Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Em defesa de Sakineh Ashtiani, contra o horror e a covardia

Prepara-se no Irã um crime hediondo: o apedrejamento ou enforcamento de Sakineh Ashtiani, acusada de adultério. O mundo civilizado deve mobilizar-se contra essa barbárie. Do Governo brasileiro, presidido por uma mulher, espera-se o protesto mais veemente e que vá ao limite da pressão diplomática para impedir tal atrocidade. Não apenas é preciso impedir o crime de assassinato anunciado, como se deve exigir a libertação de Ashtiani. Todos os organismos de Direitos Humanos devem colocar a libertação de Sakineh Ashtiani na sua lista de prioridades. Isso, de forma particular, de forma geral deve ser prioridade das organizações de Direitos Humanos e das democracias priorizar, no sentido de primeira prioridade, libertar as mulheres da escravidão, onde quer que elas sejam escravizadas. A propósito, quero saudar a vigilância da professora Sônia van Dijck, que tem assumido a linha de frente da resistência contra crimes e abusos desse tipo; num momento em que outros, com responsabilidade institucional, calam-se. E ainda pior: com Sônia, espantei-me ao ver pessoas sedizentes democráticas e defensoras dos direitos humanos procurando justificar o crime contra Sakineh Ashtiani. Tal atitude é deplorável e deprimente: covarde, asquerosa, repulsiva como o próprio crime.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Luz do Mundo

(por especial pedido do meu querido irmão Fernando, tenho publicado esse texto todo fim-início de ano, desde 2005)

     Caminhava Jesus com seus discípulos quando avistou um cego de nascença. Os discípulos quiseram saber se o infeliz estava pagando os pecados próprios ou os pecados dos pais. Jesus respondeu que nem o cego nem os pais haviam pecado, mas era necessário que naquele sofredor se manifestassem as obras de Deus; e dispõe-se a curá-lo, dizendo: "Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo" (João: 9, 5).
     Todos nós somos cegos de nascença; não cegos da visão, mas cegos do entendimento. Cegos da visão, alguns. Cegos do entendimento, todos. Não que a razão humana não possa conhecer, mas ela só conhece pelo tato aquilo que melhor conheceria pela vista.
     A razão humana, a rigor, apenas tateia a verdade; sendo da essência mesma desta nunca se revelar na sua inteireza.
     Acresce que esta humana razão conhece sempre melhor o que importa menos, e pessimamente o que importa mais.
     Porque muito mais importa a verdade moral do que a verdade factual, muito mais as verdades interiores do que as verdades exteriores, muito mais as verdades da vida eterna que não vemos do que as verdades da vida efêmera em que vivemos.
     Por isso foi necessária outra luz, além da luz da razão.
     Se a razão tudo pudesse entender, não careceria Deus de enviar uma nova luz ao mundo.
     Desde que apareceu no mundo, há 2012 anos, essa luz aquece e ilumina sem cessar, e seu combustível é o amor.
     A denominação de "mago", na Antiguidade, indicava o sábio, especialmente da mais excelsa sabedoria da época: a sabedoria astrológica. Os três reis magos são, portanto, os três reis sábios.
     Estes sábios, ao seguirem a estrela, iam a procura de uma luz nova, uma luz que pudesse iluminar mentes já saturadas de toda ciência, cansadas de muitas procuras, desesperançadas de tantas decepções.
     Eles a encontraram, a luz em botão, na forma de um bebê em uma humilde manjedoura.
     Essa pequenina luz se fez a Luz do Mundo.
     Hoje, neste início de 2012, por mais saturado, cansado e desesperançado que você esteja; esta luz esta ao seu alcance.
     Procure-a com o coração.


Acesse o Portal 100 Fronteiras (www.portal100fronteiras.com.br)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Corrupções de ontem e de hoje: CPI pra todo mundo

O deputado Protógenes Queiroz, do PC do B, está colhendo assinaturas para abrir uma CPI que terá por finalidade apurar corrupções havidas durante o Governo FHC, segundo denúncias contidas no livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Júnior. Já o PSDB está colhendo assinaturas no Senado e na Câmara para abrir CPI sobre corrupções de hoje, segundo denúncias da imprensa em geral. Todos estão certos. Investigar é preciso. Mas não tem cabimento fazer CPI sobre denúncias de passadas corrupções e, ao mesmo tempo, impedir a abertura de CPI sobre denúncias de corrupções presentes. Os situacionistas de ontem - oposicionistas de hoje -, que estão pedindo a abertura da CPI das corrupções atuais, se tiverem coragem, assinarão também a CPI das corrupções antigas. Já os situacionistas de hoje - oposicionistas de ontem - que assinarem a CPI das corrupções antigas e se negarem a assinar a CPI das corrupções de hoje, não terão vergonha na cara. Investigar é preciso. Fazer os outros de besta, não é preciso.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

PT e eleições JP: a subserviência ao "Coletivo Agra-Girassol" (ou Agra-Ricardol)

A disputa para prefeito de João Pessoa-PB está às portas. Vai ser acirrada: já estão sobrando denúncias, desaforos e xingamentos. O nível das campanhas parece que não será elevado; uma altura, digamos assim, poleiro de pato. Tudo normal. A única anormalidade é a subserviência de uma ala do PT de João Pessoa ao "Coletivo Agra-Girassol" (ou Agra-Ricardol). Vejam que coisa esquisita: o Diretório Estadual do PT decide pela candidatura própria na capital, o Diretório Nacional ratifica e ordena aos petistas agro-ricardistas que abandonem o tal "Coletivo"; aí um dirigente da ala subserviente diz algo mais ou menos assim: "estamos saindo de mentirinha, guardem nossa cadeira, voltaremos para ser vice". Quer dizer, essa ala não deve mais obediência às instâncias partidárias superiores, o que é uma obediência devida, regimental. Antes, subordina-se ao comando externo agro-ricardista; o que, não sendo nem devido nem regimental, é pura subserviência. Certamente, a candidatura própria do PT enriqueceria o processo eleitoral de 2012 em João Pessoa. O partido que comanda o país há nove anos tem história na capital paraibana, tem densidade eleitoral e excelentes nomes para disputar o cargo. Dadas as condições, negar-se ao eleitorado, seria uma espécie de fraude.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Não li, mas vou ler

Vá ler o livro do Amaury! Já leu o livro do Amaury? Desde que foi lançado o livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Júnior, é dessa forma que os lulo-petistas estão respondendo a qualquer denúncia que os atinja. Aí, os anti-lulo-petistas começaram a retrucar mandando os lulo-petistas lerem o livro de Ivo Patarra, "O Chefe". O tal Chefe, claro, é Lula. Em ambos os casos, supõe-se desmandos, falcatruas, corrupções cabeludas, escândalos sem fim. Não li nem um nem outro, mas vou aceitar as sugestões. Tão logo termine a leitura, comentarei aqui.

Sheherazade: das "Mil e Uma Noites"

A jornalista paraibana Rachel Sheherazade, que atuou na TV Correio e na TV Tambaú, acaba de ser escolhida em enquete do Portal Terra como a melhor apresentadora de TV do Brasil, superando celebridades antigas como Fátima Bernardes, Cristiane Pelágio, Sandra Annemberg e Ana Paula Padrão. A menina Rachel está mesmo acima dos padrões. As citadas concorrentes até podem igualar com ela em beleza e desenvoltura, mas nos quesitos independência e indignação a estrela de Rachel brilha no alto. Ela caiu nas graças do dono do SBT e foi contratada para apresentar o principal programa jornalístico da emissora devido a uma "rodada de baiana" em cima da indústria do carnaval. Já no novo emprego, dia desses, ela passou uma descompostura de arrepiar no senador José Sarney, ex-Presidente da República, tetra-Presidente do Senado. Isso numa emissora cujo dono, Sílvio Santos, faz questão de manter as melhores relações com os poderosos. Pode-se apostar que a fala surpreendente da apresentadora estava fora do script, foi feita de improviso, movida pelo que Ruy Barbosa chamou de "ira santa". Mas não é só a "ira" que conta; também a inteligência e verve com que a "ira" sheherazadeana se expressa. Fenomenal: uma coisa, assim, das "Mil e Uma Noites".

sábado, 19 de novembro de 2011

Quando Washington chorou

Não li o badalado "Quando Nietzsche chorou". Pelo título, deve ser um livro muito besta. Coitado do bigodão, a sua alma trágica abominava a pieguice. Não sei, nem quero saber, o nome de quem pôs o filósofo alemão a chorar. Mas o amigo Zé Bezerra me pôs a mim, Washington, como filósofo e a chorar. Foi no livro "Jogadores de Ilusões"; já pronto e esperando lançamento. Vai ser uma festa. O livro, último de uma trilogia, é engraçado, divertido, risonho, fagueiro e esculhambado. Ainda não concluí a leitura, parei na página em que chorei, a 83:

"... foi olhando, regando este jardim que me chegou a inspiração para escrever um dos melhores textos da minha vida. Um texto que, ao lê-lo, o filósofo e professor Washington Rocha chegou a chorar de emoção estética".

O texto a que Bezerra se refere chama-se "À Setembrina Primavera". Com efeito, um texto excepcional. Por iniciativa minha, quando Chefe do Centro de Pesquisa Musical José Siqueira - Funesc, com direção do próprio Bezerra, "A Setembrina" virou espetáculo de grande sucesso no Teatro Paulo Pontes. Também escrevi um texto laudatório sobre esse texto de Bezerra. Mas não me lembro de ter chorado. No entanto, agora, vendo-me chorar no livro de Bezerra, ri muito. Naturalmente, Bezerra me tira água dos olhos para aguar sua pacholice. O livro é pachola a não mais poder, nem por isso deixa de ser formidável; aliás, por isso mesmo é que é formidável. E, como indagaria o finado Brás Cubas, "quem não é um pouco pachola nesse mundo?". Encerro por aqui e volto à leitura e às risadas. Quando terminar, voltarei a comentar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Uma tarefa para Ivaldo Gomes

Sobre a nova campanha "O PETRÓLEO É NOSSO! DE TODOS OS BRASILEIROS", acho que aqui em João Pessoa um dos coordenadores deve ser o cidadão Ivaldo Gomes; ele é formidável nestas coisas de mobilização da cidadania. Vejam só: o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, deu feriado, torrou dinheiro dos contribuintes e mobilizou celebridades para fazer a campanha do petróleo só pra eles. Anunciam que juntou 150 mil pessoas. No Espírito Santo, o governador Casagrande também juntou gente para exigir o petróleo só pra eles. Estão no direito deles de fazer campanha. Mas nós outros, de todos os outros estados do Brasil, também faremos campanha. Vamos ver quem bota mais gente nas ruas. Ter Ivaldo Gomes como coordenador já garante que a campanha não será partidarizada, que será realmente cidadã. E não precisará de um tostão dos cofres públicos, não será campanha chapa branca como são as de Cabral e Casagrande. Nas manifestações da campanha cidadã "O PETRÓLEO É NOSSO! DE TODOS OS BRASILEIROS" vai quem quer, sem incentivo fiscal.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O PETRÓLEO É NOSSO! DE TODOS OS BRASILEIROS!

