última votação de grande interesse do governador, a da mudança do Regimento Interno da AL, a derrota de Sua Excelência foi humilhante: 30 a 6. Isso mesmo, dos 36 deputados que compõem a Casa do Povo, o governador conta com apenas uma mísera meia-dúzia. É bem verdade que a tropa governista está à espera de algum reforço. Os suplentes que assumem no lugar dos prefeitos eleitos Luciano Cartaxo e André Gadelha, parece que já foram cooptados pelo Palácio da Redenção. Tem também o deputado Gervásio Maia, do oposicionista PMDB, recebido com pompa pelo governador na Granja Santana. Gervasinho está, como diria o saudoso Leonel Brizola, "costeando o alambrado".

6 + 3 = 9. É ainda muito pouco. Em suma, pela contabilidade de hoje, a oposição, em sendo o caso de aparecer algum motivo, tem maioria qualificada para proceder ao impeachment do governador. E a questão é exatamente esta: há motivo para o impeachment de Ricardo? Não se pode apear um governador do poder sem motivo. Sabe-se que correm na Justiça alguns processos que podem atingir Ricardo Coutinho. Se ele for inocentado em todos, ficará no poder até o fim do mandato, por mais minoritário que esteja na Assembleia. Caso contrário, o processo de impeachment correrá célere, mais rápido ainda do que o do Presidente Collor de Melo.

Será mera coincidência que o temperamento de Ricardo Vieira Coutinho semelhe ao de Fernando Collor de Melo, mas como se parecem: corajosos, audaciosos, arrogantes, vaidosos, autoritários, truculentos. Collor foi por mau caminho. Ricardo vai por mau caminho. Nesse episódio da mudança do Regimento da ALPB, por exemplo, Ricardo insultou o Poder Legislativo de forma grosseira, e ainda por cima demonstrando grande ignorância quanto à natureza das instituições democráticas. Vejam o que, referindo-se aos deputados, disse Sua Excelência:

"...aqueles outros que acham que governar é simplesmente fazer um balcão de negócios..."; "O povo é muito mais do que 20 ou 30 pessoas que se reúnem em um restaurante para poder achar que são donos da verdade e falam em nome do povo".

Ora, os deputados falam e legislam em nome do povo por representação; representação esta adquirida em eleições democráticas. Da mesma forma que a representação legislativa, também a representação executiva do governador depende do Poder Originário: O POVO. Que os deputados paraibanos se considerem donos da verdade, não tenho notado. Já Ricardo, sem dúvida, considera-se dono da verdade.

Certamente, o Povo é maior do que quaisquer dos seus representantes; e pode, por via legal, destituí-los (também por via revolucionária, mas isso é outra história). Essas falas de Ricardo, registradas na mídia local, há cerca de uma semana, foram arrematadas de maneira curiosa. Vejam:

"Ninguém pode ultrapassar seus limites e no meu ver a Assembleia ultrapassou".

Ele se referia à mudança do regimento da ALPB. Ora bolas, porque cargas d'água os legisladores estaduais estariam ultrapassando os seus limites ao legislar sobre o seu próprio regimento? Quem, na sua prepotência sem fim, tem ultrapassado seus limites é o governador Ricardo Coutinho.

O governador paraibano vai por mau caminho. Tem volta? Claro que tem. E tem tempo: está a meio do caminho. Aliás, metade do caminho é um excelente tempo para reflexão. Podemos mesmo adiantar um sinal positivo: no momento em que a postura beligerante do governador era secundada por alguns dos seus escudeiros desatinados, a recém nomeada secretária de Comunicação, Estelizabel Bezerra, a Estela, veio a público com declarações as mais sensatas, tentando desarmar os espíritos.

Como Ricardo sozinho já briga muito, ajudaria a si mesmo se proibisse seus girassóis mais afoitos de estar insultando a torto e a direito. Que ele deixe a comunicação apenas a cargo da secretária de Comunicação. Estela dá conta do recado.

Se refletir, se ponderar, Ricardo Coutinho poderá não só recompor sua base política como recuperar as simpatias do eleitorado, que, como se viu pela derrota em João Pessoa, vem perdendo; mas não perdeu tanto quanto se pensava. E assim pode se reeleger. Se continuar no caminho que vai, na passada que vai, antes do fim do ano de 2013 estará fora do governo, cassado e inelegível.

Por mais que tenha criticado o governador Ricardo Coutinho, não lhe quero mal. Pelo contrário, lembro que no seu primeiro mandato de prefeito da capital foi um dos melhores da nossa história; e torço para que o mau governador de hoje se espelhe no bom prefeito que foi. Creio que sua prepotência saiu de controle e o fez perder-se em uma "selva escura". Espero que o governador de todos os paraibanos saia da sua "selva escura", e lhe envio, como forma de encorajamento para reflexão, os primeiros versos da primeira parte da "Divina Comédia", "Inferno", quando, a meio do caminho da vida, Dante Alighieri deu consigo numa selva escura porque o caminho verdadeiro fora perdido.

"Nel mezzo del cammin di nostra vita
Mi ritrovai per una selva oscura
Ché la diritta via era smarrita"  

Espero que Ricardo Coutinho se reencontre, que reencontre o verdadeiro e bom caminho.

 



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Entrevista com Flávio Eduardo Maroja Ribeiro, vereador eleito (PT) de Jampa Capital: o Mestre Fuba, das Muriçocas do Miramar




ROCHA 100 - Pela sua identificação com a vida cultural de João Pessoa, vai usar o seu cargo de vereador, prioritariamente em função de projetos culturais?
Fuba – Como produtor e agente cultural que sou, a minha atuação em defesa da cultura já faz parte de minha própria vida e está inserida em meu cotidiano. É necessário entender o papel de um vereador como deflagrador da atividade jurisdicional.  Um parlamentar tem que ter uma visão macro sobre os problemas da cidade e não apenas se limitar a um único seguimento. Evidentemente darei minha contribuição no que for preciso para melhorar e qualificar a nossa cultura, mas não poderei deixar de olhar, fiscalizar e propor alternativas convincentes para melhoria de nossa população em todas as áreas do município.

ROCHA 100 - Pode adiantar alguns dos seus projetos? 
Fuba – Por motivos óbvios e de sigilo de planejamento, ainda é cedo para adiantar os projetos que apresentaremos na Câmara, mas posso garantir que todas as matérias serão debatidas profundamente com a sociedade até chegar à condição de Lei.

ROCHA 100 - Acha que o prefeito eleito está especialmente motivado na área cultural?
Fuba – É claro! O que não falta é motivação nesse novo projeto político. Em todas as áreas. Luciano Cartaxo é uma pessoa que acumula uma experiência incontestável e tem o dom da sensibilidade.  Já foi vereador por quatro mandatos, vice governador e deputado estadual. É uma pessoa simples e que sabe escutar.  Como prefeito, não tenho dúvidas que fará uma gestão voltado aos movimentos de massa e em defesa dos menos favorecidos. No nosso programa de governo está previsto  obras estruturantes na área de mobilidade urbana, saúde e educação sem esquecer a valorização do servidor público que é a mola propulsora para uma boa gestão.  Nesse contexto a área cultural é também uma  prioridade já que estamos em visível declínio e é necessário em caráter emergencial resgatar  a nossa auto estima que só é possível com a fomentação da cultura e do resgate da nossa história. Algumas idéias estão em curso, mas só serão divulgadas após o relatório final da equipe de transição e a conseqüente radiografia dos pontos críticos a serem analisados.

ROCHA 100 - Além da cultura, que é, digamos assim, a  menina dos seus olhos, que outras áreas de atuação lhe são preferenciais?
Fuba – Não posso preferenciar áreas de atuação, mas, além da cultura, me identifico muito com os movimentos sociais, a defesa do meio ambiente, o turismo sustentável e o bem estar da sociedade, sem preconceitos e descriminalização. João Pessoa é uma cidade que até hoje foi pouco aproveitada como referência cultural. Só o fato de sermos privilegiados geograficamente já seria motivo suficiente para darmos um salto qualitativo na área do turismo, por exemplo.  É inconcebível que a terceira capital mais antiga do Brasil não tenha tido ainda a capacidade de revitalizar o seu Centro Histórico. É necessário pensar grande para que deixe fluir todas as possibilidades. É nesse contexto que faremos o nosso mandato, dialogando com todos os movimentos e manifestações da sociedade.

ROCHA 100 - No último ano de Ricardo Coutinho como prefeito a FUNJOPE vetou o projeto de WJ Solha para a peça "A PAIXÃO JUDAICA". Esse magnífico projeto já havia sido aprovado, mas voltou-se atrás por motivos político-eleitorais. Há perigo de tal procedimento ocorrer na gestão de Luciano Cartaxo. Ou seja, pode a nova administração municipal impor uma gestão cultural político-partidarizada? 
Fuba – Pela primeira vez João Pessoa terá oportunidade de ser governada pelo PT e se existe um diferencial nesse partido, posso garantir que é a tal da democracia. O prefeito Luciano Cartaxo nunca foi de perseguir e espero que continue assim. Se um dia mudar serei o primeiro a discordar.  Essa política pobre e mesquinha não faz parte de sua índole e creio que a partir de agora, todas as bandeiras serão desasteadas para dar vez à pluralidade, a democracia e ao diálogo. A ditadura cultural e o patrulhamento ideológico não farão parte desse governo.  É nessa perspectiva que vejo um novo tempo a ser construído e Luciano já provou que tem capacidade de aglutinar através do diálogo e da compreensão.

ROCHA 100 - A FUNJOPE, como principal órgão de gestão cultural da PMJP, pode promover a cultura pessoense, mas pode também atrasá-la; pode elevá-la ou degradá-la; pode ajudar a liberar a imensa criatividade de nossa gente, mas pode também tentar controlar, manipular e abafar essa criatividade. Você, como intelectual engajado, propõe algum modelo de gestão, talvez um nome, adequado ao clima de liberdade, á pluralidade que o fazer artístico requer? 
Fuba – A meu ver o nome que deverá compor a FUNJOPE tem que ter o perfil técnico e manter uma boa relação com os artistas e a história de nossa cidade.  Não poderá simplesmente ser um cargo político. Tem que ter compromisso com o seguimento e fazer assumir o seu verdadeiro papel de fundação, captar recursos e inserir projetos que fomentem os setores relacionados. Cultura não se resume a shows, exposições, artesanato, artes cênicas ou eventos multimídias. Na cultura da gastronomia, por exemplo, a forma de se amarrar uma corda de caranguejo é altamente cultural assim como o nosso “rolete de cana” que tem uma semelhança muito grande com um buquê de flores e é típico da Paraíba.  Isso também é cultura! A cultura do sotaque e do comportamento é essencial na preservação de nossa história.  Da mesma forma, tem que se garantir um espaço maior a cultura popular como forma de repassar para as futuras gerações as suas tradições.   Provocar esse debate, fomentar projetos e oficinas na periferia, descentralizar ações e desburocratizar os serviços, talvez seja a melhor forma de pluralizar e divulgar a cultura do nosso povo fazendo chegar essas manifestações a um contingente maior e bem mais expressivo. Para isso é necessário criar conceitos e critérios, implantar o Conselho Municipal de Cultura, reestruturar o FMC e distribuir democraticamente os espaços aos artistas priorizando, por uma questão de justiça, os que atuam e sobrevivem exclusivamente de suas artes.

ROCHA 100 - Você é artista, escritor e político. Pois, um dos maiores artistas da Paraíba, do Brasil e do mundo, o pintor Flávio Tavares, gênio da raça, disputa na Academia Paraibana de Letras a vaga de Ronaldo Cunha Lima. Já o escritor-historiador Marcus Odilon, mais conhecido como político, disputa a vaga de Joacil de Brito Pereira. O que acha dessas candidaturas?  
Fuba – Concordo com os dois nomes citados. Admiro muito o trabalho vanguardista de Flávio Tavares assim como a literatura intelectualizada de Marcos Odilon. São, sem dúvidas, dois ícones que devem ser reconhecidos e imortalizados pela APL.

ROCHA 100 - Última pergunta: está bem perto a eleição para Presidente da Câmara Municipal de João Pessoa. Quem é seu candidato?
Fuba – É tempo de se unir. O fato de termos uma larga vantagem de parlamentares na base de sustentação não quer dizer que devamos entrar numa disputa interna colocando em risco essa unidade. Durval Ferreira conseguiu construir essa maioria com habilidade. Além disso, ele representa o PP, primeiro partido que apoiou e acreditou no nosso projeto. Por essa razão não vejo alternativa de mudança capaz de influenciar os vereadores no consenso de outro nome.