A campanha nacionalista "O PETRÓLEO É NOSSO!" precisa ser retomada. O Brasil precisa levantar a voz, do Oiapoque ao Chuí: O PETRÓLEO É NOSSO! Isso porque cariocas e capixabas estão fazendo a campanha do Petróleo só pra eles.

domingo, 6 de novembro de 2011

Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia: anistia ou massacre

Logo após o anúncio da morte de Alfonso Cano, número 1 das FARC, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, convidou a organização guerrilheira ao diálogo e a baixar as armas. De inspiração marxista-leninista, as FARC, há décadas, tentam a tomada do poder através da luta armada. Nos últimos anos o Exército da Colômbia, com o apoio logístico dos USA, impôs sérios reveses à guerrilha e vai, pouco a pouco, acuando seus combatentes. O fundador e líder histórico das FARC, Manuel Marulanda, o Tirofijo, morreu de morte morrida (ataque cardíaco). Mortos em combate ou executados, caíram, dentre outros, os importantes comandantes Raúl Reys, Mono Jojoy, Iván Rios (morto por guerrilheiros desertores) e, agora, o substituto de Marulanda no comando supremo. Em suma, a velha guarda revolucionária está sendo liquidada. Porém, mesmo enfraquecida, as FARC são ainda uma força temível de, segundo estimativa do governo colombiano, 8 mil guerrilheiros (menos de metade do que foram no seu apogeu). Se não houver paz, haverá, provavelmente, um massacre do Exército sobre os guerrilheiros. Se não houver paz, os guerrilheiros, antes de serem massacrados, tenderão, pela motivação adicional do desespero, a estender o terror a níveis inimagináveis: promoverão o inferno; um inferno de poucos ou de muitos anos. O diálogo proposto pelo Presidente Santos é dificílimo, como se pode ver pela dura nota do Secretariado (órgão supremo das FARC) sobre a morte de Alfonso Cano: "Não será a primeira vez que os oprimidos e explorados da Colômbia choram um dos seus grandes dirigentes. Nem tampouco a primeira vez que o substituirão com a coragem e a convicção absoluta na vitória". todavia, a retórica revolucionária talvez não resista muito tempo aos fatos: no campo militar, o movimento revolucionário está ficando sem saídas. A nova geração de guerrilheiros pode priorizar a sobrevivência e aceitar o diálogo. Visando à paz, tal diálogo só poderá prosperar por via de uma proposta de Anistia. Se anistiados e reintegrados à sociedade com plenos direitos de cidadania, desistindo da luta armada, os ex-guerrilheiros, vindos das selvas, do exílio ou das prisões, poderão tentar chegar ao poder pelo voto. No Brasil aconteceu mais ou menos assim, e hoje uma ex-guerrilheira é Presidente da República. Aliás, este caminho pacífico para o poder foi aconselhado aos guerrilheiros colombianos pelo ex-presidente brasileiro Lula da Silva. Certamente, uma proposta de anistia aos guerrilheiros só poderá prosperar com extensão da anistia aos agentes do Estado envolvidos em excessos durante os muitos anos de ação contra os guerrilheiros. Crimes terríveis terão de ser perdoados, dos dois lados. Os guerrilheiros promoveram o tráfico de drogas, sequestros, cativeiro, ataques terroristas, execuções sumárias e horripilantes. As forças do Estado exerceram uma repressão duríssima, onde não terá faltado os excessos da tortura e da execução de guerrilheiros dominados e indefesos. Tem ainda as organizações paramilitares que coadjuvaram as forças regulares no combate à guerrilha, e estes grupos foram pródigos em excessos de crueldade e ações criminosas paralelas ao combate à guerrilha. Terão também de ser anistiados. É aceitável que crimes terríveis sejam perdoados? É o preço da paz. Fora este caminho de uma Anistia Ampla, restará o caminho do massacre de 8 mil guerrilheiros, dentre os quais muito jovens e adolescentes (e também mulheres grávidas, bebês e crianças que serão atingidas direta ou indiretamente). Ou o caminho cada vez mais improvável de uma vitória das FARC, que, em sendo vitoriosas pelas armas, implantariam uma ditadura revolucionária crudelíssima. Se descartarmos essa improvável vitória, restará evidente que quem mais terá a ganhar com uma Anistia Ampla serão os guerrilheiros, que poderão, inclusive, formar um partido político legalizado e competitivo. Na Colômbia, a Anistia que abrirá o caminho da paz é ainda um sonho. No Brasil foi realizada há mais de 30 anos com os resultados mais esplêndidos que se possa imaginar. Não obstante, alguns tontos insistem na revisão da Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional e promulgada em 1979. Tal campanha revisora de uma Lei que já produziu todos os seus efeitos - magníficos efeitos - é uma iniciativa tão besta, tão evidentemente equivocada, que não dá nem gosto de contraditar.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Todo apoio à Comissão da Verdade

Por unanimidade, em votação simbólica, o Senado aprovou em 26/10/2011 o Projeto de Lei que cria a Comissão da Verdade. Já aprovado na Câmara, o Projeto vai à sanção presidencial. O senador Aluísio Nunes, do PSDB de São Paulo, ex-militante da ALN, duramente perseguido pela ditadura militar, foi o relator. Na apresentação do relatório, o senador Aluísio fez uma exposição sólida, circunstanciada, emocionada e magnífica sobre a necessidade da Comissão da Verdade. Foram muitos os apartes, todos elogiosos; alguns, porém, com algumas restrições ao Projeto que veio da Câmara. Com efeito, o Projeto não é perfeito, mas é bom. Se fosse modificado no Senado, tanto poderia ser melhorado quanto piorado; em todo caso, teria de voltar à Câmara, inviabilizando sua efetivação para este ano de 2011. A Comissão de sete membros será indicada pela Presidente Dilma, provavelmente em dezembro. Confiamos no tirocínio da Presidente. A questão central composição da Comissão é, no nosso entender, a isenção. O pior pecado, será que se use a Comissão para fazer proselitismo político. Deve ela apurar e expor fatos. Devemos dar todo apoio à Comissão da Verdade, para ela recuperar a verdade, não para tentar recuperar uma guerra finda há mais de 30 anos.   

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Mídia e fascismo: o discurso pós-safado de Tarso Genro

Mais uma vez concordo com a Presidente Dilma: presunção de inocência é um princípio civilizatório. Mas a liberdade de imprensa é também princípio civilizatório. É este princípio que a ala autoritária do PT quer destruir, e não por amor àquele outro princípio, mas por amor ao poder. Vejam: o PT nunca presumiu a inocência dos seus adversários, pelo contrário, atacou-os ferozmente a qualquer motivo ou mesmo sem qualquer motivo que não a luta política. Acusou-os com ou sem razão. E chegou ao poder por esse caminho. Não teria chegado ao poder se a imprensa não tivesse feito ampla cobertura das suas denúncias e se não tivesse usado as denúncias da imprensa como instrumento de ataque político. Agora, estando no poder, a ala autoritária do PT quer controlar a imprensa. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, petista histórico, acusou a imprensa (a mídia em geral) de compor um "tribunal comunicacional", fazer "justiça paralela" e criar um "fascismo pós-moderno". Segundo Tarso, esse fascismo midiático "faz vibrar a classe média ingênua". Essa acusação é uma sem-vergonhice sem tamanho. Contra a mídia e contra a classe média. E é, também, tremenda ingratidão. A mídia a que ele se refere não é fascista, mas historicamente antifascista. A classe média a que ele se refere não é ingênua, é, por excelência, esclarecida. A união desta com aquela impulsionou o PT rumo ao poder. Eventualmente, tal união pode também ajudar a tirar o PT do poder, sendo a alternância no poder um outro princípio civilizatório e regra comezinha da democracia. É essa alternância que a ala autoritária do PT não admite. Daí os reiterados ensaios liberticidas que expõem a cara autoritária do PT. Daí o discurso - este sim - fascistizante e pós-safado de Tarso Genro.  

domingo, 16 de outubro de 2011

Aos plutocratas de Wall Street: Virem-se!

Eu! Eu! Eu! Wall Street se fodeu!

Ainda não se fodeu, mas merece se foder. O povo sai às ruas, pelo mundo afora, contra o domínio global da plutocracia financista especuladora. O sistema de produção capitalista pode produzir bons ou maus frutos. A idéia de que tal sistema é o mal em si mesmo, é uma idéia estúpida em si mesma. A democracia não sobrevive sem o sistema de livre mercado. Quando o estado monopoliza a economia, estabelece a tirania. Agora, a democracia não pode permitir que o seu Estado invista capital público para socorrer os mais ricos entre os ricos, que são os plutocratas das finanças. Ora, se o padeiro da esquina não consegue pagar suas contas, quebra e fica quebrado, o Estado não irá socorrê-lo. Então, se banqueiros quebrarem, que fiquem quebrados; não há dúvida que novos bancos ocuparão seu lugar, porque banco é um bom negócio. Como não há dúvida de que sempre haverá um padeiro português esperto esperando que uma padaria concorrente quebre para abrir uma filial em seu lugar. No capitalismo é assim. Os banqueiros e financistas de Wall Street estão em crise? Virem-se. Ou fodam-se.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Voto distrital: repercutindo a excelente reportagem de Mislene Santos no jornal Correio da Paraíba

No domingo, 09/10, o jornal Correio da Paraíba publicou uma extensa - e excelente - reportagem de Mislene Santos sobre o voto distrital. Ou, melhor dizendo, uma reportagem sobre o novo sistema eleitoral ora em discussão no Congresso Nacional, mas que destaca o voto distrital, a partir da chamada de capa - "Voto distrital é tema de debate entre lideranças" - e do título de abertura - "Cientista político é contra voto distrital". No caso, o cientista é Jalds Menezes, professor da UFPB e um dos mais respeitados politicólogos do Brasil. Tenho acompanhado, com admiração, a notável produção intelectual do Professor Jalds (em livros, revistas especializadas e mídia). Tenho, geralmente, concordado e aprendido com ele. Neste tema, discordo. Sou a favor do voto distrital e vou tentar contrapor os argumentos do Professor Jalds. Antes, quero dizer que, em posts seguintes, continuarei a apreciação desta reporta tão competente. Seguem, sintetizados, os argumentos do Professor Jalds (aconselha-se a leitura completa da reportagem), acompanhados por meus contra-argumentos:

1) "... Ele lembrou que esse sistema já foi utilizado no Brasil durante todo tempo do Império. 'Contudo, não era um sistema democrático, mas um curioso regime liberal conservador, oligárquico e aristocrático'. ".

O fato de o voto distrital ter sido utilizado durante o Império não o desqualifica. Certamente, o voto distrital do tempo do Império não tinha amplitude democrática, nem poderia ter, porque o Brasil era semi-feudal e, como diz o professor, não era democrático. Os instrumentos da política renovam-se com a renovação da política. Por exemplo: os Parlamentos da época a que o Professor se refere não foram democráticos, mas deram origem aos Parlamentos democráticos de hoje. Nem por ter havido Parlamento no Brasil durante o Império, será o Congresso Nacional do Brasil de hoje nefasto à democracia.

2) "... os setores que defendem o voto distrital (puro ou misto) com unhas e dentes são a revista Veja, o PSDB, o DEM e o PMDB. Quais os interesses desses setores? Esta é a melhor maneira de entender os objetivos desses 'movimentos sociais'.

Qualquer revista tem o direito de expressar opinião, inclusive sobre temas políticos. Quanto aos partidos, sobre tais temas, não têm o direito de se expressar, mas sim o dever, a obrigação; existem para isso. Quanto aos "interesses desses setores", ficamos sem saber quais sejam, porque o Professor não nos diz (apenas podemos pressupor, pelo tom, que sejam os piores possíveis). O próprio Professor Jalds nos ajuda a desfazer o argumento, pois acrescenta: "... cada partido defenderá uma tese conforme seu interesse eleitoral". Ora, se todos os partidos se posicionarão desde um ponto de vista oportunista, tal argumento não poderá desqualificar, exclusivamente, os que defendem o voto distrital por oportunismo. O Professor está pessimista quanto à reforma política, justamente pela possível universalização do oportunismo. Eu sou otimista, e acho possível que no Congresso os princípio se imponham sobre o oportunismo e tenhamos uma boa reforma política (nem precisa ser perfeita), inclusive com voto distrital. Neste particular, as considerações do Professor elevam meu otimismo a uma convicção de vitória; pois, se até o PMDB está defendendo "com unhas e dentes" o voto distrital, a coisa está no papo.

3) "... não existem distritos eleitorais no Brasil. Eles serão criados arbitrariamente, pois não há, nos dias de hoje, a priori, nenhum critério histórico ou geográfico de delimitação dos distritos...".

Não entendo de divisão territorial (sempre fui ruim em geografia), mas creio que há em todos os estados do Brasil elementos históricos e geográficos para divisão de territórios distritais. A jornalista Mislene e a equipe Correio da Paraíba parecem concordar comigo, pelo menos no caso da Paraíba. A reportagem está ilustrada com um mapa do estado dividido em 12 distritos. De olho, como leigo, achei o mapa em questão bastante racional.

4) "Para o historiador, o sistema acabaria fortalecendo os chamados currais eleitorais, porque 'em qualquer lugar do mundo, o voto distrital é um sistema que compartimenta em vez de universalizar. Permite a efetivação de democracia liberal, mas fortemente avessos a participação popular".

Sem voto distrital, os currais eleitorais veem contaminando o sistema eleitoral brasileiro há mais de um século.  Suas causas não estão na forma do voto, mas na situação sócio-econômica das regiões dos currais: pobreza (às vezes, miséria) e baixa (ou nenhuma) escolaridade. O voto distrital, com efeito, compartimenta. Porém, mesmo na mais universalista das Repúblicas, alguma divisão do tipo compartimento será necessária, a começar pelos compartimentos que são as unidades federadas; no caso do Brasil, os estados. Lembrem-se que o Brasil é uma República Federativa. Que o voto distrital é compatível com a democracia liberal, não há dúvida; porém, a democracia liberal não é avessa à participação popular. Pelo contrário, a democracia liberal é o sistema por excelência da participação popular, porque assegura nesta participação os direitos de liberdade.

5) "Jalds Menezes disse que o voto distrital sempre beneficiará as oligarquias e dificultará a vida de candidatos vinculados a ideologias e movimentos de opinião pública, necessariamente universal. Além disso, para ele, esse sistema distritaliza a compra de votos, 'para falar o óbvio porque o poder econômico, as grandes empreiteiras e os grandes bancos, continuarão atuando. O sistema de distrito pode inclusive permitir a racionalização do investimento".

Deixarei a primeira afirmação deste item por último. Quanto à possível distritalização da compra de votos, podemos supor que sem o voto distrital a compra de votos está universalizada. Sendo distritalizada, será mais fácil à Justiça Eleitoral coibir tal prática criminosa. Uma possível compra racionalizada de votos prosperará apenas se houver ineficiência da Justiça e das polícias; tal como tem prosperado a compra irracional de votos quando ocorre a referida ineficiência. Voltemos à primeira afirmação, de que o voto distrital sempre beneficiará as oligarquias. A reportagem em tela - magnífica reportagem - apresenta um cenário hipotético da bancada paraibana na Câmara Federal, como se a eleição de 2010 tivesse sido realizada no sistema de voto distrital. Neste cenário de voto distrital hipotético, PT, PTB e PMDB teriam sido beneficiados. O PT teria acrescentado à sua bancada Jeová Campos, o PTB teria acrescentado Armando Abílio e o PMDB teria acrescentado Roberto Paulino. PP e PDT teriam sido prejudicados. O PP teria perdido Aguinaldo Ribeiro e o PDT teria perdido Damião Feliciano. O DEM teria ficado na mesma, apenas trocando Wilson Filho pelo Major Fábio. Não sei como o Professor Jalds avalia todos esses partidos. Pela minha avaliação, a bancada mais à esquerda teria tido lucro eleitoral, embora pequeno. De qualquer sorte, conhecendo o Professor Jalds como conheço, sei que ele não haverá de caracterizar o Partido dos Trabalhadores como oligárquico.      

 

  

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Primavera das Mulheres

Como mulherista fanático, saúdo com máximo entusiasmo o Prêmio Nobel da Paz 2011. Três mulheres venceram: Ellen Johnson Sirleaf, Leyman Gbowee e Tawakkul Karman. A notícia está no mundo, inclusive no Portal 100 Fronteiras. Quero apenas fazer um comentário sobre a dedicatória de Tawakkul Karman. Ela é iemenita e dedicou o Prêmio à "Primavera Árabe". Com efeito, a citada "Primavera" só será verdadeira se for Primavera também para as mulheres. Se algum fundamentalismo escravizante sair vitorioso desta "Primavera", será continuidade da mesma desgraça. Democracia, no mundo islâmico, significa, principalmente, emancipação das mulheres.
INCH' ALLAH! OXALÁ!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Go home, FIFA!"

A FIFA está a caminho de pisar na nossa Soberania Nacional, transformar o Brasil em protetorado, colônia, quintal. É de estarrecer. A "Lei Geral da Copa" já enviada como projeto ao Congresso Nacional, estabelece leis de exceção para o período compreendido entre 20 dias antes e 5 dias depois da realização da Copa de 2014. Durante este período - cerca de 2 meses -, o Brasil não manda no Brasil; quem manda é a FIFA. A Constituição Brasileira e todas as demais leis pátrias haverão de se subordinar ao código de exceção da multinacional comandada por Joseph Blatter. Se o desaforo imperialista for aprovado no Congresso Brasileiro, serão demarcadas áreas de exclusão - que incluem os estádios, suas proximidades e vias de acesso - onde apenas a FIFA poderá praticar o comércio. Assim, desde que sair de casa, no estádio e na volta para casa, o torcedor só poderá beber a cerveja da FIFA e comer o espetinho de gato devidamente autorizado pela FIFA. Durante o citado período, a multinacional terá poder discricionário para dar visto de entrada e saída no país (o nosso). E mais: dos símbolos multinacionais (bandeira, hino, etc.) será exigido respeito acima daquele devido aos símbolos nacionais. Se o nativo (o brasileiro) desobedecer às leis imperiais, estará sujeito a severas penas; podendo o Império tipificar novos crimes e designar varas especiais para julgamento. Quanto à imprensa, coitada, será tarefa exclusiva da FIFA o credenciamento e permissão de acesso. A multinacional, que define os preços dos ingressos, quer também revogar as leis brasileiras que concedem meia entrada a estudantes e idosos.
É espantoso, mas pode ser confirmado em sites oficiais. A presidente Dilma e o ministro Orlando Silva, estão, pelo menos por enquanto, aceitando o desaforo. Têm resistido à exigência da revogação da lei da meia entrada, mas isso é quase nada. Não deve ser admitido nenhum item que fira a Soberania Nacional. O ministro Orlando Silva é comunista, já deve ter bradado "Go home, Yankee!" em passeatas mil pelo Brasil. Pois, está na hora de bradar "Go home, FIFA!".

domingo, 2 de outubro de 2011

PSD: Marcus Odilon defende Voto Distrital e Primárias

Como se pode ver no post anterior, nos 12 "mandamentos" do PSD consta o Voto Distrital. Mas uma coisa é constar como intenção, outra é haver no partido uma mobilização intensa para sua efetivação. Na Paraíba, quem está verdadeiramente empenhado na defesa do Voto Distrital é Marcus Odilon, prefeito de Santa Rita, que foi também quem iniciou o movimento para a organização do PSDB no estado. Marcus Odilon, que é advogado e historiador, conhece muito bem o tema e elenca vários argumentos em defesa deste "mandamento" do seu partido. Resumiremos os argumentos principais 1) Sendo eleito em eleição majoritária em uma área restrita (distrito), o representante fica em alto grau dependente dos seus representados; 2) Sendo a campanha feita apenas no distrito, será muito mais barata; 3) Sendo majoritário, o voto distrital afunila a composição das bancadas, impedindo a proliferação de partidos "nanicos".
O que não consta dos 12 pontos do PSD e Marcus Odilon defende com a mesma ênfase é a realização de Eleições Primárias para escolha dos candidatos pelos partidos, a exemplo do que ocorre nas eleições presidenciais nos Estados Unidos. Certamente, como argumenta Marcus Odilon, as Primárias são uma ampliação democrática da maior importância, porque tira a indicação do candidato das mãos dos caciques e a coloca nas mãos da massa dos eleitores. Com efeito, se não fossem as Primárias, Barack Obama jamais teria sido candidato a presidente, os EEUU não teriam eleito o primeiro presidente negro da sua história.
Voltando ao Voto Distrital, Marcus Odilon responde com humor à crítica dos que dizem que por essa forma de eleição deputados estaduais e federais teriam a representatividade de simples vereadores. Diz Marcus: "Ora, sendo assim, Winston Churchill, que foi várias vezes eleito para o Parlamento da Inglaterra, sempre pelo sistema de Voto Distrital, foi apenas vereador. No entanto, este 'vereador' foi conclamado por sua Nação para assumir o poder máximo em um dos momentos mais difíceis não só da sua Pátria mais de toda a Humanidade. Como registra a história, o 'vereador' deu conta do recado".
Seja como for, o prefeito de Santa Rita, está decido a fazer uma grande mobilização em favor do Voto Distrital e das Primárias. Precisa contar com o apoio do seu partido. Será uma excelente oportunidade para o PSD mostrar a que veio.
 

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A ideologia do PSD: os 12 pontos

Karl Marx entendeu "ideologia" como "falsa consciência". Porém, como registra o excelente Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano, uma conotação pejorativa do termo já havia sido estabelecida por Napoleão Bonaparte, quando o bravo corso esculhambou com os chamados "ideólogos". Os marxistas, no entanto, passaram a usar o termo também em sentido positivo. Em uma positivação extremada, a ideologia torna-se fanatismo, que tem sido a desgraça da humanidade. Em uma positivação branda, ideologia significa um corpo de princípios que orienta os militantes que com eles comungam, unificando-os na ação. Portanto, dizer que o PSD não tem ideologia pode ser crítica ou elogio. Como crítica, é uma besteira. O PSD, ainda na fase de organização, apresentou seus princípios em 12 sucintos pontos. Quem não gostar, que não goste; mas estão aí, foram amplamente divulgados, estão disponíveis na internet. Cada ponto é seguido de uma explicação. Considero-as, quase sempre, redundantes; portanto, elenco, a seguir, apenas os pontos:

1) Desenvolvimento com Liberdade, Liberdade para desenvolver
2) Desenvolvimento exige Liberdade
3) Democracia e voto distrital
4) Direito de propriedade e respeito aos contratos
5) Igualdade de oportunidades
6) Sustentabilidade e inovação tecnológica
7) Transparência e respeito ao cidadão contribuinte
8) Liberdade de imprensa
9) Livre associação
10) Descentralização e subsidariedade
11) Livre comércio e defesa de valores
12) Liberdade e responsabilidade individual

Eis aí a ideologia do PSD. Trata-se da velha e boa Democracia Liberal de Mercado. Os autoritários não gostam, os totalitários não gostam, os marxistas não gostam, os bolchevistas não gostam, os fascistas não gostam, os nazistas não gostam. Mas tem quem goste. Eu, por exemplo, dou o maior valor.

Certamente, pode-se dizer que tais princípios ficarão apenas no papel, não se tornarão a prática do partido. Pode ser. Como qualquer outro partido, o PSD construirá sua identidade pela prática. Todavia, é de elementar entendimento que os bons princípios favorecem as boas práticas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Presidente Rômulo Gouveia, o PSD não pode exigir dos filiados compromisso de subordinação

Antes de tratar da ideologia do PSD, como tinha prometido no post anterior, tratarei da equivocada declaração do presidente do PSD na Paraíba, tal como registrado no site "PBagora". Disse o vice-governador Rômulo Gouveia: "Quem não tiver coerência com o governo Ricardo Coutinho é melhor nem vir para o partido". E fez outras menções indicativas da exigência de subordinação ao governador Ricardo Coutinho para quem quiser ingressar no PSD. Tais declarações, por sobre autoritárias, são contraproducentes em relação à liderança do próprio presidente Rômulo, que a aliena nas mãos do governador do PSB. Ainda, tal pressuposto de subordinação não se sustenta politicamente em face da linha nacional do PSD, que, afirmando-se independente do Governo Federal, não haverá de corroborar subordinações regionais. O estranho pressuposto de subordinação também não se sustenta legalmente: a ninguém que pretenda se filiar a qualquer partido poderá ser exigido, por ninguém, tão esdrúxulo compromisso. Rômulo Gouveia é presidente e líder aclamado do PSD paraibano, mas não é dono do partido. A principal praga da política paraibana e brasileira é que os partidos, geralmente, têm donos; e não deveriam ter. Não devem ter. Não podem ter. Até espero que os militantes dos partidos que têm donos, os retomem nas mãos. Muito menos poderemos aceitar que alguém se arvore em dono de um partido recém fundado. Ora, O PSD vai ter que fazer muita reunião, ter muito debate, muita discussão e um tanto de confusão antes que defina uma linha política razoavelmente consensual. Isso não se conseguirá por imposição.  

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PSD 55: uma ótima idéia

Enquanto o PSD, por iniciativa e liderança de Gilberto Kassab, estava sendo construído, seus adversários (principalmente DEM e PTB) apostaram tudo para inviabilizá-lo no tapetão, querendo impugnar o partido por alegação de vícios em assinaturas. Chicana que não podia prosperar. Ora, o PSD sobrou em campo: precisava fazer 491.643 gols (assinaturas), fez mais de meio milhão; precisava registro em 09 estados, fez 16 (já vai para 18), inclusive a nossa pequenina e brava Paraíba. Certamente, numa coleta desta envergadura sempre ocorre vícios. Com efeito, cerca de 30 mil assinaturas viciadas foram expurgadas pelos cartórios eleitorais. Só a má fé poderia pretender que as assinaturas viciadas anulassem as mais de 500 mil assinaturas legítimas. As chicanas não podiam prosperar e não prosperaram. O PSD venceu no TSE de goleada: 6 a 1.
Aqui na Paraíba, quem primeiro acreditou e mobilizou pelo PSD foi Marcus Odilon, prefeito de Santa Rita. Foi a primeira onda azul social-democrática. Com a chegada do vice-governador Rômulo Gouveia - aclamado, a começar por Marcus Odilon, como líder do PSD na Paraíba -, a onda virou tsunami e alastrou-se por todas as regiões do estado. O PSD Vai mostrar a cara nas eleições de 2012: de Cabedelo a Cajazeiras. Não vai ter moleza. No Brasil, nunca um partido foi tão atacado no seu nascedouro. Pela esquerda e pela direita, do "Partido do Kassab", para usar uma expressão de Machado de Assis, "disseram o que Maomé não disse da carne de porco". A acusação mais repetida é a de que o PSD "não tem ideologia". É também a maior besteira. Mas este assunto de ideologia é complicado, um tanto longo, e já passa das onze da noite. Fica para o próximo post, que eu vou dormir. Não sem antes lembrar que o número do PSD é 55. Antes fora cogitado o inebriante número 51. Seria uma boa idéia, mas 55 está ótimo.

sábado, 24 de setembro de 2011

"Impunidade jamais!"; "revisão da Lei da Anistia": Heriberto Coelho chama para o debate. Convite aceito

Heriberto Coelho, comentando uma reportagem reproduzida neste Portal 100 Fronteiras com o título "Memórias dos tempos da ditadura", dirigiu-se a mim. Por isso e pelo teor do comentário, embora tenha comentado na notícia, entendi que se refere ao que escrevi aqui, no post anterior. Vejam o comentário de Heriberto:

"W. Rocha, precisamos aprofundar a discussão. Você precisa rever a posição de ser contra a revisão. Impunidade jamais!".