João Pessoa, 19/12/2012.




domingo, 16 de dezembro de 2012

"Poder, Alegria dos Homens": um livro afrodisíaco


"Poder, Alegria dos Homens":
um livro afrodisíaco

por Washington Rocha

O grande Ulisses Guimarães, pai de Nova República, dizia: “O poder é afrodisíaco”. O poderoso Henry Kissinger também: “O Poder é o afrodisíaco mais forte”; e ainda: “O poder é o último afrodisíaco”. Na verdade, esse é um conhecimento velho como o mundo. Sendo que Ulisses viveu até longa idade, muito terá feito uso dessa versão imemorial do viagra. Kissinger, aos 89 anos, continua ativo intelectual e amorosamente. O ex-primeiro ministro italiano Sílvio Berlusconi, de 76 anos, está com uma namorada de 27; e está preparando sua volta ao cargo: aí, arranja uma de 17.

Desde sempre, os homens lutaram pelo poder; só alguns poucos atingiram seus cumes, e estão na história.

O primeiro livro publicado por Marcus Odilon Ribeiro Coutinho trata disso: o Poder. O feliz título, adaptado de uma peça sacra – a celebérrima cantata “Jesus, Alegria dos Homens”, de Johann Sebastian Bach –, traz para a profana sensualidade aquilo que no mestre alemão era alegria mística. Com efeito, o poder é a mais profana das alegrias. Tal alegria foi exaltada pelo filósofo, autodeclarado Anticristo, Friedrich Nietzsche, que se refere à “glória e prazer de mandar”.

Já nas epígrafes do livro de Marcus Odilon, consta um paraibano famoso pela obsessão por poder e sexo: Assis Chateaubriand. Vejam:

O poder engana e atormenta.
É doce como sapotí, dá mais
fôrça do que mão de vaca e
mais alegria do que cana de
cabeça”.

Para quem não sabe, “mão de vaca” é uma deliciosa iguaria sertaneja, um pirão com tutano, comida de muita 'sustança' feita com as patas dianteiras da vaca. Um santo remédio, afrodisíaco poderoso que levanta até defunto.

Como viram, a epígrafe de Chateaubriand está em grafia antiga. O livro foi publicado (Gráfica A Imprensa – João Pessoa-PB) no distante ano de 1965. O autor, apesar de muito jovem, já tinha algum poder: era prefeito em Juarez Távora. E tinha, o que nunca lhe abandonou: a ambição sincera e confessada, o gosto, o prazer, a voluptuosidade do poder. 

Sem que o poder seja uma paixão, uma espécie de vício, considera o autor que é melhor que se abandone o ofício da política, que não é coisa para inapetentes. A páginas tantas, Marcus Odilon lança mão de um ditado popular (e usará muitos outros ao longo do livro, confessando seu apego à sabedoria de Mestre Povo): “O diabo leve o Poder que não pode”. Daquele Diocleciano, imperador romano que deixou o trono para se dedicar ao cultivo de hortaliças, diz, jocosamente: “grande vocação de verdureiro”.

No livro de Marcus as citações históricas são recorrentes – e são precisas –, erudição surpreendente em uma autor tão jovem. Se a história universal serve de pano de fundo, a política da Paraíba daquela época, meados do séc. XX, é observada nos detalhes, com um exato foco: a luta pelo poder (o período exato de enfoque está dito no livro: “A Paraíba, na nossa observação, inicia-se em 1930 e termina em nossos dias”).

Se a Paraíba é o quadro, a Idéia que o anima é o Poder, sempre grafado por Marcus Odilon com inicial maiúscula. Enfatiza o autor: “A nossa intenção não é definir, é exaltar o Poder”. A sua inspiração é inequivocamente Maquiavel: a ação política se justifica pela procura do bem coletivo, o qual não se pode promover sem ter alcançado o poder; então, antes de tudo, é preciso agir para alcançar e manter o poder. Ou seja: em política, feio mesmo é perder. Nas suas palavras:

Não só Cícero, mas todo político, em qualquer tempo, ambiciona o mando, com todas as suas fôrças; ódio, o amor, inveja e dever […] só no exercício do govêrno é que se pode levar o bem ao povo […] Só o inerte, o que pensa só em si, não faz nada. Não move as rodas da história. É muito difícil chegar ao Poder. Quando o tem é por herança e mesmo assim não o conserva. Luiz XVI é um desses casos. Terminou não só sem a corôa na cabeça, mas sem a cabeça no corpo” […] Daí se conclui e é elementar que, para ter o Poder, é preciso querê-lo sobre todas as coisas. Obsessão pelo mando. Sensualizar-se com o govêrno, isto sim”.

Da importância do livro inaugural de Marcus Odilon para a historiografia, não precisa que eu fale, outros já o fizeram; inclusive aquele mestre maior da intelectualidade da época, Virgínius da Gama e Melo, no extenso e excelente prefácio com que enriquece o livro do jovem companheiro de literatura. Cito algumas passagens:

Livro que se inscreve antecipadamente ao debate é este volume de Marcus Odilon Ribeiro Coutinho […] Por isso a crônica de Marcus Odilon Ribeiro Coutinho interessará a todos os círculos políticos do país, inclusive seus estudiosos e teóricos de sociologia política e digamos duma possível antropologia política […] As personagens de Marcus Odilon Ribeiro Coutinho – fala-se de personagens, pois que, se de existência histórica, neste livro, de tão vivas que se apresentam, parecem coloridas dessa humanidade além que é a ficção. Não houvesse ainda a grande personagem do livro – o poder – objetivo das personagens secundárias e objeto da obra – sempre o elemento polarizador da alma humana, fonte e “alegria dos homens” […] Os líderes paraibanos, mesmo os de âmbito nacional, passam por essa crônica pitoresca, não raro contundente, despidos das vestes que a legenda temporal ou a posição política lhes andou criando para o panorama brasileiro […] Mas é aqui onde entra a sutileza maquiavélica do jovem autor, dissimulando-se em cronista, alegre na severidade, tolerante na condenação, cordial e humana, convicto de que, na província, é onde mais somos todos irmãos”.

Dada a excelência do prefácio de Virgínius, que realça a excelência do livro, o que mais resta a dizer é que “Poder, Alegria dos Homens” está precisando de uma reedição.

Washington Alves da Rocha.

João Pessoa, 16/12/2012.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O PETRÓLEO NÃO É DELES, O PETRÓLEO É NOSSO! Ato Público em O Sebo Cultural mobiliza artistas, intelectuais, advogados, jornalistas, professores, estudantes, operários, políticos e poetas; e marca resistência paraibana

O Ato Público pela derrubada do veto presidencial à distribuição dos royalties do petróleo, realizado ontem - 13/12 - em O Sebo Cultural, mobilizou artistas, intelectuais, advogados, jornalistas, professores, estudantes, operários, políticos e poetas. Marcou a resistência da Paraíba. Foi uma beleza.

Alexandre Guedes, advogado e militante dos Direitos Humanos, da OAB-PB, conduziu os trabalhos. Rafael Freire, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ, esteve prestigiando o evento na companhia dos também líderes da categoria Cida Melo e Josinaldo Freitas; uníssonos na defesa da justiça distributiva. Radamés Cândido representou o Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana, o que começa a trazer para o palco dessa luta a decisiva classe trabalhadora. O médico, romancista, cantor, poeta-compositor e intelectual militante socialista-católico Romeu de Carvalho explanou sobre a conjuntura política que levou à aprovação da Lei dos Royalties e enfatizou o quão urgente se faz a vigência de tal lei distributiva. Rui Galdino, militante trabalhista histórico, do velho e bravo PDT do Brizola, fez o discurso mais inflamado em defesa do Nordeste, chegando a propor que, a continuar sendo a nossa sofrida região desprezada e defraudada, seria melhor levar em frente a proposta poética de Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova: decretar o NORDESTE INDEPENDENTE. O professor e também poeta Ivaldo Gomes, expoente da luta pela Democracia Participativa, falou sobre a importância dos nordestinos para a grandeza do Brasil, ressaltando que foi a brava gente nordestina que construiu Brasília e alavancou o crescimento de São Paulo. Coube ao intelectual, jornalista e inventor Reginaldo Marinho ponderar sobre a necessidade de manter o Brasil unido: lutar pelo Nordeste, mas não propor divisão.

Por enquanto, adia-se a Guerra de Secessão ("Eita Pau Pereira, que em Princesa já roncou! Eita Paraíba, Mulé Macho, Sim Sinhô!"). Mas, aqui pra nós, essa turma do Cabral, lá do Rio Maravilha, tá de sacanagem e abusando da nossa paciência. Afinal de contas, O PETRÓLEO NÃO É DELES, O PETRÓLEO É NOSSO!

Sendo o petróleo de todos os brasileiros, o veto à justa distribuição foi um esbulho. Derrubá-lo é uma questão de justiça. E também uma questão de vigilância: os representantes dos estados que querem o petróleo só para eles estão enfiados em tenebrosas transações para melar a votação do veto, marcada para esta terça-feira (18/12). Por isso mesmo o nosso combativo vereador Marco Antônio propôs uma VIGÍLIA CÍVICA até lá, até que a distribuição dos royalties do petróleo para todos os estados brasileiros esteja garantida. Essa proposta veio na sequência de um discurso em que Marco Antônio reduziu a pó os argumentos dos que querem a exclusividade dos royalties.

Não será o caso de que eu vá aqui repetir os argumentos do vereador Marco Antônio, mesmo porque não saberia fazê-lo à altura. Então solicito ao próprio que coloque tais argumentos em papel (quer dizer: no computador) e nos envie para publicação.

Registre-se que Marco Antônio é vereador eleito, ainda não assumiu, assume no dia 1º de janeiro. Vale dizer: não assumiu o cargo, mas já assumiu a luta.
Antes de começar, Marco Antônio já começou bem.

VIVA A PARAÍBA! VIVA O NORDESTE! VIVA O BRASIL!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Heriberto Coelho mobiliza e Ato Público pela derrubada do veto à distribuição dos royalties do petróleo bomba na internet

A iniciativa para realização de Ato Público aqui em Jampa Capital pela derrubada do veto presidencial à Lei dos Royalties - aprovada no Congresso Nacional por ampla maioria - foi deste Portal 100 Fronteiras. Inicialmente, uma convocação tímida e acanhada. Mas a coisa foi pegando e alastrou-se pela net: está, como se diz, bombando. Além da importância dos interesses em disputa, concorreu decisivamente para a alta receptividade da mensagem: 1) que o local de realização seja O Sebo Cultural; 2) que o diretor-presidente de O Sebo Cultural, Heriberto Coelho, tenha atuado na mobilização, ainda que em cima da hora.

 Enquanto sob nossa responsabilidade, a mobilização/divulgação andou, mas andou devagar, feito uma tartaruga cívica. Bastou uma ajuda de Heriberto, e a tartaruga virou coelho. Foi Heriberto Coelho quem contactou as entidades e partidos que estão dando apoio ao evento, elaborou o belo convite e o alastrou nas redes sociais. Ele é o maior mobilizador cultural da Paraíba. Se não houvesse brigado com o governador Ricardo Coutinho, Heriberto Coelho deveria ser presidente do Espaço Cultural. Walter Santos, jornalista-empresário e um dos mais importantes multimídias do Brasil, lamenta que Heriberto não tenha sido escolhido pelo prefeito eleito Luciano Cartaxo para presidir a FUNJOPE (todavia, registre-se, Walter reconhece o valor de Maurício Burity, o escolhido de Cartaxo).

Vamos em frente: Política também é Cultura. E Heriberto realizou uma grande mobilização para o evento de hoje (13/12 às 18:30 h.) em O Sebo Cultural. O petróleo, todos sabem, é uma magna questão política e cultural: recordem a campanha liderada, dentre outros, por Monteiro Lobato: O PETRÓLEO É NOSSO!

O Sebo Cultural, mais uma vez, vai ter casa cheia. Quem duvidar, é só comparecer. Depois do Ato Público, belos shows musicais. No próprio Ato Público, teremos a exibição do nosso hino de luta: Nordeste Independente, na voz apocalíptica da profetiza Elba Ramalho.