Excelente! O que eu mais gosto de fazer é discutir, debater, polemizar. Não apenas aceito o convite como faço sugestões:

1) Ampliar o debate por intermédio deste próprio Portal 100 Fronteiras. Heriberto tem uma coluna no Portal, podendo usá-la para argumentar a favor da revisão da Lei da Anistia. Eu responderei aqui.  Ele diz que que eu preciso rever minha posição contra a revisão. Farei isso, se os seus argumentos me convencerem. Por sua vez, Heriberto deve também estar aberto à possibilidade de que meus argumentos modifiquem sua opinião.

2) Sendo O Sebo Cultural também um importante centro de eventos políticos, Heriberto, que o comanda, pode organizar um debate no auditório que será inaugurado em breve. Como as atividades de O Sebo Cultural são muito concorridas e o assunto está quente, teremos casa lotada. Se for convidado, aceitarei compor a Mesa para falar contra a revisão da Lei da Anistia. Naturalmente, irei lá pretendendo convencer, mas posso sair convencido.

Com a palavra, Heriberto.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Comissão da Verdade: emendas de ouro

Através de acordo, foi aprovada na Câmara a criação da Comissão da Verdade. O acordo só foi possível porque a bancada da situação aceitou, com o aval da Presidente Dilma, emendas da oposição. Essas emendas vão no sentido de garantir a isenção da Comissão e a amplitude dos depoimentos que lhe possam ser prestados: 1) fica proibida a participação na Comissão de dirigentes partidários, de pessoas com cargos em comissão ou de confiança em qualquer esfera do poder público e de pessoas envolvidas com os fatos investigados; 2) qualquer cidadão poderá se apresentar à Comissão para depor, mesmo que não seja convocado.
Tais emendas, no meu entender, melhoram muitíssimo o soneto: são emendas de ouro.
A Comissão da Verdade é investigativa, não punitiva. Tal como está, o projeto da Comissão da Verdade afasta a revisão da Lei da Anistia. Não poderia deixar de ser assim, pois a primeira e escancarada verdade que a Comissão haverá de "descobrir" é que a Anistia foi Ampla, Geral e Irrestrita; que a Lei da Anistia terminou uma guerra, conciliou a Nação e possibilitou a redemocratização do Brasil.
Na sua declaração de voto a favor da Comissão da Verdade, o bravo deputado verde Alfredo Sirkis, que combateu a ditadura, que foi perseguido, fez questão de exorcizar o fantasma da revisão da Anistia, repetindo considerações que vem escrevendo em seu excelente blog (www.sirkis.com.br); como esta: "Rever (a Lei da Anistia) seria reviver uma guerra que terminou há trinta anos".
Com efeito, devemo nos esforçar em recuperar a memória da história; isso faz bem à democracia. Tentar recuperar a guerra - e isto é o que pretendem os que pretendem a revisão da Lei da Anistia - é uma ideia de jerico, uma jumentice histórica; com perdão dos jumentos, que são animais de índole pacífica.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Leonel Brizola, Inocêncio Nóbrega e os 50 anos da Campanha da Legalidade

Trabalhista histórico, firme combatente das causas democráticas, Inocêncio Nóbrega está trabalhando, mobilizando, conclamando para uma Homenagem aos 50 anos da Campanha da Legalidade,  iniciada por Leonel Brizola - então governador do Rio Grande do Sul - em agosto de 1961 e que garantiu a posse do presidente constitucional João Goulart. Este Blog Rocha 100 parabeniza o militante Inocêncio Nóbrega, aceita a conclamação e entra na luta. Especialmente, convoca todos os que, aqui na Paraíba, formaram a heroica MILITÂNCIA BRIZOLISTA. O amigo Inocêncio, via e-mail, nos informa que já foi aprovado na AL/PB requerimento do deputado José Aldemir para realização da Homenagem, faltando apenas marcar a data. Até lá, estaremos a postos, divulgando as novidades e conclamando os democratas para esta justíssima Homenagem. As violências contra a democracia começam pelo desrespeito à Constituição. Foi contra tais violências que Brizola lutou e, num primeiro momento, venceu. Jango tomaria posse em 7 de Setembro de 1961, mas seria deposto pelo golpe militar de 1964. Vale a pena recordar o trecho inicial da primeira conclamação do governador Brizola:

"Cumpre-nos reafirmar nossa inalterável posição ao lado da legalidade constitucional. Não pactuaremos com golpes ou violências contra a ordem constitucional e contra as liberdades públicas".

É isso aí, Brizola velho de guerra: VIVA A DEMOCRACIA!  

Miro Teixeira: forma de votar decidida no voto

O deputado federal Miro Teixeira - PDT/RJ - apresentou um Projeto de Decreto Legislativo prevendo realização de plebiscito, durante as eleições de 2012, para escolher novo sistema eleitoral, com vigência a partir de 2014. São várias as sugestões, a serem minuciosamente explicadas e amplamente divulgadas tão logo o Projeto seja aprovado: proporcional, distrital, distrital misto, distritão, etc. A proposta é boa. Nada mais justo que o eleitor decida no voto a forma de votar. Para ficar ótima e excelente, a proposta deverá abrigar também a questão do financiamento público de campanha. Certamente, é preciso consultar o povo para saber se ele quer tirar do bolso alguns bilhões de reais para encher os bolsos dos políticos.  

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Afagos de Dilma a governador tucano magoam petistas

A presidente Dilma e o governador Geraldo Alckmin estão realizando parcerias da maior importância para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. As tais "obras estruturantes". Exemplo: hoje, 13 de setembro, o Governo Federal liberou 1,72 bilhão de reais para o Rodoanel, obra de 6,11 bilhões. Em 18 de agosto a presidente já estivera na sede do Governo paulista para selar, com pompa e circunstância, o Pacto dos Estados do Sudeste do Plano Brasil sem Miséria. Já então, petistas paulistas ficaram desgostosos com a levantada de bola da presidente para o governador. Hoje, porém, foi demais: Dilma chamou o tucano Alckmin de "governador excepcional". Aí doeu.

sábado, 10 de setembro de 2011

Delúbio Soares, o justo Aristides, Jesus Cristo, Barrabás e Hitler

Pau mandado de Zé Dirceu durante as falcatruas do mensalão, Delúbio Soares foi posto por sua defesa numa moldura histórica elevada, grandiosa e sublime. Na peça de defesa apresentada ao STF, está dito: "Delúbio Soares dedica sua vida a um sonho: lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas e sociais, etc...". Apesar disso - corta-nos o coração saber -, este supremo idealista foi vítima de imperfeições que atingem até mesmo a democracia: "os estados emocionais coletivos" [...] "como aquele que trocou Barrabás por Cristo, o que expulsou de Atenas o justo Aristides, o que levou Hitler ao poder na Alemanha".
Que coisa impressionante. Se o STF fizer justiça a um homem de tal envergadura, absolvendo-o, certamente o PT o lançará como candidato a presidente em 2014. Nem Dilma nem Lula lhe chegam aos pés. Ninguém, no Brasil e no mundo, chega-lhe aos pés.

Aristides, o Justo e Lula, o Nunca Antes Neste País

Aristides foi um general ateniense conhecido por sua honestidade, bravura, justeza e bondade. Não obstante, foi condenado ao ostracismo, por volta de 483 aC. Consta que, estando o general incógnito na assembléia durante a votação da proposta do seu banimento, dele aproximou-se um cidadão pedindo-lhe o voto contra Aristides, o Justo. Aristides, então, indagou: "Que mal te fez este homem?" Resposta: "Nem sequer o conheço. Todos falam bem dele, todos o chamam de o Justo; mas quero que vá para o ostracismo porque não suporto mais ouvir tanta louvação".
Não sei se o ex-presidente do Brasil é honesto, bravo, justo e bondoso como foi o general de Atenas. Mas todos, inclusive o próprio, dizem que "nunca antes neste país" houve um presidente como Lula. Eu votaria pelo ostracismo de Lula apenas porque não suporto mais ouvir tanta bajulação.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Censura, controle da mídia: o PT autoritário vai dar com os burros n'água

Existe uma ala não autoritária no PT? Entendo que sim, e penso que a Presidente Dilma conta com seu apoio para enfrentar a ala autoritária. Dilma tem têmpera; não tivesse, seria facilmente enquadrada pelo autoritarismo petista. Faz tempo, o PT tenta estabelecer a censura nos meios de comunicação. Tem dado seguidos botes e seguidamente recuado diante da resistência democrática. O povo elegeu governos do PT, mas não lhes delegou poderes para revogar princípios básicos da democracia, tais como o Princípio da Liberdade de Expressão. Em plena campanha eleitoral de 2010, o PT redigiu um documento liberticida. Diante da resistência não só da opinião pública como do PMDB (principal parceiro eleitoral), a candidata Dilma e o presidente Lula mandaram os autoritários recolherem as unhas, no que foram obedecidos. Na ocasião, considerei que fora um recuo tático - conforme ensina Lenine (o revolucionário russo, não o cantor), no livro "Um passo atrás, dois a frente" -. Pois, no 4º Congresso do PT, a serpente autoritária voltou a falar, na linguagem dos porcos de "Animal Farm" (Quem não leu "A Revolução dos Bichos", de George Orwell, trate de ler), que consiste em dizer o contrário do que se faz ou do que se pretende fazer. Para subordinar a mídia ao seu controle, o autoritarismo petista fala em "controle social da mídia" e "democratização dos meios de comunicação". Acho que esta boçalidade autoritária não vai prosperar e os liberticidas vão ser obrigados a dar mais um passo atrás. A resistência da liberdade foi pronta e alastra-se. Aqui, na nossa pequenina e brava Paraíba, o combativo (e também o mais lido) Blog do Dércio Alcântara foi o primeiro a alertar: "Chamo a atenção de todos os colegas jornalistas para um golpe contra a liberdade de imprensa articulado pela Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores". O blogueiro Josias de Souza, da Folha de São Paulo, disse que a proposta do PT "desagradou gregos e pernambucanos"; isso porque se uniram contra a boçalidade petista tanto o oposicionista senador Jarbas Vasconcelos quanto o governador Eduardo Campos, aliado do Governo Dilma. Para Jarbas, trata-se de "uma ameaça à liberdade de imprensa, digna de um tribunal inquisidor".  Eduardo Campos disse que o PSB não é o PT, baixou o sarrafo e concluiu de forma lapidar: "O grande controle da mídia vai ser feito pela cidadania. Se vejo um mídia em que não acredito, simplesmente não consumo mais aquela mídia, falo mal dela e passo para outra". O senador Álvaro Dias disse que a censura pretendida pelo PT "serve para que a corrupção possa campear fagueira na clandestinidade do submundo do Governo". Álvaro é um intrépido oposicionista, mas o senador Romero Jucá, que não é intrépido nem oposicionista e sim líder do Governo, levou um pé atrás, dizendo que aquilo era coisa do PT e não do Governo: "um tema polêmico que vai ser tratado com todo cuidado pelo Governo". Com efeito, em relação a arreganhos autoritários - venham de onde vier -, todo cuidado é pouco. E a Dilma está tendo cuidado. Seu ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, veio a público dizer que "a presidente Dilma defende a liberdade de expressão com veemência". E acrescentou: "Aliás, a Constituição veda qualquer tipo de censura e controle do conteúdo jornalístico". Como se vê, a linguagem de porco do autoritarismo petista não está conseguindo enganar. Pergunta-se: por que petistas escolados deram um passo tão arriscado? Pelo amor que devotam a José Dirceu - os petistas autoritários o idolatram mais do que ao próprio Lula -. Não suportaram o flagra que a revista Veja deu no "poderoso chefão", capo clandestino do PT autoritário. Mais uma vez, os petistas autoritários deram com os burros n'água. Espero que dessa vez afundem.