Como antecipação, transcrevemos as duas últimas estrofes do  magnífico cordel composto por Bráulio Tavares e  Ivanildo Vilanova e cantado por Elba, sendo que a fala final, dizendo que "o povo não é besta", é um improviso da cantora: oportuno, feliz improviso.

Obs. Como o poeta-filósofo Bráulio Tavares já explicou mais de uma vez, Elba usou, na gravação que ficou famosa, apenas umas poucas das muitas glosas que ele e Ivanildo Vilanova fizeram sobre o mote "Imagine o Brasil ser dividido / e o Nordeste ficar independente".

Nordeste Independente

Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova


Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Neste nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade,
Tem o pão repartido na metade,
Tem o prato na mesa, a cama quente,
Brasileiro será irmão da gente,
Vem pra cá que será bem recebido:
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.


Eu não quero com isso que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro,
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português.
Se uma dia a separação se fez,
Todos dois se respeitam no presente,
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido:
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.


Povo do meu Brasil,
Políticos brasileiros:
Não pensem que vocês nos enganam,
Porque nosso Povo não é besta.




quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Ato Público dia 13 em O Sebo Cultural pela derrubada do veto à distribuição dos royalties do petróleo: a coisa tá pegando - Mesa já conta com Rui Galdino, Renan Palmeira, José Calistrato, Vanderli Farias, Arruda do PSOL - Inocêncio Nóbrega enviou mensagem

Do intelectual/jornalista/historiador Inocêncio Nóbrega recebo, via e-mail, a seguinte mensagem:

"Guerreiro Washington Rocha:
Acompanho sua luta, Nordeste Independente, e o desabafo de um mineiro, via internet, pelo veto ao veto. Penso que outras regiões também estarão prejudicadas, se o Congresso preferir a traição ao pacto federativo da República. Gostaria de voltar a gritar junto a você, um Brizola redivivo. Não sendo possível, aceite esta modesta contribuição, dos brizolistas convictos - também falo por Kevlemm".

O citado Kevlemm é filho de Inocêncio e foi, junto comigo, um dos fundadores da Militância Brizolista. Certamente, exultei com a mensagem destes queridos companheiros, que, distantes, aproximam-se pela solidariedade.

A receptividade aqui mesmo em João Pessoa ao chamado para o Ato Público pela derrubada do veto perverso também está sendo muito positiva. Apenas iniciamos os contatos e já temos confirmados para a Mesa os nomes citados no título desse post, pessoas de grande dedicação às causas do Povo. Seguramente, conseguiremos reunir em O Sebo Cultural (dia 13 - quinta-feira - 18h.) representantes de todos os partidos, cidadãos sem partido e até aqueles que detestam política partidária. Ivaldo Gomes, por exemplo, que na última eleição fez campanha pelo VOTO NULO, está divulgando o evento do dia 13.

Na frente parlamentar a coisa anda bem. Tão bem que a turma do Rio de Janeiro já está ameaçando com chicanas no sentido de melar a votação urgente do veto, para a qual já foi conseguido o número suficiente de assinaturas. Se Atos Públicos de apoio à derrubada do veto se espalharem pelo Brasil, chicana nenhuma conseguirá deter a votação. Havendo votação, é certo que o veto cairá.

Se não cair, teremos de declarar o NORDESTE INDEPENDENTE. Lá em O Sebo Cultural ergueremos um telão para ver a profetiza Elba Ramalho cantar o nosso hino (ou, quem sabe, ela esteja lá em carne e osso). Vão aí mais duas estrofes dessa obra-prima.


NORDESTE INDEPENDENTE

Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova


Em Recife o distrito industrial,
O idioma ia ser nordestinense,
A bandeira de renda cearense,
'Asa Branca' era o Hino Nacional;
O folheto era o símbolo oficial,
A moeda, o tostão de antigamente,
Conselheiro seria o Inconfidente,
Lampião o Herói Inesquecido:
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.


O Brasil ia ter de importar
Do Nordeste algodão, cana, caju,
Carnaúba, laranja, babaçu,
Abacaxi e o sal de cozinhar;
O arroz e o agave do lugar,
A cebola, o petróleo, o aguardente;
O Nordeste é auto-suficiente,
O seu lucro seria garantido:
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente. 








quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Com espetáculo NORDESTE INDEPENDENTE, O Sebo Cultural será palco para Ato Público pela derrubada do veto à distribuição dos royalties do petróleo. Heriberto Coelho coordenará Mesa. Rui Galdino,brizolista histórico, promete mobilização

O PETRÓLEO É DE TODOS OS BRASILEIROS! DERRUBA, CONGRESSO!

A campanha pela derrubada do veto presidencial à distribuição dos royalties do petróleo está tomando corpo. Enfrenta pressões e sofre traições, mas avança. A bancada da Paraíba no Congresso Nacional está de parabéns, uniu-se para requerer urgência na votação do veto. Houve apenas uma deserção, a do Padre Luís Couto, deputado do PT, que preferiu atender outros interesses que não os da Paraíba. Sem surpresa, aliás, pois o Padre Couto já fora o único parlamentar paraibano a votar contra a Paraíba quando da aprovação na Câmara do Projeto de Lei dos royalties.

O Ato Público pela derrubada do veto a ser realizado no dia 13 em O Sebo Cultural também começa a atrair atenções. Várias mensagens nos foram enviadas garantido presença, dentre essas a de Rui Galdino, brizolista histórico, que se comprometeu a mobilizar os antigos militantes do "verdadeiro PDT"; ou seja, o PDT dos tempos do Brizola. Ele, que comporá a Mesa do evento, convidará para a mesma os vereadores Durval Ferreira, Tavinho, Pedro Alberto Coutinho, Marcus Vinícius, Marco Antônio e João Almeida, todos oriundos do brizolismo. Nada mais coerente, afinal de contas trata-se de uma luta pela integração nacional, sendo o nacionalismo marca registrada do Trabalhismo.

No Ato Público de O Sebo Cultural, os trabalhos da Mesa serão conduzidos pelo intelectual orgânico (antigamente se dizia intelectual engajado; depois que Gramsci virou coqueluche, diz-se intelectual orgânico) Heriberto Coelho. O evento, que está marcado para começar às 18 horas, deverá se estender até às 20:30 h., sendo seguido por um espetáculo musical, cujo ponto alto será a Profecia de Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova, na voz apocalíptica de Elba Ramalho: NORDESTE INDEPENDENTE. 

Obs. Se puder ser ao vivo, com os profetas e a profetiza presentes, ótimo. Se não for possível, o telão dará conta. E todos cantaremos juntos.

Nessa luta pela derrubada do veto injusto e perverso, NORDESTE INDEPENDENTE será o nosso hino. Isso quer deixar claro que o Nordeste não aceita mais ser desprezado, desassistido, defraudado e afrontado. Já indicamos a quem não conhece NORDESTE INDEPENDENTE: que vá ao Youtube. Porém, para incentivar os preguiçosos, transcrevemos aqui as duas primeiras estrofes deste hino profético, deslumbrante e grandioso:


Nordeste Independente

Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova


Já que existe no Sul este conceito,
Que o Nordeste é ruim, seco e ingrato,
Já que existe a separação de fato,
É preciso torná-la de direito.
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente,
Começando uma vida diferente
Da que a gente até hoje tem vivido:
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.


Dividindo a partir de Salvador
O Nordeste seria outro país:
Vigoroso, leal, rico e feliz,
Sem dever a ninguém no exterior.
Jangadeiro seria o senador,
O cassaco de roça era o suplente,
Cantador de viola o Presidente
E o vaqueiro era o líder do partido:
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.

sábado, 1 de dezembro de 2012

DERRUBA, CONGRESSO! ou NORDESTE INDEPENDENTE

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, peitou a Presidente Dilma, botou o bloco na rua, pagou pra ver... e venceu. Dilma vetou o artigo mais importante da Lei dos royalties do petróleo, precisamente aquele que redistribuía as riquezas petrolíferas do Brasil de modo a favorecer o desenvolvimento de todos os estados brasileiros. Foi um uma afronta ao pacto federativo, uma agressão aos brasileiros das regiões mais carentes. Tem de ter resposta imediata e eficaz. Resposta, aliás, óbvia ululante, escancarada, de fácil execução: derrubar o veto. Neste sentido, a Confederação Nacional dos Municípios já lançou nota conclamando os brasileiros para uma campanha nacional. Vamos atender ao chamado.

O Projeto de Lei dos royalties do petróleo foi aprovado na Câmara e no Senado por ampla maioria. Por óbvio, o Congresso Nacional terá ampla maioria para derrubar o veto presidencial. Só não derruba se não quiser, se os congressistas do Nordeste, do Norte, do Sul e do Centro-Oeste se acovardarem, pedirem arrego, traírem miseravelmente seu eleitorado. Não farão isso.

Mas essa luta não pode se dar apenas no Congresso, tem de ocupar as ruas. Foi por ocupar as ruas do Rio de Janeiro que o governador Sérgio Cabral venceu a primeira batalha. Nós outros, vetados da riqueza maior do Brasil, temos de ocupar ruas e ruas pelo país afora para vencer a segunda batalha, uma terceira, e quantas forem necessárias para fazer valer os direitos dos entes federados.

Os lideres políticos que foram vitoriosos na luta para aprovar o Projeto de Lei têm de agir para dar consequência à essa luta. No primeiro momento pós-aprovação, dormiram de toca. Aí, a turma do Sérgio Cabral, que só usa toca em festa em Paris, passou por cima deles. Agora, não vamos esperar, vamos botar nosso bloco na rua:

O PETRÓLEO É NOSSO, DE TODOS OS BRASILEIROS: DERRUBA, CONGRESSO!

A campanha pelo veto de Dilma, se bem que comandada por Sérgio Cabral, ganhou apoio dos intelectuais e dos artistas cariocas, gente famosa, simpática e idolatrada. Essa mesma gente deve parte da fama ao uso artístico-político-ideológico do sofrimento dos nordestinos. Vê-se agora que era da boca pra fora. Essa bofetada do veto presidencial aos interesses econômicos do Nordeste (também do Nordeste) vem num momento em que a gente sertaneja padece o horror de uma seca inclemente e de um descaso vergonhoso por parte do Governo Federal. Os intelectuais e artistas do Rio Maravilha esqueceram do "Carcará pega, mata e come". Eles apenas pensam em comer sozinhos os royalties da maior riqueza nacional. Por eles, Carcará pode morrer de fome.

Todavia, diz a canção de João do Vale: "Carcará, mais coragem do que home".  Vamos ver se nosso carcará continua valente, "um pássaro malvado" com "o bico volteado que nem gavião". O carcará a que me refiro são os políticos, mas não só os políticos profissionais, e sim a todos que possam travar essa luta política. Política não é pra bicho frouxo. Tem de ser carcará.

E agora peço vênia (tá na moda) aos demais estados prejudicados pelo veto da Dilma para me ater à minha pequenina e brava PARAÍBA MULÉ MACHO: 

Começo com o senador Vital do Rêgo. Ele foi, no Senado, o feliz relator do Projeto de Lei que estabelece justiça distributiva da maior riqueza nacional, tem grande prestígio na República, é peça chave. Não pode recuar, tem de ir para a linha de frente da luta pela derrubada do veto.

Sigo com o governador Ricardo Coutinho, a quem tanto tenho criticado. Contudo, nunca deixei de reconhecer que o governador paraibano é um sujeito destemido. Arrogante e prepotente, porém destemido: um verdadeiro carcará. Então, que assuma com destemor essa luta em defesa da Paraíba, do Nordeste e do Brasil.

Acho que podemos contar o prefeito eleito de João Pessoa, Luciano Cartaxo. O novo prefeito tem prestígio com Dilma. Então, deve ser sincero: "Presidenta, entendemos a situação política que levou Vossa Excelência ao veto, mas não trabalhe contra a derrubada, não se desgaste ainda mais".

Conto com alguns amigos: o prefeito Hexa-Campeão Marcus Odilon (duas vezes prefeito em Juarez Távora, quatro vezes em Santa Rita); os vereadores eleitos Mestre Fuba (na capital) Genival Guedes e Farias (em Santa Rita).