sábado, 3 de setembro de 2011

controle da mída: arreganho autoritário do PT

Na pendenga em curso entre José Dirceu e a revista Veja, o PT tomou as dores do seu militante. Tá certo, o Zé Dirceu é um patrimônio do PT. Porém, ai porém..., o partido aproveitou para, em Congresso, propor o controle da mídia. Eu li a porcaria autoritária, que vai a voto amanhã. Espero que não seja aprovada. Se for, demonstrarei, extensamente, porque é uma porcaria autoritária.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dos tempos de chumbo aos tempos do diálogo

No debate de sexta-feira, 26/08, em O Sebo Cultural, focado no tema da revisão ou não da Lei da Anistia, o significado histórico dos "anos de chumbo" foi apenas aflorado. Não seria interessante que fosse aprofundado? Heriberto Coelho poderia comandar a iniciativa. Os participantes mais velhos do debate viveram os "anos de chumbo", os mais jovens, certamente, já leram e refletiram, pois, sobre o tema, há extensa literatura. Hoje é possível dialogar sobre idéias que naqueles tempo explodiram em violência: democracia, liberalismo, socialismo, comunismo, ditadura militar, ditadura do proletariado, liberdade, igualdade, marxismo, leninismo, stalinismo, trotskismo, maoísmo, castrismo, etc. No clima vibrante do debate de sexta-feira, alguns enunciados não se concluíram, frases ficaram suspensas. Helena Uema fez um enunciado, tão rápido quanto instigante, dizendo, pelo que entendi, que no Brasil, teríamos construído o Estado Democrático de Direito, mas não a democracia: merece desenvolvimento. Alexandre Guedes lançou mão do iluminista Voltaire, mas Voltaire é um dos pais do liberalismo: Alexandre Guedes defende a Democracia liberal? Quando igualei a "ditadura do proletariado" a todas as outras ditaduras (tudo ditadura de merda), percebi reações inconformadas; pergunto-me: há ainda quem, sinceramente, defenda a tenebrosa mistificação da ditadura proletária? Enfim, daqueles jardins do passado, regados com sangue, podemos colher flores vivas para enfeitar as avenidas do amanhã. Os debatedores do dia 26 foram, a meu ver, excelentes. A Mesa foi apenas um detalhe, o melhor debate foi o que se estendeu pelas mesas do bar. Vou citar todos que compareceram, mas não agora, pois já me alonguei demasiadamente. Quero antes convidar algumas pessoas que não compareceram e que foram protagonistas daqueles tempos de grandes lutas: Ivaldo Gomes, Iremar Bronzeado, Lourdes Bandeira, Isa Arroxelas, Antonio Augusto Arroxelas, Silvino Spínola, Walter Aguiar, Carlos Alberto Dantas, Sérgio Botelho, Martinho Moreira Franco, Waldemar José Solha, Anísio Maia, Luis Couto, Davi Coelho, Derly Pereira...Depois digo mais.
Então, Comandante Heriberto, topas? Vamos, pois, à luta, ao som do grande Geraldo Vandré (lembras como o companheiro do vozeirão levantou a platéia no debate de sexta-feira, cantando "Madeira de dar em doido"? E aquele magnífico artista de "voz e violão"? Fenomenal!!!).

"Vem, vamos embora,
Que esperar não é saber;
Quem sabe faz a hora,
Não espera acontecer"

domingo, 28 de agosto de 2011

28 de Agosto: O Debate da Anistia no Sebo Cultural

A Lei da Anistia foi promulgada em 28 de agosto de 1979, portanto, o aniversério é hoje. Mas nós já o comemoramos ante-ontem, sexta-feira 26. Foi um evento esplêndido, como sempre ocorre com as realizações de O Sebo Cultural. Casa superlotada, gente pela calçada. Teve um debate de verdade sobre a revisão ou não da Lei da Anistia, sendo os trabalhos dirigidos com eficiência por Helena Uema, presidente da Associação Paraibana de Anistia. José Calistrato - herói da luta armada, combatente da ALN, ex-preso político - fez um discurso inflamado pela revisão, no que fui acompanhado por Antonio Campos, presidente da Associação de Anistiados de Pernambuco. Eu falei contra a revisão. Com bastante vigor, creio; porque o clima esquentou. Este é que é o bom debate. Da questão particular da revisão de um lei, passou-se à questão geral da democracia e do comunismo (no calor do debate, a rigorosa presidente Helena Uema teve de puxar algumas orelhas). Um jovem comunista (tão radical quanto eu fui nos meus tempos de jovem comunista), disse que a democracia "é coisa do demônio", que o importante é o prato de comida. E lá fui eu defender a democracia liberal, dizer que para se promover os direitos de igualdade não precisa renunciar aos direitos de liberdade, os direitos inalienáveis proclamados desde a Revolução Francesa. O brilhante advogado Alexandre Guedes, representante da OAB/Paraíba, dirigente internacional dos Direitos Humanos, fez um notável discurso, também favorável à revisão da Lei da Anistia. Como somos muito amigos, ele procurou minimizar a antipatia pelo meu discurso "politicamente incorretas", dizendo que o expresso apenas pelo gosto da polêmica, "só pra contrariar". E arrematou com o sublime Voltaire: "Não concordo com uma única palavra do que dizes, mas lutarei até a morte pelo teu direito de dizê-las". Mas esta, caríssimo Alexandre, é justamente uma marca registrada do liberalismo, que eu defendo. A grande Elizabeth Teixeira, com seus 80 e tantos anos de heroísmo, contou detalhes da sua admirável saga. Depois, quem brilhou foi Wanderly Farias - que, junto com Lula, José Dirceu e mais uns poucos, comandou o PT nacional quando da sua fundação -. Teve ele a ousadia de, diante de uma platéia composta  majoritariamente de duros revolucionários marxistas, fazer o discurso do amor e do perdão. Fosse um orador de menor carisma e estatura, poderia parecer piegas. Sendo Wanderly quem é, empolgou e comoveu. Foi apaludido de pé - não por todos, mas por muitos; por mim, inclusive. Depois do debate, teve o lançamento do meu livro (texto para teatro), "Anos de Chumbo e Anistia: Senhora Liberdade. Essa pequena obra libertária; ... deixarei para comentar amanhã. Também amanhã, continuarei com a lista dos presentes; e depois de amanhã, e depois...; porque foram muitos e muitos. Lembrarei de todos, pois estão guardados no meu coração.  

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Anos de Chumbo - Anos Dourados: "Foi um rio que que passou em nossas vidas"

Hoje, 26/08, a partir das 17:30, em O Sebo Cultural, nesta belíssima Cidade das Acácias, capital da pequenina e intrépida Parahyba do Norte, com apoio da OAB/PB, ALN e Consulta Popular, estaremos comemorando 32 Anos de Promulgação da Lei da Anistia. Vai ter um teretetê sobre a revisão ou não da referida Lei. Vai ser proposta a reativação da Associação Paraibana de Anistia. Vai ser lançado um novo livro meu. O lançamento do livro (texto para teatro) será no excelente bar de d'O Sebo Cultural, com direito a uma trilha sonora esquerda festiva (pura nostalgia), com músicas que embalaram os rebeldes desde os "Anos de Chumbo" até a Anistia Ampla, Geral e Irrestrita (68 a 79). Começa com "La Marselheuse", na voz de Mireille Mathieu, e encerra com "Senhora Liberdade", na voz de Zezé Motta. Tem também, é claro, Geraldo Vandré, Chico Buarque, Caetano, Gil e Gal. Tem "I Love Paris", na voz de Ella Fitzgerald. Certamente, tem a música símbolo da Anistia, aquela que fala da "...volta do irmão do Henfil". Tem "Pata Pata", com Miriam Makeba. Tem "Frevo Mulher", aquela da "...trança toda vermelha". Por falar na cor rubra, tem a "Internacional Comunista". Tem "Help" e "Yesterday". Tem aquela tal... e aquela outra... Vai ser "um rio de lágrimas que passou em nossas vidas". Não poderia faltar um canção do Roberto. Só não chorará, recordando aqueles "Anos Dourados", quem tiver coração de chumbo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Os ateus e o velho Alexis

Os ateus andam animados com previsões sobre "o fim da religião". As besteiras que eles falam contra a Eternidade são velhas de cabelos brancos, mais brancos do que os cabelos da imagem que os pintores fizeram de "Deus Pai". Já me ocupei do ateísmo. Enfastiei, mas emito uma opinião bem resumida: acho o ateísmo a maior cretinice já produzida pela inteligência humana. O meu velho amigo de ideais, o grande e nunca assaz recomendado Alexis de Tocqueville, já expressava esse meu singelo entendimento com profundidade e vigor:

"Jamais o curto espaço de sessenta anos poderá encerrar toda a imaginação do homem; as alegrias incompletas deste mundo jamais serão bastantes ao seu coração. O homem, entre todos os seres, é o único que mostra um natural desgosto pela existência e um desejo imenso de existir: despreza a vida e teme o nada. Esses diferentes instintos constantemente impelem sua alma para a contemplação de outro mundo, e é a religião que o conduz a ele. A religião não é, pois, senão uma forma particular da esperança, e é tão natural ao coração humano como a própria esperança. É por uma espécie de aberração da inteligência, e auxiliados por uma espécie de violência moral exercida sobre sua própria natureza, que os homens se afastam das crenças religiosas; um pendor invencível os conduz a elas. A incredulidade é um acidente; somente a fé é o estado permanente da humanidade".

A poderosa Veja, a poderosa Folha e o poderoso PIG

Na sua carta de demissão, o ex-ministro Wagner Rossi tratou de culpar a revista Veja e o jornal Folha de São Paulo pela sua derrocada. Em parte, tem razão. Veja e Folha estão na linha de frente daquilo que os petistas chamam de PIG, sigla para Partido da Imprensa Golpista (claro que tem a TV Globo, mas esta repercute o que é antes investigado pela mídia impressa, especialmente os órgãos citados). Também poderão fazer a mesma acusação outros derrocados, de hoje e de ontem, a começar pelo ex-presidente Collor de Melo. Porém, a rigor, os inconformados com a imprensa foram derrubados pelos fatos e pelas circunstâncias, estas sim, desfavoravelmente potencializadas pela mídia. Na Índia, existe também a praga da corrupção; é fato. Lá, a imprensa é um tanto acanhada, mas surgiu um novo Ghandi fazendo greve de fome contra a corrupção; aí, a mídia internacional tomou conta, potencializando desfavoravelmente as circunstâncias dos corruptos da terra do Mahatma. Estando a oposição brasileira em petição de miséria, as circunstâncias para a dominação do PT seriam as melhores, não fosse o PIG. Os petistas vêem neste conglomerado de suínos capitalistas malvados o único partido capaz de ameaçar-lhes o domínio e lhe devota, hoje, ódio de morte. Mas os petistas já foram aliados do PIG. Na verdade, foi o PIG o responsável pela glória e eleição de Lula da Silva, pois "nunca na história deste país" um político foi tão divulgado e adulado pela mídia como o Lula. Na campanha para derrubar Collor de Melo, o porcão da mídia era alimentado diariamente pelas denúncias de petistas. Petistas bradavam contra Collor da tribuna da Câmara empunhando a última edição de Veja. O PIG não mudou, continua a fazer seu excelente trabalho de faxina, processando o lixo dos fatos nos seus intestinos e os expondo ao olhar estarrecido da opinião pública.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O poder e a subserviência

O Blog do Noblat traz uma reportagem de espantar sobre o relacionamento da presidente Dilma com seus auxiliares. Segundo a fonte anônima do blogueiro, Dilma destrata seu pessoal frequentemente, por motivos fúteis, de forma humilhante. Tão humilhante que custa acreditar. Foram citados três ministros humilhados: Ideli Salvatti, Maria do Rosário e Antonio Patriota. Não quero acreditar,  mas se tal procedimento não for desmentido pelos citados, haverei de acreditar e deplorar. Considero isso coisa grave. Os despotismos engendram relacionamentos deste tipo, as democracias não deveriam engendrá-los. Segundo Noblat, quem conviveu com Lula e agora convive com Dilma diz que, em relação a ela, ele é um doce de côco; embora, de vez em quando, também destratasse (mas pedia desculpas). Destratava principalmente seu ministro chefe de gabinete, Gilberto Carvalho. Este, aliás, é um caso patológico de subserviência, pois, publicamente, não se pejou de considerar as "broncas" de Lula de forma afetuosa e até com certo orgulho. Será possível entender os destemperos de Dilma e Lula (poder, quando sobe à cabeça, é fogo), mas não será possível justificá-los. As subserviências dos ministros, não será possível justificá-las nem entendê-las. É uma tristeza. Lembremos, a propósito, a velha e magnífica máxima de Calderón de la Barca, muitas vezes usada por homens e mulheres de fibra: "Ao rei tudo, menos a honra".  

O poder e a subserviência

O Blog do Noblat traz uma reportagem de espantar sobre o relacionamento da presidente Dilma com seus auxiliares. Segundo a fonte anônima do blogueiro, Dilma destrata seu pessoal frequentemente, por motivos fúteis, de forma humilhante. Tão humilhante que custa acreditar. Foram citados três ministros humilhados: Ideli Salvatti, Maria do Rosário e Antonio Patriota. Não quero acreditar,  mas se tal procedimento não for desmentido pelos citados, haverei de acreditar e deplorar. Considero isso coisa grave. Os despotismos engendram relacionamentos deste tipo, as democracias não deveriam engendrá-los. Segundo Noblat, quem conviveu com Lula e agora convive com Dilma, diz que, em relação a ela, ele é um doce de côco; embora, de vez em quando, também destratasse (mas pedia desculpas). Destratava principalmente seu ministro chefe de gabinete, Gilberto Carvalho. Este, aliás, é um caso patológico de subserviência, pois, publicamente, não se pejou de considerar as "broncas" de Lula de forma afetuosa e até com certo orgulho. Será possível entender os destemperos de Dilma e Lula (poder, quando sobe à cabeça, é fogo), mas não será possível justificá-los. As subserviências dos ministros, não será possível justificá-las nem entendê-las. É uma tristeza. Lembremos, a propósito, a velha e magnífica máxima de Calderón de la Barca, muitas vezes usada por homens e mulheres de fibra: "Ao rei tudo, menos a honra".  

domingo, 14 de agosto de 2011

O dilema de Dilma

A última edição da revista "Veja" (17/08/2001) traz na capa denúncias contra o ministro Wagner Rossi, da Agricultura, e um editorial intitulado "Toda a força à presidente". A revista coloca-se ao lado de Dilma na luta contra a corrupção e a enche de elogios, como este: "Esses milhões de cidadãos têm na presidente uma referência de força e coragem". Todavia, Dilma, que talvez tenha gostado do editorial, não gostou da reportagem de capa. E já tinha avisado, em entrevista à revista "Carta Capital": " Não abraçarei a corrupção, mas não serei pautada pela imprensa". A situação é delicada. Dilma vem ganhando popularidade com o vigor da sua faxina, que varreu Palocci da Casa Civil e continuou a varrer nos ministérios dos Transportes e da Agricultura. Mas conflitou com a sua base parlamentar. Aí, sem a ciência da Presidente, a Polícia Federal detonou o Ministério do Turismo, pegando peemedebistas e petistas graúdos. Um "Deus nos acuda!". Na verdade, os correligionários dos acusados querem que Dilma os acuda. Não apenas querem, exigem e fazem ameaças de retaliação. Segundo o muito bem informado jornalista Cláudio Humberto, o ainda muito poderoso Zé Dirceu disse que se Dilma continuar enfrentando a base aliada "não concluirá o mandato". Sem citar o nome de Dirceu, o senador Pedro Simon repercutiu esta ameaça no Senado e pediu apoio à Presidente. Dilma precisa afirmar sua personalidade presidencial, precisa sair da tutela de Lula. É o que vem fazendo, com uma faxina que tem contrariado o ex-presidente que nunca "desencarnou" da presidência. Ou vinha. Dilma deu uma parada para reflexão e mandou sinais conciliadores a alguns denunciados. Ao ministro Wagner, segundo um interlocutor deste, telefonou para reafirmar a confiança, dizendo que a última reportagem da "Veja" "não se sustenta". Dilma tem mesmo muito o que refletir. O dilema é o seguinte: se avançar no seu enfrentamento, irá ganhando estatura de estadista, mas poderá ver levantar-se contra ela a mesma formidável máquina política que a elegeu. Se recuar, se aceitar ser pautada pelo PT-PMDB, poderá afundar na irrelevância. A presidente, no nosso entender, deve ser pautada apenas pelo interesse público; correndo todos os riscos. Não se consegue construir nada grande em política sem se correr grandes riscos.

sábado, 13 de agosto de 2011

O alerta do velho Alexis

O Alexis a quem, com ousada intimidade, refiro-me, é o grande Alexis de Tocqueville, um dos clássicos do pensamento político. Seu magistral livro A Democracia na América, produto da viagem que o jovem francês fez à jovem nação em 1831, é atualíssimo, repleto de lições que se houvessem sido aprendidas teriam evitado as tragédias totalitárias do séc. XX. Todavia, o totalitarismo ruiu e a democracia prospera. E para que melhor prospere, será sempre útil que seus construtores voltem às lições do velho Alexis. São tantas, que apenas posso recomendar que o leiam. Porém, deixo registrado um anúncio profético e um alerta tremendo; do "Prefácio da Décima-Segunda Edição" (escrito por Tocqueville em 1848) do referido livro. O anúncio: "O próximo advento, irresistível e universal, da democracia no mundo". O alerta: "Conforme tenhamos a liberdade democrática ou a tirania democrática, o destino do mundo será diferente".

domingo, 7 de agosto de 2011

Dando risadas e aprendendo com Gelza Rocha

O MEC andou querendo facilitar a vida de alunos mandriões ensinando que falar errado é certo. Na verdade, aprender o certo é que é difícil. Sem dúvida, deve-se facilitar o quanto possível o caminho do saber; porém, pode-se fazer isso sem apelação, com criatividade. É o caso do último artigo da coluna de Gelza Rocha, que nos apresenta os 223 municípios da Paraíba de forma engraçadíssima. Deveria ser adotado nas escolas. Eu, que sempre fui ruim em geografia, aprendi depois de velho o que poderia ter aprendido quando novo. E aprendi dando risadas.

Porque pego no pé do "politicamente correto"

Já escrevi,  em "eltheatro.com" (o melhor site de cultura do Brasil), um artigo longo sobre este troço que se chama "politicamente correto". Lá, indico-lhe o aspecto positivo e o aspecto funesto; por aqui, tenho focado mais o aspecto ridículo (por exemplo: "atirei o pau no gato-to-to", não pode; tem de ser "não atire o pau no gato-to-to"). A mais recente expressão desse ridículo foi uma nota de repúdio a Nelson Jobim assinada pela senadora Ângela Portela e pela deputada federal Janete Pietá, ambas do PT, onde o ex-ministro chega a ser, veladamente, ameaçado com a Lei Maria da Penha, por suposta agressão às ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann. A excelente Lei Maria da Penha, de proteção às mulheres - que eu, como mulherista fanático, cultuo particularmente - é, em parte, produto da agenda "politicamente correta" e lhe revela o aspecto positivo, mas, no caso, foi invocada na linha do exagero demagógico que se tornou a expressão maior do "politicamente correto", revelando-lhe, mais uma vez, o aspecto ridículo.  Na tal nota se diz que Jobim atacou as ministras "de forma machista e preconceituosa" num ato de "violência psicológica e moral"; que os termos usados por Jobim em relação às ministras "demonstram profunda violência a todas as mulheres". Tudo isso porque Jobim disse que Ideli "é fraquinha" e que Gleisi "não conhece Brasília". A nota das ilustres parlamentares está sendo devidamente ridicularizada nos blogs que antipatizam com o "politicamente correto", gerando comentários "politicamente incorretos". No blog "Coturno Noturno", li um comentário machista, incorretíssimo; mas tão engraçado que não posso deixar passar, mesmo correndo o risco de ser enquadrado na Lei por alguma leitora "politicamente correta". Eis o que o comentarista, anônimo, recomenda à senadora Ângela e e à deputada Janete: "Uma TERAPIA: ter a pia cheia de louça pra lavar". Enfim, se Nelson Jobim chegar a ser enquadrado na Lei Maria da Penha por ter chamado uma mulher de "fraquinha", imaginem o que acontecerá com quem chame uma mulher feia de "jaburu", ou chame a sogra de "cascavel", ou chame a esposa de "Dona Encrenca". Se a "ditadura do politicamente correto" for implantada no Brasil, eu me mudo para a Coréia do Norte, para viver sob a "ditadura do proletariado", que é mais suave.    

sábado, 6 de agosto de 2011

Lei da Anistia: revisão ou não? Um debate de verdade

Estive ausente, mas volto com a corda toda: vou participar de um debate de verdade. Vocês já devem ter visto o prospecto assinado por OAB/PB, ALN e Consulta Popular. O debate sobre a revisão da Lei da Anistia vai ser no dia 26 (uma sexta-feira), às 5 e meia da tarde, em O Sebo Cultural. E vai ser de verdade, porque idéias opostas serão confrontadas. Tal confronto deveria ser o comum, mas a esquerda "politicamente correta" tomou conta da pauta político-cultural, promovendo sempre debates entre um "politicamente correto" e outro... "politicamente correto". Desta vez será diferente; vejam a mesa composta (até o momento, pode ser ampliada): Alexandre Guedes, José Calistrato, Iremar Bronzeado e eu que vos falo. Os dois primeiros querem a revisão da Lei da Anistia, o que é "politicamente correto". Eu, por incorreto, sou contra a revisão da Lei da Anistia. Quanto a Iremar, não sei se é contra ou a favor, mas sei que ele é "politicamente incorretíssimo".

sábado, 23 de julho de 2011

A besta quadrada Lula da Silva diz que palavra de Jesus Cristo é "bobagem"; os católicos aduladores vão entender, explicar, justificar e glorificar

O insulto que o ex-presidente Lula da Silva fez a Jesus Cristo e ao cristianismo é reles, mas não é novo. Em tempos passados, o ateísmo foi uma das marcas do discurso marxista-leninista, segundo a receita do mestre: "A religião é o ópio do povo". Agora, dia desses, em um comício na Bahia, depois de ter sido presenteado com uma garrafa de cachaça, Lula reviveu a olvidada doutrina de Marx: "Bobagem, essa coisa que inventaram que os pobres vão ganhar o reino dos céus. Nós queremos o reino agora, aqui na Terra". Os marxistas de hoje não usam mais esse discurso de ateísmo cru; pelo contrário, criaram uma "teologia", dita "da libertação", para usar o Evangelho cristão como instrumento da causa marxista. Por isso, sem ser novo, o insulto de Lula é surpreendente. Sei que os padres e bispos lulo-petistas encontrarão uma brilhante fórmula dialética para elogiar a fala de Lula sem abrir mão das paróquias, das dioceses e dos púlpitos. O rebanho glorificará. Ateu demagogo, Lula se inclui entre os pobres que anseiam por um paraíso aqui e agora. Mas, além das gordas pensões acumuladas, o chefe do PT viaja pelo Brasil e pelo mundo fazendo palestras pelas quais cobra, de grandes empresas capitalistas, 200 mil dólares: para falar somentemente bobagens. Existirá melhor paraíso nesta vida de aquém-túmulo?  

sábado, 16 de julho de 2011

Sobre o intelectual Ivaldo Gomes e a doutrina "politicamente correta"

No post anterior, ao citar intelectuais "politicamente incorretos", esqueci Ivaldo Gomes, que já chamei de Paladino da Cidadania. Ivaldo é anarquista, portanto, "incorretíssimo". Vamos esclarecer um pouco mais as coisas: a doutrina "politicamente correta" é um sub-produto do marxismo. Como o marxismo revolucionário (marxismo-leninismo, bolchevismo), depois de prometer o paraíso, trouxe o inferno, a aberta bandeira autoritária da ditadura do proletariado não cola mais, não conquista os "corações e mentes". Então, os doutrinários "politicamente corretos" lançaram mão de uma nova e edulcorada linguagem, através da qual querem constranger todos à "virtude"; tal como eles a entendem. Se o constrangimento "moral" (patrulhamento) falhar, quando e aonde puderem, usarão o constrangimento legal. No Brasil, esta forma de construção do despotismo está em curso, com avanços e recuos; no que seguem a receita leninista: "um passo atrás, dois à frente".

quarta-feira, 13 de julho de 2011

28 de Agosto: O Debate da Anistia no Sebo Cultural

O Sebo Cultural, marca registrada e referência em todo o Brasil da cultura paraibana, irá promover, juntamente com o Portal 100 Fronteiras, eventos comemorativos da Lei de Anistia, aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo presidente João Batista Figueiredo em 28 de agosto de 1979. Está tudo registrado em manchete deste Portal. Aqui, focarei apenas um ponto: a Mesa do Debate.