Apelo para conhecidos meus com mandato, pessoas que, sem ter maior aproximação, conheço de longa data e tenho estima e admiração; além do que, recordo-me de algumas lutas que lutamos juntos: o deputado Anísio Maia, coordenador da vitoriosa campanha do PT em João Pessoa e o melhor organizador político que se possa imaginar; vereador Durval Ferreira, o melhor Presidente que a CMJP já teve; os combativos vereadores Tavinho, Marcus Vinícius, Pedro Alberto Coutinho e João Almeida, que conheço dos tempos do PDT de verdade, o PDT do Brizola; a vereadora Sandra Marrocos, minha brilhante aluna no curso de Filosofia na UFPB.

O mais complicado é chamar para essa luta meus amigos que não têm mandato político, formalmente desobrigados de tais enfrentamentos. Também eu, aliás, não tenho mandato, mas desde adolescente sempre gostei de me meter em confusão. Vou chamar apenas dois, porque sei que eles gostam de briga, são ex-guerrilheiros e eternos bolchevistas, enfrentaram tortura, bala e muitos anos de cadeia: José Calistrato Cardoso e José Emilson Ribeiro.

Por último, e muito importante, os artistas e intelectuais, pois sem essa tribo nenhuma campanha de opinião pública prospera. Como são muitos, pois a Paraíba tem mais artista e intelectual do que bode e urubu, citarei apenas um, que é um intelectual mobilizador: Heriberto Coelho. Apelo para que ele conclame "as antenas da raça", que faça uma badalação pela derrubada do veto lá em O Sebo Cultural

Enfim, se nós nordestinos formos mais uma vez defraudados, vamos botar pra quebrar: declararemos INDEPENDÊNCIA. Temos hino e tudo mais. Lembrem-se da GUERRA DE PRINCESA, comandada por Dom José Pereira, o Invencível. Nossa guerra de agora não haverá de desonrar a guerra de outrora. Em caso de derrota no Congresso (que só acontecerá por covardia e traição) teremos mesmo de partir para a "separação de fato e de direito", conforme já profetizado no nosso hino. 

Tal conflito, que dividirá o Brasil "a partir de Salvador", já fora anunciado pelos profetas Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova, na voz apocalíptica de Elba Ramalho: NORDESTE INDEPENDENTE. Justamente, é esse o hino ao qual nos temos referido. Quem não conhecer, vá ao Youtube.






terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Petróleo É Nosso, De Todos Os Brasileiros!

O título do post pode servir de lema para a campanha ampla e generosa que, tenho certeza, a grande maioria dos brasileiros levantará contra a campanha mesquinha aberta ontem, 26/11, em grande estilo, pelo governador Sérgio Cabral, com manifestação de 200 mil pessoas no Rio de Janeiro, para impedir que a riqueza petrolífera do Brasil ajude a promover o progresso de todos os brasileiros. Como coadjuvante da manifestação, o governador Renato Casagrande do Espírito Santo. Teve também muito artista famoso, gente simpática: Fernanda Montenegro, Alcione, Xuxa, Maria Paula, Fernanda Abreu, Gabriel o Pensador, o Belo, o Buchecha, etc.

Essa boa gente gosta muito do Rio de Janeiro e acha que o resto do Brasil é secundário. A manifestação foi bonita, muito enfeitada (e custou uma nota preta, que o governador Cabral não quer revelar). A nossa contracampanha também pode ser enfeitada com muito artista famoso. Só daqui da Paraíba, acho que podemos contar com Fuba das Muriçocas, Renata Arruda, Chico César, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Zé Bezerra, Romeu e Cláudia Carvalho, Genival Lacerda, Vital Farias, Pedro Osmar, Bráulio Tavares, Antonio Barros e Cecéu, etc. Com Antonio Barros e Cecéu na campanha (ou contracampanha), poderemos usar o maior sucesso deles para dar o tom, a cor, o vigor e a cara da nossa luta: HOMEM COM H: "Nunca vi rastro de cobra nem couro de lobisomem; se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".

Isso quererá dizer o seguinte: a gente ganha o que é nosso de todo jeito: se a nossa primeira campanha - NÃO VETA, DILMA! - funcionar, ótimo. Se Dilma fizer a besteira de vetar, abriremos a segunda campanha: DERRUBA, CONGRESSO!
Nós somos o BICHO HOMEM: vamos pegar e comer o que é nosso de todo jeito.

Nossa campanha precisa, claro, contar também com políticos de expressão, assim como os monopolistas do petróleo mobilizaram seus governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores. Por óbvio, todos os governadores dos estados não produtores terão papel de comando na nossa campanha. Mas, da Paraíba, citarei dois políticos que devem ir para a linha de frente: o senador Vital do Rêgo, do PMDB, e o prefeito eleito de Jampa Capital, Luciano Cartaxo, do PT.
Vitalzinho foi, no Senado, o feliz relator do Projeto de Lei vitorioso no Congresso; e vitorioso por larga maioria: 286 a 124 (esse Projeto de Lei teve início com o deputado Ibsen Pinheiro - nosso Louvor e Homenagem - e instituirá - se não for vetado - a justiça distributiva dos royalties do petróleo).
Luciano Cartaxo foi eleito enfatizando, repetindo e insistindo na força e prestígio que sua administração teria junto à Presidente Dilma Rousseff (acreditamos que terá; e é hora de provar).

Infelizmente, entre os políticos paraibanos que poderiam fortalecer a campanha tivemos duas pesadas baixas: o senador Lindbergh Farias e o deputado Padre Luís Couto.
Nascido, amamentado, criado, educado e formado na Paraíba, o nosso líder cara-pintada elegeu-se senador pelo Rio de Janeiro e resolveu desprezar sua terra-mãe para ficar do lado do seu estado de adoção eleitoral.
Já o padre deputado, eleito pela Paraíba, não se sabe por tentação de quais diabos, resolveu rezar pela cartilha mesquinha e também votou contra a Paraíba e a maioria dos brasileiros.

A campanha O PETRÓLEO É NOSSO, DE TODOS OS BRASILEIROS! (ou qualquer outro nome que lhe queiram dar) é urgente. Depois da manifestação do Rio, a imprensa já dá conta de que a Dilma tende a ceder diante do clamor dos monopolistas de royalties. Eu duvido. Todavia, não se pode deixar a campanha mesquinha avançar sem resistência. E vejam: nós outros, todos os brasileiros menos os fluminenses e capixabas, temos muito maior poder de fogo. Se a campanha mesquinha levou 200 mil pessoas à Cinelândia, nossa generosa campanha poderá levar às ruas de  quase todo o Brasil, em um só dia, 2 milhões de nordestinos, nortistas e sulistas.

A Presidente tem até sexta-feira, 30/11, para decidir sobre o veto. Apenas 3 diaszinhos. Quem quiser fazer alguma coisa, MEXA-SE AGORA! Se colocarmos nossa campanha nas ruas antes da decisão da Dilma, ela vai fazer as contas e não vai vetar. Se demorarmos, estaremos levando a Presidente ao possível vexame e tremendo desgaste de ver o seu veto derrubado pelo Congresso Nacional após uma campanha que haverá de levar às ruas, numa grande sequência de atos públicos, não menos de 20 milhões de pessoas.

Se você concorda com essa campanha, divulgue esse post.

Cordialmente,

Washington Alves da Rocha - cel: (83) 8836-5493  ;  e-mail: rochealves@yahoo.com.br  

domingo, 18 de novembro de 2012

O PT não é um partido acima da lei: não pode ser, não deve ser e não será - ou 'A MARCHA SOBRE BRASÍLIA', que não haverá

O PT é um partido vitorioso, e vitorioso na Democracia. O PT é o partido que está no poder no Brasil, e chegou ao poder pela via da Democracia. Seria estúpido que tal partido atentasse contra a Democracia que o fez nascer, que o promoveu, que o elevou.

Setores do partido, desde que este chegou ao Planalto, têm cavado na direção do poder arbitrário. Sem sucesso. Mas o caldo do autoritarismo petista vem engrossando. Como todos sabem, a Direção Nacional do PT afrontou o Supremo Tribunal Federal em nota oficial. Isso para defender os corruptos-quadrilheiros do partido, muito especialmente o chefe Zé Dirceu. A Direção Nacional avançou contra o Estado Democrático de Direito com desassombro, e concluiu a nota desaforada com uma conclamação que é um grito de guerra:

"Conclamamos nossa militância a mobilizar-se em defesa do PT e de nossas bandeiras".

As bandeiras em pauta estão, como veremos, direta ou camufladamente, indicadas na nota/manifesto:

a) submeter o STF, revogar sua decisão, arrancar das mãos da Justiça os corruptos-quadrilheiros petistas condenados;
b) submeter, constranger, calar, controlar, enquadrar, regular, censurar a imprensa independente;
c) por via de consequência dos itens anteriores, fazer do PT UM PARTIDO ACIMA DA LEI.

Para mascarar sua própria intenção, a nota/manifesto da Direção Nacional do PT tenta colar no STF a pecha de nazista:

"O STF deu estatuto legal a uma teoria nascida na Alemanha nazista, em 1939...".

Essa safadeza visa especialmente proteger o chefe Zé Dirceu, que, segundo a nota mentirosa, teria sido condenado apenas "pela posição e influência que ocupava".
Não foi assim. E todo mundo sabe e todo mundo viu que não foi assim. O esquema tenebroso do mensalão foi escancarado a céu aberto e sob holofotes, ficando absolutamente claro que o chefe do esquema foi o Zé Dirceu. Só os ingênuos e os indecentes podem achar que o chefe foi o pobre coitado do Delúbio Soares, que a covardia dos chefões petistas escolhera, com concordância do infeliz, para mártir.

Essa audaciosa mentira remete ao seguinte: é condição sine qua non do nazi-fascimo que o Partido se coloque acima da Lei, identifique-se com o Estado, contenha dentro de si o Estado. Em outras palavras: é a Direção Nacional do PT que tenta levar o Partido a uma aventura nazi-fascista.

Quero crer que dará com os burros n'água, e explicarei; mas, antes, consideremos algumas específicas cretinices da insensata nota/manifesto.

"5. O STF fez um julgamento político
Sob intensa pressão da mídia conservadora - cujos veículos cumprem um papel de oposição ao governo e propagam a repulsa de uma certa elite ao PT...".

Essa boçalidade revela o projeto do autoritarismo petista de restabelecer a censura dos tempos da ditadura. "Mídia conservadora" é como os autoritários do PT chamam qualquer mídia que não se submeta à sua cartilha. Todavia, em uma democracia, também a mídia conservadora terá direito à existência. Pretender que o STF julgou como julgou os corruptos-quadrilheiros do mensalão por causa da pressão da "mídia conservadora", além de ser uma agressão aos Senhores Ministros e Senhoras Ministras, é uma agressão ao bom senso. Com efeito, se fossem tíbios, se fossem incapazes de suportar pressões, os ministros do Supremo antes se submeteriam à desavergonhada, acintosa, implacável, histérica pressão dos autoritários do PARTIDO QUE ESTÁ NO PODER. O Governo do PT e o PT controlam poderosos órgãos de mídia. O PT conta com filiados, simpatizantes, ingênuos deslumbrados e paus-mandados remunerados em 90 por cento dos órgãos de mídia do Brasil.

"Único dos poderes da República cujos integrantes independem do voto popular".

Com esse argumento capcioso, os autoritários do PT querem deslegitimar toda a Justiça Brasileira. Entendem eles que, como o PT chegou ao poder pelo voto, não tem nenhuma satisfação a dar ao Poder dele desprovido.
Com efeito, o Povo - Demos - é a fonte originária do poder Democrático, e toda Democracia se rege pelo Princípio da Maioria. Porém, afirmar tal Princípio como único pilar da legitimidade democrática é o caminho sinuoso para sufocar todas as minorias, submetê-las inapelavelmente ao Poder de turno, destruir as liberdades e eliminar a Democracia. Foi esse o caminho do nazi-fascismo.

"...tentar criminalizar o PT...".

Uma ova! Quem criminalizou o PT foram os corruptos-quadrilheiros que dele tomaram conta. O STF, ao punir esses criminosos, ao afastá-los do comando do PT, está salvando o PT. Se o PT quiser ser salvo.

"E pela maior democratização do Estado, o que envolve constante disputa popular contra arbitrariedades perpetradas no julgamento da Ação Penal 470".

A democracia da Direção Nacional do PT implica anular o Supremo Tribunal Federal. A cada decisão do STF que contrarie os interesses do Partido, este avançará contra aquele. É bem sabido que Mussolini fez avançar sobre o centro do poder da Itália a militância fascista, os Camisas Negras, mobilizados em todas as regiões do país: foi a famosa "Marcha sobre Roma". Pelo rumo da prosa da Direção Nacional do PT, não estará longe a conclamação para que militantes petistas de todo o Brasil avancem contra o Supremo Tribunal Federal: será a MARCHA SOBRE BRASÍLIA.

Agora, e justificando o título deste post, vou explicar, da forma mais resumida, porque essa aventura nazi-fascista proposta pela Direção Nacional do PT tem tudo para não dar certo:

a) A grande maioria dos militantes do PT, filiados do PT, simpatizantes do PT e deslumbrados pelo PT é constituída por gente decente e democrata. Essa massa não vai acompanhar a Direção Nacional do PT na tresloucada aventura;

b) O ex-presidente Lula da Silva, líder maior do PT, é, como diz o Ministro Marco Aurélio, "um cara safo". Em termos mais convencionais, Lula é cauteloso: não vai embarcar na porra-louquice autoritária dos falcões do PT;

c) A Presidente Dilma Roussef, insistentemente, tem afirmado seu compromisso com a legalidade democrática e com a liberdade de imprensa. A Presidente Dilma não vai avalizar as cretinices autoritárias dos falcões porras-loucas do PT.

Cordialmente,

Washington Alves da Rocha (cel: 8836-5493   e-mail: rochealves@yahoo.com.br)

FELIZ NATAL PARA TODOS!

domingo, 11 de novembro de 2012

Luciano Cartaxo, mobilizador político; Heriberto Coelho, mobilizador cultural - ou "The Right Man in the Right Place"

A campanha de Luciano Cartaxo para prefeito de João Pessoa obteve êxito surpreendente por motivos óbvios: 1) o apoio do bem avaliado prefeito Luciano Agra; 2) a excelente coordenação de campanha, sendo coordenador o eficiente e tenaz deputado Anísio Maia; 3) a capacidade de mobilizar e agregar do próprio candidato, sendo este o fator decisivo.
O setor que Luciano Cartaxo primeiro conseguiu mobilizar e agregar à sua campanha foi o setor artístico-cultural, antes majoritariamente ricardista. Como o governador Ricardo Coutinho resolveu avançar sua prepotência em todas as frentes, e sendo os artistas e intelectuais especialmente avessos ao autoritarismo, foi o castelo da artecultura o primeiro a ser perdido pelo reinado girassol. E foi esse o primeiro castelo a ser conquistado pelo diálogo afável de Luciano Cartaxo.
Onde primeiro se notou isso? Em O Sebo Cultural, a livraria que se transformou em dínamo da vida cultural pessoense. Fundada e dirigida por Heriberto Coelho, a instituição O Sebo Cultural é uma experiência sem paralelo no estado da Paraíba, sendo mesmo difícil encontrar algo semelhante pelo Brasil afora. Não se conhece órgão da administração municipal ou da administração estadual que tenha promovido a arte e cultura paraibanas com tanto critério e bons resultados quanto O Sebo Cultural tem conseguido.

Mas voltemos ao ponto em que se dizia da importância de O Sebo Cultural para a campanha de Luciano Cartaxo. Não que Heriberto tenha feito em O Sebo Cultural política partidária, ele fez simplesmente política cultural: mobilizou, agregou artistas, intelectuais e público em torno de temas candentes. Essa forte mobilização cultural favoreceu a campanha que estava mais preparada para semear nesse terreno. E foi a campanha do PT. Eu mesmo, que faço sérias restrições ao PT, ou a setores do PT (quem quiser saber quais, é só ler os posts abaixo), envolvi-me na campanha petistas justamente por frequentar O Sebo Cultural: foi por lá que; papo vai, papo vem, resolvi apoiar a candidatura do petista Mestre Fuba para vereador, embora tenha me mantido eleitor de Zé Maranhão para prefeito no primeiro turno.

O poeta Ezra Pound diz que "os artistas são as antenas da raça". Pois, a campanha de Cartaxo conseguiu, como primeiro passo para a vitória, antenar-se com as antenas. De um ponto de vista administrativo, um problema grande é manter essas antenas mobilizadas, minimamente agregadas em torno de projetos coletivos. Individualidade exacerbada, egocentrismo, inclinação para rebeldia são marcas dos artistas; e são também o "sal da terra" das artes. Não é fácil agregar artistas em projetos coletivos. Mas é, do ponto de vista administrativo,  útil e necessário.

Para ajudar o prefeito Luciano Cartaxo nessa tarefa não existe ninguém melhor do que Heriberto Coelho.

Passadas as eleições, deve passar também o partidarismo; ou, pelo menos, deve ser minimizado ao máximo.  Como se diz, o prefeito é prefeito de todos. Na arte e cultura, então, a política partidária é desgraça certa (o desgraçado realismo-socialista foi grande exemplo). Justamente, em todas as inúmeras promoções de Heriberto Coelho/O Sebo Cultural o pluralismo foi a característica. Posso mesmo dar um exemplo pessoal: lá em O Sebo Cultural foi lançado um livro meu - Sobre "anos de chumbo" e Anistia - que havia sido refutado pelo intelectual Heriberto Coelho da forma mais dura. Mesmo contestando o livro, Heriberto fez todo esforço pelo sucesso do evento. Resultado: tivemos casa cheia, acalorado debate, e excelente vendagem.  

Enfim, o prefeito Luciano Cartaxo tem, pronto e acabado, o melhor gestor cultural que se possa imaginar. Trata-se de colocá-lo no lugar certo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A maldade fundamental da quadrilha do Zé Dirceu: MENTIRA E SERVIDÃO

O PT, como se sabe, foi fundado e cresceu pelo trabalho de três correntes militantes: ativistas da chamada "Igreja Progressista", especialmente os adeptos da chamada "Teologia da Libertação"; sindicalistas, especialmente de sindicatos paulistas; remanescentes das organizações marxistas-leninistas (bolchevistas) que lutaram contra a ditadura militar. Este é o caso de Zé Dirceu.

Como também se sabe, a forma de condução revolucionária bolchevista é tirânica. Ao longo de quase um século de revoluções - umas vitoriosas, outras fracassadas -, invariavelmente, os chefes bolchevista se transformaram em tiranos; no curso da luta ou depois de empolgado o poder. A direção tirânica é, aliás, ponto de doutrina do leninismo, sob o nome de "centralismo democrático".

Tirania pressupõe servidão. Pois, os militantes bolchevistas tornam-se servos. Fazem isso por amor à "CAUSA", que obriga à obediência cega ao "PARTIDO". Rebaixam-se àquela condição que, ainda no século XVI, Étienne de la Boétie descreveu como "SERVIDÃO VOLUNTÁRIA".

O PT não é um partido bolchevista, mas muitos dos seus militantes e chefes conservaram ou adquiriram o espírito do verdadeiro bolchevista: por um lado tirania; por outro, servidão.

A quadrilha do mensalão foi montada e dirigida por um chefe tirânico, o Zé Dirceu.
Ofício de toda tirania é a mentira. Não aquela mentira rasteira que Nietzsche atribui aos humildes, mas a mentira ousada e orgulhosa dos fortes. A fala, o porte e o rosto de Zé Dirceu estampam essa mentira tirânica, orgulhosa de si. Zé Dirceu mente com a mesma força e desassombro com que Stalin e Hitler mentiram.

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal de uma Nação democrática, Zé Dirceu, como sói acontecer com quase todos os condenados, declara-se inocente. Porém, diferentemente da maioria, não fica nisso; avança e acusa o STF de, ao condená-lo, estar afrontando a democracia. Isso quando ele e sua quadrilha perpetraram contra a democracia a maior afronta e vilania. O discurso do tirano Zé Dirceu após ser condenado é de molde a mobilizar os servos em sua defesa, levando-os à luta contra o STF e contra a mídia independente. Se os terá em quantidade suficiente para abalar, desmoralizar, ou mesmo anular as instituições democráticas brasileiras; isso é o que se verá.

Se Zé Dirceu estampa a face tirânica da quadrilha do mensalão, nem precisava dizer quem estampa sua face servil; todos sabem que é Delúbio Soares.
Delúbio é um servo voluntário tão baixo (ou tão valoroso, depende do ponto de vista) que estava pronto para se oferecer em sacrifício, para pagar sozinho os crimes dos seus comparsas; principalmente os crimes do seu chefe Zé Dirceu.
Delúbio pediu para suportar sozinho a palma do martírio. Seus chefes, pressurosa e covardemente, acederam.

Como o plano de sacrificar o servo Delúbio não deu certo, restou ao chefe Zé Dirceu apelar aos outros servos para o irem resgatar das mãos da Justiça. Por quaisquer meios, principalmente pelo meio da campanha mentirosa, da difamação do STF, da exigência do restabelecimento da censura dos tempos da ditadura (para que os chefes possam mentir sem contraposições, condição sine qua non dos regimes tirânicos).

Talvez os servos não consigam mentir com a força e orgulho dos tiranos, mas mentem com fervor. E como são muitos, fazem um barulho enorme.  



  

domingo, 21 de outubro de 2012

Eleito, Luciano Cartaxo terá de enfrentar a cúpula dirceuzista, que exigirá coonestação à campanha para desmoralizar o STF e restabelecer a censura dos tempos da ditadura

O PT está disputando o segundo turno em algumas capitais e outras metrópoles. Em João Pessoa/PB a vitória é quase certa. O provável futuro prefeito, Luciano Cartaxo, notoriamente, é pessoa decente e político competente. Foi vereador dos mais atuantes, um vice-governador correto e vem desempenhando muito bem o cargo de deputado estadual. Para ser candidato, travou uma boa luta; foi tenaz. Uma vez candidato, conseguiu fazer a melhor e mais natural aliança, com o prefeito rebelde Luciano Agra. A se confirmar a vitória indicada pelas pesquisas, estará em condições de fazer uma boa administração. E eu, certamente, desejo que a faça.

Isso posto, afirmo que as pessoas decentes e democratas terão o direito - e mesmo o dever - de cobrar do prefeito eleito que não permita que sua eleição venha a servir de combustível para a campanha autoritária e indecente que o PT dirceuzista prepara e, velada ou diretamente, anuncia para depois do segundo turno eleitoral.

Tal campanha visa dois objetivos mais imediatos: 1) desmoralizar o Supremo Tribunal Federal; 2) restabelecer no Brasil a censura dos tempos da ditadura.

Já falei sobre isso em posts anteriores e voltarei a falar em posts seguintes, mesmo porque a campanha pró-corruptos e pró-censura dos fanáticos dirceuzistas está perto de incendiar o país.

O projeto do petismo totalitário - como já disse, comandado por gente como Zé Dirceu e Rui Falcão - para calar a mídia independente é coisa velha; tão velha que já mudou de nome umas tantas vezes: "controle social da mídia", "ley de los medios", "marco regulatório", etc.  As manobras para desmoralizar o STF são, todo mundo sabe, motivadas pela condenação dos corruptos mensaleiros petistas no julgamento da Ação Penal 470 (que pessoas politicamente incorretas, como é o meu caso, insistem em chamar de MENSALÃO).

Como todo mundo viu, um dos mais fortes obstáculos ao infame projeto de restabelecimento da censura dos tempos da ditadura foi a resistência da Presidente Dilma, que reduziu os neo-censores com esta frase tão feliz: "Controle da mídia, só se for o controle remoto".

Tão firme naquela ocasião - foi logo no início do seu mandato -, seguramente a Presidente não haverá de servir de instrumento para o corrupto condenado Zé Dirceu e seus sectários atacarem as instituições democráticas.

Também não acredito que a maioria dos militantes petistas - gente democrática e decente - se deixará arrastar pela seita dirceuzista para sair pelas ruas clamando impunidade para corruptos; coisa do tipo: "CORRUPTOS UNIDOS, JAMAIS SERÃO VENCIDOS!".