Está proposto o debate sobre a revisão da Lei de Anistia e dito que a Mesa será composta, paritariamente, por debatedores favoráveis e contra a revisão. Como esta dita revisão passou a fazer parte da orquestração esquerdista-doutrinária-lulo-petista-politicamente correta, será difícil encontrar quem a conteste. Vou tentar ajudar. Que me conste, na Paraíba (não se levando em conta este modestíssimo blogueiro que vos fala), apenas dois intelectuais - ativos e militantes - não prestam culto à referida doutrina, e até ousam levantar blasfêmias contra ela. Refiro-me a Iremar Bronzeado e Sônia van Dijck. Se é para haver debate de verdade, eles devem ser convidados para compor a Mesa. Nem sei se são contra a revisão da Lei de Anistia, mas sei que pensam com autonomia, não se submeteram à heteronomia moral do "Moderno Príncipe" sonhado pelo mártir comunista italiano Antonio Gramsci e que se tornou quase unanimidade na esquerda brasileira. Quanto a mim, apesar de modestíssimo, sendo contra a revisão da Lei de Anistia, poderia também compor a Mesa. Do outro lado, dentre tantos, tão proeminentes e tão brilhantes intelectuais gramscianos, será difícil escolher - por força da paridade - apenas uns poucos.   

sábado, 9 de julho de 2011

"Sem sombra de dúvida"

José Dirceu é o chefe da quadrilha do mensalão. "Sem sombra de dúvida". A conclusão e a expressão retórica são do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, recém confirmado no cargo pela Presidente Dilma Rousself. O Procurador anterior, Antonio Fernando de Souza, chegara à mesma conclusão. E também o relator do caso no STF, Ministro Joaquim Barbosa. O parecer de Roberto Gurgel tem 390 páginas, será minha leitura de domingo (que é um dia muito chato). Mas o que vai pela mídia já dá pro gasto de um post. O procurador pede 111 anos de cadeia para José Dirceu e outros 111 para Delúbio Soares. Para Marcos Valério, 527 anos de cana dura. Comparativamente, o deputado João Paulo Cunha, do PT, tirou barato: de 10 a 42 anos de sol quadrado. As penas totais pedidas (são 36 os acusados) somam 4.700 anos (segundo conta feita pela Folha de São Paulo). Vou ler o extenso parecer por dever de ofício, mas dois trechos que estão sendo destacados na mídia dizem tudo:

"As provas coligidas no curso do inquérito e da instrução criminal comprovam, sem sombra de dúvida, que José Dirceu agiu sempre no comando das ações dos demais integrantes dos núcleos político e operacional do grupo criminoso. Era, enfim, o chefe da quadrilha". 

"Foi engendrado um plano criminoso voltado para a compra de votos dentro Congresso Nacional. Trata-se da mais grave agressão aos valores democráticos que se possa conceber"

A magnitude dessa agressão eu posso conceber, mas outras coisas não consigo conceber nem entender:

a) Por que Zé Dirceu continua mandando no PT?
b) Por que Delúbio Soares voltou ao PT nos braços da militância?
c) Por que João Paulo Cunha foi eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara?
c) Por que Luiz Inácio Lula da Silva insiste em afirmar que o mensalão nunca existiu?
d) Por que esta quadrilha ainda está solta?

Alguém, por favor, poderia me explicar?

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Iremar Bronzeado e a "patrulha" em xeque

A patrulha ideológica "politicamente correta" é incansável, dura, constante, pertinaz. Pois, o filósofo Iremar Bronzeado tem publicado neste Portal 100 Fronteiras, na coluna "Liberdade Liberdade", artigos os mais "politicamente incorretos" que se possa conceber. São devastadores para algumas das teses da cartilha universal da "correção política". Não é possível que os "patrulheiros corretos" deixem por menos. Se não tiverem coragem de enfrentar Iremar, estarão se desmoralizando, ao passar o seguinte recado: "nós fazemos a apologia da diversidade - inclusive de ideias -, mas só aceitamos debater entre nós mesmos". Até agora, o Mestre Iremar tem mantido os patrulheiros em xeque; esperamos destes um lance qualquer (talvez avançar o bispo), para prosseguimento do jogo. Queremos ver o circo - quer dizer, o tabuleiro - pegar fogo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ensaios Ilustradíssimos do Genialíssimo Solha: agora, o livro.

WJ Solha deu por encerrada a série que ora chamou "ensaios ilustradíssimos", ora "breves ensaios ilustradíssimos", ora "brevíssimos ensaios ilustrados"; por aí. Com qualquer nome, considero que seja a mais importante obra artístico-literária produzida no Brasil neste novo milênio, que já tem onze aninhos. Solha, agradece a Elpídio Navarro e ao "eltheatro" e diz que "Tudo foi muito bom enquanto durou". Foi, e deve continuar sendo; agora na forma de livro. Livro grande, capa dura, papel couché, impresso na melhor policromia. Livro caro. Um projeto, claro, junto com o "eltheatro". Se Solha e Elpídio não encontrarem editor privado, será o caso de recorrer à parceria com órgãos públicos incentivadores da cultura. É importante para a cultura paraibana, é importante para a cultura brasileira; e sendo assim, é importante para a cultura universal. Quem tiver dúvida, visite o "eltheatro.com" e levante o trabalho completo. É monumental, impactante, estupendo, esplêndido!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Samuca, Môfi, Anacleto: baixaria mesmo é a censura

Como publicado neste Portal 100 Fronteiras, está em andamento uma campanha para tirar do ar os programas policiais estrelados por Samuca Duarte, Emerson Machado - o famoso Môfi - e Anacleto Reinaldo. Comanda a empreitada o Forum de Ética e Mídia da Paraíba (FEMI). As alegações - vejam lá - são vazadas em tom rasgadamente demagógico, seguindo um roteiro, bastante conhecido, que vem tentando submeter a democracia e a Constituição à ditadura de um poder fantasmagórico chamado "politicamente correto". Esse fantasma é o mesmo que, mandando e desmandando no Ministério da Educação, tenta enfiar na cabeça dos estudantes que escrever errado, é certo. Agora, o fantasma acampou no FEMI; apesar do palavrório pretensamente democrático, trata-se simplesmente de uma campanha para fazer retornar a censura. Os novos censores, "politicamente corretos", chamam a nova censura de "controle social da mídia". Esse controle é assim: quem não rezar pela cartilha "politicamente correta", será enquadrado, defenestrado, excluído, demonizado. Os condutores da nova censura declaram combate à "baixaria". Eu não acompanho programas policiais, escuto e vejo os citados jornalistas e radialistas uma vez ou outra, não posso avaliar se produzem baixarias. Mas quem não gostar, pode mudar de canal. Quem ficar mais indignado, pode criticar duramente e clamar aos desavisados que não sintonizem tais programas. Se as baixarias forem a ponto de configurar crime capitulado em lei (injúria, difamação, crime de racismo, incitação ou apologia ao crime, etc.), o eventual criminoso deve ser levado às barras dos tribunais pelo específico delito. Agora, querer o tal FEMI se substituir às leis e aos tribunais; será um atentado à democracia.
Como disse, não sei se Samuca, Môfi e Anacleto produzem baixarias; mas sei que muita baixaria é produzida diariamente em programas da Globo, Band, Record et caterva. Nunca me ocorreu fazer campanha de censura para tirar tais programas do ar, prefiro mudar de canal.
Para mim, BAIXARIA MESMO É FAZER CAMPANHA PARA VOLTA DA CENSURA, QUE TÃO DURAMENTE AMARGAMOS NO TEMPO DA DITADURA.  

domingo, 26 de junho de 2011

Samuca e Marcus Odilon em enquetes e pesquisas

Este Blog Rocha 100 faz enquete, não faz pesquisa. Enquete não segue normas da Justiça Eleitoral, não segue padrões, não tem critérios de rigor e não tem nenhuma pretenção à validade científica. Enquete, as emissoras de rádio fazem todo dia, com auxílio do telefone. As enquetes deste Rocha 100 são semelhantes, apenas não são feitas por telefone: saímos perguntando pelas ruas, sem qualquer traçado prévio, sem quaisquer preocupações de método, de forma aleatória. Para facilitar o trabalho ouvimos as pessoas nos locais de muita motivação, aglomerados, nas patotas; sem nenhuma preocupação com as inevitáveis distorções de amostragem. Portanto, entre pesquisa e enquete, tem-se que a pesquisa é muito rigorosa e a enquete nada rigorosa. Dito isso, enviamos o leitor para a manchete do Portal 100 Fronteiras, em que nossa enquete de Bayeux coloca Marcus Odilon em primeiro lugar na intenção de voto para prefeito. Uma pesquisa recém divulgada apresenta resultado bem diferente. Já em Santa Rita, nossa enquete estimulada apresenta o radialista Samuca Duarte em primeiro lugar, disparado, com o dobro de votos do segundo lugar. Novamente, pesquisa recém divulgada apresenta resultado muito diferente, onde Samuca nem aparece. O que podemos dizer? Nada; porque não entendemos nada de pesquisa. De enquete entendemos, porque é a coisa mais fácil do mundo: é só sair perguntando pela rua. O leitor interessado pode fazer isso.

sábado, 25 de junho de 2011

Dilma desiste do sigilo tolo, falta desistir do sigilo imoral

Não foi por causa dos nossos conselhos, que os demos; mas a presidente Dilma desistiu de defender o sigilo eterno para documentos oficiais. Ótimo. Falta desistir do sigilo para contrações das obras da Copa 2014. Aquele sigilo eterno, por tolo, estava sendo alvo de zombaria. Este sigilo da corrupção, por imoral, está sendo motivo de revolta.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

100 anos depois de Epitácio, Lindbergh

Lindbergh Farias está comandando no Senado a construção da Anistia para os bombeiros do Rio de Janeiro. Excelente luta. parabéns, senador! Os bombeiros cariocas são heróis por duplo motivo: primeiro porque a profissão é, em si, heroica; segundo porque se rebelaram contra um miserável salário de menos de 1.000 reais. De modo geral, o senador Lindbergh está atuando muito bem. Tem condições de disputar a sucessão de Sérgio Cabral, em 2014. Se for eleito governador do Rio de Janeiro, tornar-se-á, também, presidenciável. Poderá disputar a Presidência da República em 2018, mas, como é muito jovem, poderá esperar por 2022. No caso de ser eleito, 100 anos depois de Epitácio Pessoa, o Brasil terá outro Presidente paraibano.

COPA SIM, CORRUPÇÃO NÃO!

Aconselhamos a presidente Dilma a voltar atrás na questão dos sigilos: ela não pode continuar a defendê-los. Um - o sigilo eterno de documentos oficiais - é tolo; o outro - o sigilo para as contratações de obras da Copa de 2014 é imoral. Os argumentos dos que defendem o primeiro, dão pena; são motivos de galhofa, e eu já galhofei, em post anterior. Os argumentos dos que defendem o segundo, dão raiva. Nesse caso, argumentam com os atrasos que as fiscalizações acarretam, sendo preciso deixar a corrupção correr frouxa para que as obras andem. O título deste post pode servir de slogan contra essa imoralidade. "COPA SIM, CORRUPÇÃO NÃO!