Tem muita gente decente que gosta de Zé Dirceu, e ainda mais de Zé Genoíno. A este, eu mesmo declaro sincera simpatia, e entendo (concordando com uma minha prima muito querida, petista fundadora em São Paulo e amiga de Genoíno) que seu erro foi ter se deixado manipular pelo Zé Dirceu. Mas todos dois merecerão lá as simpatias de muitos; pelo passado de lutas, etc. Ocorre que os corruptos mensaleiros, petistas e não petistas, foram denunciados pelo Ministério Público, investigados e condenados pela mais alta Corte de Justiça em um processo que está chegando ao fim após quase uma década. Tudo dentro dos conformes, como se diz popularmente. Ou seja, na estrita observância do chamado "devido processo legal".

O juízo comum sabe, faz tempo, que o mensalão existiu e que o Zé Dirceu mandava muito naquilo tudo. Agora, o juízo técnico, togado, constitucionalmente autorizado, afirma, por larga margem, o mesmo que já sabia o juízo comum. Que venham cúmplices de Zé Dirceu difamar o STF para tentar livrar a cara de Zé Dirceu, é de causar espécie. Que venham pessoas decentes, mesmo que movidas por admiração e amizade, fazer o mesmo, é de dar pena.

Alguém que, além de ser decente e democrata, exerce um mandato parlamentar e está prestes a ser vitorioso numa disputa por um mandato executivo, como é o caso de Luciano Cartaxo, não poderá, como primeiro ato da sua vitória, coonestar ações contra as instituições democráticas.

Esse será o primeiro desafio político que Cartaxo, se for eleito, terá de enfrentar. A sua servidão e cumplicidade será exigida pela cúpula dirceuzista. Seu estofo terá de se mostrar. Sua carreira, o que ele significará para o seu partido, para os pessoenses e paraibanos e, principalmente, para a Democracia brasileira, dependerá do resultado desse inevitável confronto.

Washington Alves da Rocha - João Pessoa, 21/10/2012.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

PT nacional anuncia manifesto sobre julgamento do mensalão: pode ser ruim ou pode ser pior. Enquanto esperam, leiam Bobbio

Do ponto de vista democrático, eu, sinceramente, acho que o PT tem salvação. Ou seja, a facção autoritária do PT, liderada por gente como Zé Dirceu e Rui Falcão, pode ser contida e, depois, anulada. Por enquanto, a Presidente Dilma tem conseguido contê-la. Porém, a reação do autoritarismo petista contra a condenação dos corruptos petistas mensaleiros pode chegar a extremos incontroláveis; impondo-se capitulação ou ruptura.
Os sectários dirceuzistas estão anunciando um manifesto sobre o julgamento do mensalão para depois do segundo turno eleitoral; até lá estarão amoitados. O jeito é aguardar. Enquanto isso, reflitam sobre estes dois trechos de Norberto Bobbio (do livro As ideologias e o poder em crise):

"A esquerda revolucionária ignorou durante séculos os direitos de liberdade. Não existe em toda literatura marxista ou marxizante um único tratado sobre os direitos do homem. Existem, por outro lado, muitos escritos onde se procura demonstrar que os direitos de liberdade nada valem porque são direitos burgueses";

"Agora que a esquerda revolucionária reconheceu os direitos de liberdade, quer todos os direitos, e imediatamente. Inclusive o direito de impunidade que foi sempre a prerrogativa dos soberanos e dos déspotas".

domingo, 14 de outubro de 2012

Eudes Hermano toma as dores dos corruptos mensaleiros do PT. Dá gosto ver, mas os argumentos são ruins de doer

Divulguei o post anterior - sobre o corrupto condenado Zé Dirceu - também via e-mail, por isso, além dos comentários no espaço próprio do Blog, recebi outros no meu e-mail pessoal. Em geral, mensagens curtas, como o excelente comentário de Romeu de Carvalho, dizendo que o Caixa 2 é um erro imenso, mas que é preciso investigar todos os que fazem isso no Brasil. Concordo plenamente, apenas acrescentando que a corrupção braba e cabeluda do mensalão comandado por Zé Dirceu foi muito além do Caixa 2, como, aliás, o STF já deixou claro.

Uma das mensagens enviadas ao meu e-mail foi um tanto longa, e um tanto raivosa. Escreveu-a Eudes Hermano, pessoa por quem tenho estima e admiração. Eudes é um destacado intelectual multimídia; porém, ai porém...: deu-se o caso que a paixão sectária distorceu-lhe o juízo e o fez elaborar argumentos muito ruins. Vejam resumos dos argumentos (ou vejam a mensagem de Eudes na íntegra, que está publicada em manchete neste Portal 100 Fronteiras), acompanhados das minhas contra-respostas.

Diz Eudes que "o buraco é mais em baixo". 
Com efeito, é possível que o buraco do mensalão seja mais em baixo; mas também é possível que seja mais em cima.

Diz que o problema da corrupção não está resolvido no Brasil "com a condenação dos ex-líderes petistas".
Também o impeachment do presidente Collor de Mello não resolveu. A prisão do juiz Nicolau não resolveu. A destituição e prisão (por pouco tempo, infelizmente) do corrupto governador Arruda, no chamado "mensalão do DEM", igualmente não resolveu. As condenações e rápida prisão de Paulo Maluf não resolveram. A recente condenação deste mesmo Maluf a devolver 21 milhões de reais aos cofres públicos não resolverá. Enfim, não há perspectiva de erradicação definitiva da corrupção no Brasil; nem por isso haverá a Nação de deixá-la prosperar.

Diz que a corrupção no Brasil é muito antiga e indica as malversações havidas quando da construção do Porto de Cabedelo, aqui na Paraíba, como um marco.
De fato, a corrupção no Brasil é antiga, vem de bem antes da construção do referido porto. O Padre Antônio Vieira dava largas notícias de corrupção desenfreada já nos tempos da colonização. Mas nem por ser velha deverá a corrupção ser aceita ou banalizada.

Diz Eudes Hermano, certamente para desmerecer o Supremo Tribunal Federal, que o ministro Gilmar Mendes é "escravagista".
Não me consta. Porém, ainda que o ministro Gilmar fosse escravagista, não foi unicamente o voto dele que condenou "os ex-líderes petistas". Seria o ministro Joaquim Barbosa também escravagista? E as ministras Carmem Lúcia e Rosa Weber seriam escravagistas? Igualmente escravagistas seriam os ministros Cezar Peluso, Luiz Fux, Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e Ayres Brito? E até mesmo os ministros Dias Toffoli e Ricardo Levandowski, que condenaram alguns "ex-líderes petistas", seriam escravagistas?

Eudes cobrou o julgamento do "mensalão mineiro" e pediu condenação para o "mensalão do DEM".
Concordo, e fico até feliz com este ímpeto anti-corrupção de Eudes. A questão é que tal ímpeto é seletivo, excluindo a corrupção de petistas.

Diz Eudes, certamente para desmerecer o STF, que a justiça brasileira não mudou, continuando "a mesma dos tempos dos coronéis".
Vejamos: a justiça dos tempos dos coronéis teria aprovado o sistema de cotas nas universidades? Teria aprovado a demarcação contínua da reserva indígena Raposa-Serra do Sol? Teria eleito um negro para Presidente da mais alta Corte?

Diz também isto: "O PT não vai todo pra cadeia antes por ser esta insinuação uma idéia doentia e preconceituosa de quem foi derrotado em seu projeto pessoal político...".
Pareceu-me pessoal, mas não levo a mal. Todavia não insinuei, apenas criei uma imagem para alertar os petistas democratas e honestos do seguinte: os dirceuzistas fanáticos estão em campanha contra o STF e a mídia oposicionistas, querem submeter o STF e restabelecer a censura dos tempos da ditadura, esta campanha antidemocrática, autoritária, liberticida deverá, segundo indicam líderes petistas inconformados com a condenação dos petistas mensaleiros, ser atiçada depois do segundo turno eleitoral; então, petistas democratas e decentes, não entrem na canoa furada de fazer da defesa de corruptos bandeira de luta, não se submetam aos arreganhos totalitários da seita dirceuzista, saiam fora da ilegalidade e indecência que se desenha. Agora, quem quiser ficar dentro, que vença a luta contra a legalidade democrática e a liberdade de expressão; ou que se lasque.

E isto: "O PT é um partido de gente honesta como eu".
Nunca duvidei da honestidade de Eudes Hermano e conheço muitos outros petistas tão honestos quanto ele. Parece-me apenas, agora, que Eudes é tão honesto quanto ingênuo. Se todos os petistas honestos forem tão ingênuos quanto o Eudes, aí não tem jeito, o Zé arrasta o PT (em tempo: Zé Dirceu não é um ex-líder do PT, é um poderoso líder do PT).

Por fim, Eudes diz que o PT é campeão de votos no Brasil e que "o resto é inveja de quem o PT não aceita mais".
Inveja do PT, conscientemente, não tenho. Posso até ter saudades. Todavia, como demonstrou Schopenhauer e como é já de conhecimento ordinário da psicologia e da psicanálise, os motivos humanos são nebulosos, turvos, absconsos. Por exemplo: por que raios de motivos é Eudes Hermano tão encantado com corruptos mensaleiros petistas a ponto de perder o senso e arriscar-se em argumentos chinfrins para lhes tomar as dores?




sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Corrupto condenado, Zé Dirceu vai para a cadeia. O PT não precisa ir junto, nem cabe na cadeia

O Supremo Tribunal Federal condenou Zé Dirceu por crime de corrupção ativa. Pende ainda sobre o réu a acusação de "formação de quadrilha", sendo ele apontado pelo Ministério Público como o chefe da "sofisticada organização criminosa". Zé Dirceu, "primeiro-ministro" no primeiro Governo Lula, irá para a cadeia, havendo dúvida se cumprirá a pena em regime fechado ou semi-aberto.

Não há surpresa nessa condenação. As evidências do comando de Zé Dirceu no esquema do mensalão saltam aos olhos de todos os observadores. Todavia, Dirceu encontra quem o defenda. Certamente, não o fazem por não acreditar no seu comando, o fazem precisamente porque o aceitam como comandante: porque o admiram, porque o amam, porque o idolatram.

Esta seita de dirceuzistas é ramificada, embora com núcleo no PT. Mas o PT é maior do que esta seita de fanáticos.

A seita dos fanáticos dirceuzistas tem feito arreganhos totalitários contra as instituições democráticas. Dirceuzistas graúdos impuseram à cúpula do PT uma nota de solidariedade a Dirceu com ameaças veladas ao STF e à imprensa. O próprio Dirceu avisou que, passado o segundo turno das eleições, será o momento da reação.

Em suma: Zé Dirceu e seus diretos paus-mandados preparam um ataque às instituições democráticas brasileiras. Ousadia não lhes falta. Ousadia, aliás, que sempre foi característica dos totalitários.

O PT, no entanto, como já disse, é maior do que isso. Pela sua imensa maioria não se deixará levar pela aventura tresloucada de fazer da defesa de corruptos bandeira de luta. Não se deixará levar pela pregação totalitária de submeter politicamente o Poder Judiciário e de calar a mídia oposicionista, restabelecendo a censura dos tempos da ditadura.

O lugar do corrupto Zé Dirceu - e de outros corruptos mensaleiros menores -, como já decidiu o Supremo, é na cadeia. O lugar do PT não é na cadeia, mesmo porque o PT não cabe na cadeia. O PT é um partido que, com seus acertos e erros, é importante para a democracia brasileira. Seria uma pena que - ao invés de aprender com os erros, de  expurgar corruptos e quadrilheiros, de renovar-se democraticamente, de retornar a antigos valores éticos, de submeter-se aos ditames do Estado Democrático de Direito - caísse sob o domínio do fanatismo dirceuzista.

Os petistas decentes e democratas - e os há - devem começar a reagir ao discurso dos fanáticos. Devem decidir se ficam com a Democracia ou com a aventura totalitária dirceuzista que se desenha.

sábado, 6 de outubro de 2012

Um esplêndido discurso pequeno do grande Fernando Alves da Rocha

Meu sobrinho-neto Alcimar é candidato a prefeito de Tangará, município do vizinho estado do Rio Grande do Norte. O pai de Alcimar, Giovannu César Pinheiro Alves, que todo o RN conhece pelo carinhoso apelido de Gija, foi duas vezes prefeito e é uma grande liderança na região do Trairi. Gija comanda a campanha, tendo mobilizado milhares de eleitores para o comício de encerramento. Políticos famosos do RN, prefeitos e deputados, fizeram discursos mais ou menos longos; mas o grande sucesso foi o extraordinário discurso do meu irmão, o Professor Fernando. Foi um discurso tão curto quanto brilhante. De longe, o mais aplaudido e o mais comentado. Várias pessoas, dentre as quais o candidato, o pai do candidato e o irmão do orador foram às lágrimas. Além de chorar, eu gravei e degravei o discurso. Agora transcrevo:

"Desejo uma ótima noite para todos nós. Deus não me deu o dom de orador. Mas vou começar minhas poucas palavras citando o nome de um grande homem. Este grande homem está aqui presente. Presente em espírito. Este grande homem foi o primeiro juiz da cidade de Tangará. Este grande homem foi e é o Amor. Este grande homem foi o Doutor Manoel.
Gija, para nós, da família, que o amamos, é nosso querido e inesquecível Nenéu.
Numa noite tão linda como esta, aproximada pela natureza e por esta vasta multidão, me sinto no direito de dizer mais duas palavras: Todos nós estamos felicíssimos; pois sabemos que, com certeza, nosso querido Alcimar, 33, será o nosso prefeito.
Gija vota com amor: 33.

Obrigado! 
E excelente noite para todos".

(Professor Fernando Alves da Rocha)


domingo, 30 de setembro de 2012

Sentença do TRE/PB contra prefeito Marcus Odilon cai diante do bom-senso e cairá diante do TSE

Diz-se que decisão judicial não se discute, cumpre-se. Não é assim. Cabe cumprir, mas sempre se discute; e se deve discutir. Não fora a discussão das leis e das sentenças, estaríamos ainda no Código de Hamurábi.

A decisão do TRE/PB que condenou o prefeito de Santa Rita, Marcus Odilon, por ter feito - e cumprido - promessas de campanha, é intolerante, persecutória e absurda.
Com efeito, se todos os políticos não cumprem as promessas que fazem, todos as fazem; sem nenhuma exceção por mim conhecida (quem conhecer, aponte-me).
A condenação de Marcus Odilon se deveu a promessa de doação de terrenos a pessoas carentes, na campanha de 2004. Na campanha em curso para prefeito capital da Paraíba, por exemplo, ninguém está prometendo terreno, mas tem quem prometa a casa já pronta, ou mesmo a casa pronta e apetrechada. Tem promessa para todos os gostos. Vejamos:

a) Luciano Cartaxo, do PT, promete construir 13 mil casas;
b) Estela, do PSB, promete construir apenas 10 mil casas; mas com a vantagem que serão entregues já com fogão e geladeira;
c) Cícero Lucena, do PSDB, promete tablets para todos os alunos e professores da rede pública;
d) Zé Maranhão, do PMDB, promete desobstruir as calçadas e combater a corrupção;
e) Renan Palmeira, do PSOL, promete uma capital mais verde;
f) Lourdes Sarmento, do PCO, promete a redenção da classe operária;
g) Antônio Radical, do PSTU, promete radicalizar;
h) todos prometem construir hospitais, melhorar a educação pública, fazer saneamento básico, dar assistência aos mais carentes, etc, etc, e etc.


Estarão essas transgressões sendo investigadas pelo Ministério Público Eleitoral? Serão os transgressores processados e condenados pelo TRE/PB?

Vejam o que, segundo leio nos mais idôneos meios de comunicação da Paraíba, Sua Excelência o Senhor Juiz exarou, condenando o prefeito Marcus Odilon:

"Agiu com intenso dolo específico, pretendendo obter a preferência do eleitor carente mediante promessa de benefícios".

Data vênia, deveria o candidato prometer malefícios?
Outra dúvida: se a promessa for feita a pessoas não carentes, será legítima?
Se for ilegal apenas a promessa aos pobres, os candidatos se condicionarão a governar apenas para os ricos.

Existem casos em que o candidato, em sendo detentor de cargo público, une à promessa a força do cargo; o que configura abuso de poder. Ora, em 2004, o candidato Marcus Odilon não possuía nenhum cargo público: não era prefeito, nem deputado, nem vereador, nem nada.

De qualquer forma, não fique a Paraíba como único exemplo de transgressão eleitoral. Vamos a um exemplo nacional. Logo após as eleições de 2010, o jornal O Globo fez, vejam só, um infográfico das promessas de campanha da Presidente Dilma. É longa a lista, destacarei algumas promessas mais vistosas:

a) melhorar todo o sistema de saúde do Brasil;
b) construir cinco refinarias;
c) fazer 500 UPAS 24 Horas;
d) ampliar o SAMU
e) criar cursos de capacitação;
f) ampliar a fabricação de genéricos;
g) melhorar a gestão de recursos;
h) ampliar o Brasil Sorridente.

Porém, notem o detalhe curioso, o jornal não listou tais promessas com intuito de denúncia, não visou impedir o arremate da transgressão eleitoral, que seria o cumprimento das promessas; pelo contrário, avisava que as promessas, assim elencadas: "Podem ser fiscalizadas pelos eleitores no dia a dia".

Dado que todos prometem e que, até hoje, na história do mundo, o único candidato que foi condenado por fazer promessa de campanha foi Marcus Odilon, haveremos de destacar o agravante que levou à condenação. O competente e idôneo jornalista Lenilson Guedes, anotou, no portal Catingueira Online, o seguinte:

"O MPE acredita, inclusive, que a doação dos terrenos tenha se concretizado".

Fiquem, pois, alertas os candidatos: prometer, vá lá; mas se a promessa for concretizada, estarão lascados.
E a Presidente Dilma, que muito prometeu, cuide de não cumprir.

Data máxima vênia, a referida sentença do TRE/PB não se sustenta diante do simples bom-senso; igualmente não se sustentará diante do TSE.



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Intelectuais dirceuzistas deviam procurar mais o que fazer, talvez uma lavagem de roupa

Anunciado pelo porta-voz Luiz Carlos Barreto como um "texto filosófico-doutrinário", o manifesto dos intelectuais amigos de Zé Dirceu em defesa dos corruptos mensaleiros foi mesmo um espanto. É de admirar que se juntem 200 e tantos intelectuais para produzir uma nota tão besta. Felizmente, uma besteira curta: 3 minguados parágrafos.

No primeiro, dizem que lhes causa preocupação "parte da cobertura da mídia" e reações públicas que atribuem aos ministros "o papel de heróis".

Certamente, a "parte" que preocupa é a que não faz o papel de porta-voz de mensaleiros. Com a outra parte, a que pede a absolvição dos corruptos mensaleiros, tudo bem. Quanto às reações públicas que atribuem aos ministros "o papel de heróis"; isso é mesmo um perigo, pois concorre com a idolatria que esses intelectuais prestam ao deus Lula e ao semi-deus Zé Dirceu.

No segundo parágrafo dizem que são contra "a transformação do julgamento em espetáculo" e repudiam "o linchamento público".

Ocorre, faz tempo, que as sessões do STF vão ao público pela TV Justiça. Em alguns momentos têm grande audiência. Foi o caso, por exemplo, da decisão sobre a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol. Foi o caso, também, da decisão sobre o Sistema de Cotas nas Universidades. Então, o que esses intelectuais querem é censurar a TV Justiça quando os ministros não estiverem seguindo o prumo que eles acham adequado. Quanto ao "linchamento público", os intelectuais dirceuzistas não se incomodaram com o massacre sofrido pelo ex-governador Arruda, de quem eles não gostam. Esses intelectuais sempre apreciaram "linchamento público" de adversários. O ídolo deles, o Zé Dirceu, chegou a aconselhar multidões petistas - no que foi atendido - a espancar adversários, a bater neles "nas urnas e na rua".

No último parágrafo dizem confiar que os ministros saberão conduzir o julgamento até o fim "sob o crivo do contraditório e à luz suprema da Constituição".

Pois, no início do julgamento os advogados de defesa crivaram o contraditório dias a fio. E, à luz suprema da Constituição, os peculatários, lavadores de dinheiro, formadores de quadrilha, corruptos passivos e ativos devem pagar por seus crimes; quer sejam simples mortais, quer façam parte do Olimpo petista.

Enfim, o manifesto dos 200 intelectuais dirceuzistas é de matar de vergonha até mesmo analfabetos funcionais. E o Barretão teve coragem de chamar tal porcaria de "texto filosófico-doutrinário".

Deus do Céu!, a filosofia doutrinária brasileira está no bagaço.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Artistas e intelectuais preparam manifesto em defesa do grande Zé Dirceu do mensalão

Antigamente, artistas e intelectuais brasileiros tinham o bom costume de assinar manifestos contra a censura, contra a repressão, contra a ditadura. Agora preparam um manifesto em favor de corruptos mensaleiros.

É um troço esquisito: segundo se anuncia, está sendo articulado, por amigos de José Dirceu, um abaixo assinado com mais de 200 assinaturas. Os intelectuais dirceuzistas têm até um porta-voz, que é o cineasta Luiz Carlos Barreto. Eis o que o porta-voz reporta:

"Não reivindicamos a inocência de ninguém. Mas esperamos que os ministros do STF saibam punir quem tem de ser punido e inocentar quem tem direito à inocência".

Não seria de se esperar o contrário. Mas tem caroço nesse angu. Caroço saliente. É o seguinte: Barretão, que é amigão do peito de Zé Dirceu, está indicando que os dirceuzistas se darão por satisfeitos se os idealistas do PT escaparem da degola; os corruptos mensaleiros de direita podem se lascar. Na pior das hipóteses, os dirceuzistas, em se salvando Zé Dirceu, deixarão que se lasquem também os mensaleiros petistas menores.

Deve ser mais ou menos isso. Ao certo não se pode saber, porque o raio do manifesto não aparece, seus articuladores apenas invadiram a internet com balões de ensaio. Um dos blogueiros que repercutiu foi o Ricardo Kotscho, amigão do Lula e do Dirceu. O título do post em que Kotscho trata do assunto é o seguinte:

"Em defesa do amigo e cidadão José Dirceu"

Mas, no manifesto, avisa Kotscho, o nome de Dirceu não é citado.

Voltando ao porta-voz oficial, o Barretão: "Esperamos que o julgamento seja feito no tribunal". 
Porra!, o julgamento está sendo feito no Tribunal.

Já o Kotscho, que diz que o nome de Dirceu não é citado no manifesto, finaliza o seu post assim:

"Em outras palavras, questões jurídicas e político-eleitorais à parte, o que o documento dos seus amigos reivindica é respeito aos direitos do cidadão José Dirceu".

E os direitos dos outros cidadãos-mensaleiros?

Por que diabos não deixam de conversa e abrem logo o jogo? Porque o diabo é esperto: primeiro sonda.
É uma boa tática. Eu mesmo acho que esse troço não vai colar. Manifesto a favor da corrupção? Talvez seja um pouco demais, até mesmo para artistas e intelectuais adeptos da ética do artista petista Paulo Betti, que aconselha os idealistas a meterem "a mão na merda".

Acho que não vai colar, que não vai salvar os mensaleiros petistas da cana dura, mas estou curioso. Até mesmo porque, segundo Luiz Carlos Barreto: "Não é um manifesto. É um texto filosófico-doutrinário".

Puta que Pariu! Será que vão elaborar um novo Imperativo Categórico para justificar o direito dos petistas ilustres à corrupção?

sábado, 22 de setembro de 2012

As Bodas de Jesus e Maria Madalena - e um esplêndido trecho do ateu Schopenhauer

Muita gente estudiosa tem mania de pegar no pé de Jesus Cristo para provar que ele não existiu. Outros investigam documentos antigos para construir outra história; qualquer outra, desde que não seja aquela contada nos Evangelhos Canônicos. Uma das vertentes mais exploradas é a do casamento de Jesus com Maria Madalena. Com isso, nós outros, cristãos, já ficamos no lucro: ora, para ter casado com Maria Madalena, Jesus teria de ter existido.

A grande polêmica causada pelo papiro apresentado por Karen King espanta-me não pelo seu conteúdo, mas por alguém pensar que tal descoberta possa abalar a fé cristã.

Consta do papiro: "Jesus disse-lhes: "Minha esposa..."; "Ela será capaz de ser minha discípula...".

Não é prova, mas é um bom indício. Isso se o documento for autêntico: há controvérsia. Francis Watson, da Universidade de Durhan, por exemplo, afirma que se trata de uma falsificação.

Aceitemos, por hipótese, não apenas a autenticidade do documento, mas o fato mesmo do casamento do jovem galileu com a sua doce amada Madalena.

Eu, Washington Rocha, cristão fervoroso, rejubilo-me. Ah!, como gostaria de ter estado presente às Bodas. Que festa esplêndida, com fartura do melhor vinho. Daria muitos e muitos Vivas ao casal, clamando feliz:
LONGA VIDA! LONGA VIDA! VIDA ETERNA!

Pois, nós cristãos, que acreditamos no milagre da ressurreição, como nos haveríamos de abalar com este ou outro detalhe que se vá descobrindo sobre a vida do Redentor?

O cerne da fé cristã, no meu entender, está nesta passagem, em que Jesus responde às angústias de Marta, irmã do defunto Lázaro:

"Disse-lhe Jesus: eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morto, viverá.
E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?
Sim, Senhor, respondeu ela, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo".
(João 11, 25 a 26).

Comumente, não sei porque, quando leio grandes ateus, as mais altas inteligências do ateísmo, resulta-me a leitura em fortalecimento da minha fé. Isso aconteceu em relação a, por exemplo, WJ Solha; e já escrevi a respeito. Também em relação a Nietzsche; igualmente, escrevi a respeito. Porém, sobre o ateu Schopenhauer, ainda não havia escrito. Escrevo agora. Quer dizer, limito-me a reproduzir um trecho de O Mundo como Vontade e como Representação (São Paulo: UNESP, 2005 - tradução de Jair Barboza), que estou relendo:

"O sábio estóico não sabe aonde ir com sua sabedoria, e sua tranquilidade perfeita, contentamento, beatitude, contradizem tão frontalmente a essência da humanidade que não nos permite de modo algum sua representação intuitiva. E como contrastam com eles os penitentes voluntários que ultrapassam o mundo e que a sabedoria indiana nos apresenta e efetivamente produziu!, ou mesmo o salvador do cristianismo, aquela figura resplandecente, cheia de vida profunda e de magnânima verdade poética do mais alto significado, que, com virtude perfeita, santidade e sublimidade, encontramos perante nós em estado de supremo sofrimento".

Assim, mesmo que o casamento de Jesus seja uma mera possibilidade, como não nos rejubilarmos com um momento de tão grande alegria na vida de quem tanto sofreu para nos salvar?



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pergunta aos petistas sérios e democratas: Rui Falcão, presidente do PT, está preparando um golpe fascista?

Rui Falcão tem feito jus ao nome, revelando-se como falcão autoritário, intolerante e bravateiro. Está no direito dele, desde que não avance para uma ação predatória contra o Estado Democrático de Direito.

Com efeito, as últimas bravatas do presidente do PT ultrapassaram os limites da razoabilidade e do decoro democrático. Faz poucos dias, revoltado com a condenação do deputado João Paulo Cunha no julgamento da Ação Penal 470 (que pessoas politicamente incorretas insistem em chamar de "mensalão"), o Falcão assacou contra o bom senso uma enfiada de cretinices. Vejam:

Que foi "um golpe contra o PT"; 
Que a oposição conservadora, "uma elite suja", usa, contra o PT, de instrumentos que vão "desde a mídia conservadora, passando pelo judiciário";
Que "não mexam com o PT, porque quando o PT é provocado, ele cresce".

Deus do Céu! O João Paulo Cunha foi condenado, por 9 a 2, no Supremo Tribuna Federal, órgão garantidor da Constituição Soberana. Nesta Corte, aliás, 7 dos 10 membros foram indicados pelos presidentes petistas Lula e Dilma.

Falcão, um autêntico revolucionário bolchevista, está certo em não gostar dos conservadores e da mídia conservadora. Agora, revoltar-se por ter a mídia conservadora ecoado as ideias dos... conservadores; aí é uma imbecilidade, se não for coisa pior. E o que será pior do que a imbecilidade? É querer que até a mídia conservadora adote a doutrina do petismo revolucionário. Aí é fascismo.

Afirmar que, tão somente por estar cumprindo seu dever, o STF é instrumento das "elites sujas" é uma típica provocação fascista. Não há nada, rigorosamente nada, que indique sujeição do STF a quem ou a o que quer que seja. A mensagem, tipicamente fascista, é a seguinte: se o Supremo Tribunal Federal não atender aos interesses do petismo revolucionário, será um Tribunal sujo, devendo ser extinto.

"Não mexam com o PT, porque quando o PT é provocado, ele cresce". Essa frase contém uma perspectiva razoável e um desejo legítimo, mas também uma ameaça fascista. Vejamos: se o PT crescer nas urnas, nas eleições de outubro, ótimo. O PT poderá ter uma subida eleitoral magnífica, sem que a oposição possa reclamar. Se o PT, por exemplo, eleger os prefeitos de São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Natal e João Pessoa; se isso ocorrer, será uma resposta e tanto a quem "mexe com o PT". Mas o Falcão pode também estar insinuando que o PT pode crescer para cima das instituições, censurando a mídia não petista e invadindo o STF. E isso é fascismo.

Por favor, tem por aí algum petista sério e democrata que possa responder a pergunta do título?







segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Herbert Lins, Alexandre Guedes, Luiz Carlos Prestes e a nostalgia comunista

Meu amigo Alexandre Guedes enviou-me um post do Blog do Herbert Lins (herbertlins.blogspot.com.br), um amigo comum. O excelente post tem forte carga de nostalgia comunista, a começar pela epígrafe que encima o texto, de autoria do Cavaleiro da Esperança:

"O comunismo é a primavera da humanidade"

Eu, que fui comunista na minha adolescência e juventude, emocionei-me e até senti vontade de chorar. Mas contive a emoção ao lembrar que tal primavera, inaugurada com a revolução bolchevista de 1917 na Rússia, abriu as portas não de um paraíso de liberdade e igualdade, mas sim um inferno de servidão, escravidão, degradação, prisões, torturas e extermínios em massa.

Nada obstante, o ideal comunista continua, teoricamente, lindo: o paraíso na terra. O chato é que, antes de chegar ao paraíso, as revoluções marxistas-leninistas precisam passar pelo inferno da "ditadura do proletariado", como consta da ortodoxia doutrinária. Desde lá se vai quase um século, em seguidas experiências, a fase infernal do bolchevismo nunca falhou; já a fase do primaveril paraíso...

Entretanto, quis me parecer que o comunismo de Herbert Lins limita-se à nostalgia. Para efeitos atuais e práticos, seu discurso é bem outro. Falando da Associação Cultural José Martí Brasil-Cuba, diz que é "uma entidade de intercâmbio cultural com a ilha cubana que convive com a ditadura dos irmãos Castro, disfarçada de socialismo".

Herbert começa por lembrar o pai, o saudoso Coronel Lins, um intelectual de esquerda que iniciou o filho na doutrina marxista-leninista. Não sei se Herbert continua bolchevista; pela visão que tem do regime de Cuba, quero crer que não. Socialista, sim. Mas deverá ser mais pela linha do liberal-socialismo de Norberto Bobbio, o qual considera que "sem democracia não há socialismo". Eu, que deveras aprecio o pensamento de Bobbio, vou enviar mensagem a Herbert indagando sobre esse ponto.

Com Herbert, compartilho não só o desprezo pela ditadura dos irmãos Castro como a admiração por Alexandre Guedes. Apesar de Alexandre Guedes ser devotado ao regime cubano. Que se há de fazer? Meu amigo Alexandre é excelente em variados aspectos e deve ser admirado por variados motivos. Dele, diz Herbert: "Alexandre Guedes, vanguarda esquerdista jovem da Paraíba". Concordo, embora Alexandre já seja cinquentão e careca. Aliás, ele é a cara de Vladimir Ilitich Ulianov, que tinha um irmão chamado Alexandre, revolucionário assassinado pela repressão czarista.

Diz ainda Herbert: "Alexandre Guedes é um advogado militante nos direitos humanos, filósofo e grande conhecedor de administração pública".

E explica o relacionamento político deles: "Mesmo em campos diferentes, mas com ideais comuns, que visam acabar com as desigualdades e injustiças sociais ainda gritantes em nosso país".

Concordo plenamente, acrescentando que essas desigualdades e injustiças sociais são, em parte, alimentadas por uma corrupção desenfreada, como a que se chamou de mensalão e está sendo julgada no Supremo Tribunal Federal com o nome técnico de Ação Penal 470. Aliás, os primeiros votos dos ministros-juízes no dito julgamento foram de molde a abrir a expectativa de que a corrupção desenfreada, finalmente, irá receber freios.

Não está claro, no post de Herbert, em que campo diferente do de Alexandre ele está. Sei qual é o campo de Alexandre: é o PT. Mas o campo do PT não é inteiriço, é todo dividido. De forma geral, abomino a política do bloco petista-autoritário Lula-Dirceu-Ruy Falcão. Mas aprecio alguns filiados do PT, a começar pela Presidente Dilma Rousself. De alguns petistas, além de admirador, sou amigo; é o caso de Alexandre Guedes. É o caso também do meu candidato a vereador. Pois é, não apenas voto como estou pedindo votos, fazendo toda campanha possível para o meu amigo Mestre Fuba, das Muriçocas do Miramar; um sujeito formidável, apesar de ser filiado ao PT.

Em Alexandre pretendo votar em 2014, para senador. Existe uma movimentação no PT e fora do PT para a viabilização do nome de Alexandre Guedes para a próxima disputa senatorial. Essa movimentação deverá crescer após as eleições do próximo mês. Contará com meus esforços.

Certamente, precisarei fazer também algum esforço para superar as diferenças com meu candidato em relação à questão dos direitos humanos em Cuba. Lá, na ditadura dos irmãos Castro, direitos humanos são largamente desrespeitados sem que a esquerda brasileira reclame. É um tema delicado. Ocorre que a devoção castrista é uma febre que acomete 9 em 10 intelectuais da esquerda brasileira. Um traço já histórico, de difícil erradicação.

Todavia, que Alexandre Guedes, em sendo eleito senador, lute, com o destemor que lhe é característico, em defesa dos direitos humanos no Brasil, já valerá a pena.



sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O intelectual Luciano Agra está humilhando a brutalidade laranja-girassol

Apesar daquele ato tresloucado de destruir a pista de voo do Aeroclube - e algumas outras ricardices que cometeu, ao tempo em que era ricardista -, o prefeito de Jampa capital, Luciano Agra, é um administrador competente. Eu vejo assim e assim também vê a maioria da população, segundo as pesquisas de opinião. Porém, vejo mais uma coisa, de que nem desconfiava: Agra é um fino intelectual.

Quem tem acompanhado o embate entre o prefeito Agra e seus ex-companheiros laranja-girassóis não pode ter deixado de rir com as seguidas tundas que o intelectual Agra aplica nos seus desafetos socialistas. Estes têm sido grosseiros e vulgares a mais não poder - a começar pelo rei-na-barriga Ricardo Coutinho, que ameaçou dar "um tapa na bunda" do prefeito.

A essas e outras, Agra tem respondido com inteligência, sutileza e corrosiva ironia. Sempre citando pensadores mais ou menos famosos. Dia desses, reagindo a agressões bem baixas, citou, mais uma vez, Nietzsche: "Toda vez que me elevo sou mordido por um cachorro...".

A mais recente sutileza de Agra ocorreu em resposta a uma brutalidade do presidente municipal do PSB, Ronaldo Barbosa, que havia chamado 78 dissidentes do PSB de "banda podre".
Desta vez, Agra citou o físico Niels Bohr:

"Toda verdade para ser verdadeira, o oposto também tem de ser verdade".

A força das citações de Agra está no fato de que elas são pertinentes, bem escolhidas e bem emolduradas. Só depois de ter amarrado a presa por meio de um discurso esclarecedor, o orador desfecha a ferina citação.

Muitas vezes, esses "discursos" são feitos via twitter. Falas bem curtinhas; nem por isso menos eficientes.

Consta que, para detonar o prefeito seu correligionário, natural candidato à reeleição, Ricardo Coutinho argumentou com a inabilidade retórica de Agra; enquanto que Estela haveria de "engolir Cícero e Zé Maranhão".

Por enquanto, Estela tem engolido apenas imensa frustração, amargando o quarto lugar.

Retoricamente, quem está engolindo os ex-companheiros socialistas-laranjas é o intelectual Luciano Agra.