sábado, 18 de junho de 2011

Marcus Odilon: a absolvição do trabalho

Quiseram cassar o mandato do prefeito de Santa Rita. O Pleno do TRE o absolveu por unanimidade. Os que tentaram cassar Marcus Odilon alegavam, vejam só, que o prefeito trabalhava demais. Este excesso de trabalho teria invadido o período eleitoral. A legislação eleitoral brasileira é uma daquelas coisas que eu desisti de entender. Parece-me, entretanto, que se determinada obra estiver em andamento será permitido que continue andando; mesmo em período eleitoral. Ora, obra em andamento em Santa Rita, sendo Marcus Odilon prefeito, nunca deixou de ter. Não uma ou duas, mas dezenas e centenas. No segundo ano do mandato anterior uma vistosa placa na entrada de Santa Rita anunciava: "1.000 obras concluídas ou em andamento". As que estavam andando continuaram andando e novas obras foram iniciadas. Recentemente, outra vistosa placa anunciava a conclusão do Centro de Proteção e Lazer do Idoso: uma obra esplêndida. Para ser concluída, ela teve de andar. E andou. Placas vistosas anunciando recuperação de praça ou construção de praça nova tem que faz gosto. Tudo andando. Quer dizer, a praça fica quietinha, não sai do lugar, mas o trabalho anda. Sendo Marcus Odilon prefeito, o que sai muito do lugar em Santa Rita é gente: muda de lugar porque ganha um terreno para construir a casa própria. A prefeitura cuida do saneamento e toda infra-estrutura, incluindo ruas calçadas, iluminação, praças, escolas, creches e postos de saúde. São as lândias: Cicerolândia, Odilândia, Bebelândia, Augustolândia, Emanuelândia e Não Sei Mais Oquelândia. Tem tanta lândia que tem até uma lândia que não se chama lândia: o conjunto Marcos Moura. Em Santa Rita foi feita uma reforma agrária sem sangue. A prefeitura desapropriou enormes faixas de terra e distribuiu para milhares de sem-terra. Isso nos quatro mandatos de Marcus Odilon. Digamos assim, uma revolução permanente (embora Marcus não seja trotskista; que eu saiba). As vistosas placas vão acompanhando. E também distribui casa pronta. Dia desses, foram entregues 100 chaves de casas novinhas em folha só na pequena localidade de Livramento. E tome placa. Como está visto, Marcus Odilon gosta de divulgar o que realiza: mata a cobra e mostra a placa. Ruas calçadas a perder de vista: placas e mais placas. Não sei quem são os marqueteiros de Marcus Odilon, mas são bons. Vejam que coisa tão simples e tão bonita: "Santa Rita: Esta Cidade É Minha Vida!". A autoestima dos santarritenses dá gosto de ver - dá gosto de viver. Criaram também, os marqueteiros, a personalíssima marca "Povo da Silva". Marcus Odilon é o Povo da Silva. Essa é de matar de inveja os marqueteiros do ex-presidente Lula da Silva.
Voltando ao julgamento em que, por unanimidade, o Pleno do TRE absolveu Marcus Odilon. Ao absolver o prefeito de Santa Rita, a Justiça Eleitoral absolveu o trabalho. A preclara juíza Niliane Meira, relatora, afirmou, no seu parecer, não haver contra Marcus Odilon "provas robustas". Nem robustas nem franzinas, acrescento eu. As provas que existem em relação às quatro administrações Marcus Odilon em Santa Rita - e mais duas em Juarez Távora -; provas robustas e robustíssimas, são as provas do trabalho sério e competente.  

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Anistia Ampla, Geral e Irrestrita: a coragem de Dilma

A presidente Dilma tomou posição contra a revisão da Lei de Anistia. Fez a coisa certa, de forma corajosa. A Lei de Anistia - que libertou os presos políticos, trouxe de volta os exilados, pacificou a Nação e abriu o caminho da Redemocratização - deveria estar sendo enaltecida. Esta Lei foi consolidada por seus inúmeros benefícios, é patrimônio da Liberdade e da Democracia. Esta Lei, de 1979, faz aniversário em 28 de agosto: merecia uma celebração, uma grande festa cívica. Porém, ai porém..., o oportunismo esquerdo-populista-demagógico iniciou campanha para sua revisão: uma idéia de jerico. Conta com muitos defensores respeitáveis; nem por isso deixa de ser uma idéia de jerico. Esses defensores respeitáveis são, geralmente, patrulheiros muito desrespeitosos, que procuram desqualificar quem não concorda com a idéia deles. Vejam o que o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, disse sobre a decisão da presidente Dilma contrária à revisão da Lei de Anistia:

"Se esqueceu de seu passado de militância contra a ditadura militar ao jogar uma pá de cal sobre o pedido de revisão da Lei de Anistia, de modo a permitir a punição de torturadores".

Eu tenho como responder pela Presidente Dilma a esta provocação besta do Ophir; porque respondo por mim. Eu militei contra a ditadura, fui preso e torturado, nos porões do IV Exército, em Recife-PE. Sofri, antes e depois desse episódio, várias formas de perseguição do regime ditatorial. O processo político fez com que eu viesse a comandar, na minha cidade, a luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrrestrita, na condição de presidente do Comitê Brasileiro pela Anistia-secção João Pessoa. Não esqueci nada. Exatamente por lembrar, é que sou contra esta idéia estúpida de revisar uma Lei que produziu as melhores consequências, e as produziu porque foi resultado de uma negociação realista e séria. De um lado uma ditadura enfraquecida, mas ainda com poder de fogo incalculável. Do outro lado, um movimento nas ruas, sem poder de fogo. Fomos nós outros, nas ruas, que levantamos a bandeira da Anistia AMPLA, GERAL e IRRESTRITA. Eles tinham armas, nós tínhamos pessoas presas; eles tinham o Governo, nós tínhamos pessoas exiladas. Nós, das ruas, sabíamos não ter forças para derrubar o regime militar; os militares sabiam não ter fôlego para muito tempo. Daí a negociação, o pacto e a Lei. E nós outros, das ruas, vencemos. Todos os presos foram libertados, todos os exilados retornaram. Entendam isso; imbecis: nós, das ruas, vencemos.Vocês querem revisar uma vitória popular; imbecis.
A tortura é o mais nojento dos crimes. Na época da negociação da Lei de Anistia, alguém poderia ter levantado esta exclusão: Anistia para todos, menos para os torturadores. Nós outros, das ruas, poderíamos ter levantado tal exclusão. Os que, respaldados pelas ruas, negociavam no Congresso e nos gabinetes em nome dos presos e dos exilados poderiam ter imposto tal cláusula de exclusão para efetivação do acordo. Por que não o fizeram? Porque teria sido uma estupidez. Porque teria melado a negociação. Porque teria prolongado o confronto por mais alguns anos. Porque os presos políticos permaneceriam presos e os exilados permaneceriam exilados. Porque os militares linha dura poderiam aproveitar para um recrudescimento da repressão, com o resultado de mais prisões, exílios, torturas e mortes. Numa guerra, quem ganha leva tudo. Numa negociação, nenhuma parte pode levar tudo. Entenda-se, enfim, o seguinte: o malefício de não se poder punir os torturadores daquela ocasião foi imensamente compensado pelos benefícios conquistados pela aprovação da Anistia sem restições: Vidas, Liberdade, Democracia e Paz.
Mais de 30 anos passados, tendo a Lei de Anistia produzido todos os seus frutos - abundantes e benéficos -, alguns desmiolados ou desmemoriados propõem sua revisão para efeitos de propaganda política. Juridicamente, a besteira não corre nenhum perigo de prosperar.
A proposta de revisão da Lei de Anistia é uma estupidez longa; assim, esse post poderia ser mais longo ainda. Fico por aqui, mas disposto a continuar se alguém quiser polemizar comigo. Pode ser por via de comentário, nas colunas ou em artigos (alguns colegas colunistas são defensores ardorosos da revisão da Lei de Anistia - comentários e artigos enviados, por quem quer que seja, por mais contrários que sejam à minha opinião, serão imediatamente publicados).
Tenho bastante criticado a presidente Dilma. Hoje é dia de elogio: alto, largo, claro e retumbante elogio. A mulher tem coragem de mamar em onça. Esta coragem de enfrentar a patrulha esquerdo-populista-demagógica é, podem acreditar, igual àquela com que enfrentou a prisão e a tortura.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A mulher não recebeu a mulher

Defensora dos Direitos Humanos, muito especialmente defensora dos Direitos das Mulheres, Prêmio Nobel da Paz em 2003, Shirin Ebadi veio ao Brasil. Queria ser recebida pela presidente Dilma, mas a presidente não a recebeu. Shirin Ebadi foi a primeira mulher juíza no Iran, foi a primeira a presidir um tribunal legislativo, enfrentou o regime ditatorial dos aiatolás, terminou no exílio. Dilma Roussef enfrentou uma ditadura, foi perseguida, presa e torturada, mas não quis receber uma exilada de outra ditadura. A presidente mulher não recebeu a exilada mulher.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Sigilo eterno

Os ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor querem impedir a quebra do "sigilo eterno" dos documentos de governo considerado secretos. Sarney se diz preocupado com questões diplomáticas referentes ao estabelecimento das fronteiras brasileiras. Com efeito: e se fica provado que o Barão do Rio Branco arrancou o Acre do território da Bolívia a preço de um cavalo? Consta que o cavalo era de boa raça, mas mesmo assim poderia ser motivo suficiente para a Bolívia declarar guerra. E não é só isso: pensem em quanta coisa cabeluda e inconveniente poderia aparecer lá no nosso passado distante. Imaginem se fica demonstrado que Dom Pedro I, que comia tudo, comeu também a mulher do embaixador da Inglaterra? Que baita crise diplomática; como se não bastasse a crise com a Itália por causa do Cesare Batistti. Pode ser que Sarney e Collor não estejam preocupados com o passado distante, mas com um passado próximo capaz de comprometer suas biografias. Mas, então, será de se perguntar: Sarney e Collor ainda têm podres a esconder?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

FOGO! ANISTIA! BRASIL SEM MISÉRIA!

Não é para anistiar o fogo. O fogo deve continuar sob severo controle. É para anistiar os bombeiros do Rio de Janeiro. Anistiados, devem continuar em campanha e servir de exemplo para trabalhadores de todo o país. A campanha dos bombeiros cariocas, por justa e urgente, tem condições de incendiar o Brasil (no melhor sentido metafórico). Eles reivindicam piso salarial de 2.000 reais. Ganham menos de 1.000 reais: uma miséria. Os policiais militares também ganham uma miséria. Os professores do ensino básico também ganham uma miséria. Então: Piso Nacional de 2.000 Reais para os Bombeiros + PEC 300 + Piso Nacional dos Professores = Luta Unificada por um BRASIL SEM MISÉRIA.

sábado, 11 de junho de 2011

Heróis de Cuba

Gosto de polêmicas. De acompanhar e, mais ainda, de participar. Vou aceitar uma cobrança de pessoas que admiro muito; daí, iremos à polêmica.
Recebi, via e-mail, algumas mensagens contendo matéria de Denise Ritter sobre um "julgamento simulado" realizado por um "Tribunal de Consciência" no Rio Grande do Sul. Esse "Tribunal" absolveu cinco cubanos presos nos Estados Unidos por alegados crimes de espionagem: Gerardo Hernández, René González, Antonio Guerrero, Ramón Labañino e Fernando González. Uma dessas mensagens foi enviada pelo meu amigo Alexandre Guedes, mas repassando mensagem do bravo militante socialista Jonas Araújo. Esse ardoroso defensor da Revolução Cubana, na sua mensagem, faz esta cobrança, em caixa alta:

"ONDE SE ENCONTRAM NESSA HORA, OS (AS) GRANDES PALADINOS (AS) DA DEMOCRACIA, QUE TANTO CRITICAM O REGIME CUBANO?".

Sendo que me considero paladino da democracia - embora dos mais modestos - e havendo bastante criticado a ditadura dos irmãos Castro, respondo por mim: estou encaminhando a mensagem para publicação no Portal 100 Fronteiras. Os cinco cubanos são referidos como heróis. Que sejam; e que sejam libertos. Mas não serão mais heróis do que Orlando Zapata Tamayo, morto nas prisões de Cuba após 85 dias de greve de fome, em fevereiro de 2010. Não serão mais heróis do que Guillermo Fariñas, seguidamente detido pela polícia cubana por causa da sua luta em defesa da liberdade dos presos de consciência da ditadura cubana. Nenhum desses, que são muitos, serão menos heróis do que os cinco cubanos presos nos Estados Unidos. Permito-me devolver a pergunta, de forma ampliada:

ONDE SE ENCONTRAM E ONDE SE ENCONTRAVAM OS DEFENSORES DO REGIME CUBANO NAS HORAS, DIAS, MESES, ANOS E DÉCADAS EM QUE OS DIREITOS DE LIBERDADE FORAM SISTEMATICAMENTE ESMAGADOS PELA DITADURA DE FIDEL CASTRO?

Façamos um "julgamento" ampliado, não seletivo. Vamos defender a liberdade dos prisioneiros de consciência de qualquer parte do mundo. Espero resposta de Alexandre Guedes, intrépido defensor dos Direitos Humanos. Espero resposta de Jonas Araújo. Espero resposta, comentários e participação de todos quantos se interessem pela Liberdade e pelos Direitos Humanos.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Escolinha do MEC

- Bons dia!
- Bons dia!, fessôra.
- Hoje a gente vamos fazer prova oral falada, sobre vários assuntos variados. Vou chamar por ordem analfabética: Ostinho?!
- Veeeeeeeenha!
- Ostinho, quanto é 10 menos 7?
- 10 menos 7 é 4, fessôra.
- Isso. E 16 menos 8, quanto é?
- 16 menos 8 é 6, fessôra.
- Certou de novo. Mas essas foi fárcio, agora vai uma dirfício. Me digue: com quantos grau ferve o ângulo reto?
- O ângulo reto ferve a 90 graus celsos, fessôra.
- Na mosca. Agora, pra tirá 10, me digue: por que esses grau de medição se chama-se celsos?
- Porque foram inventado pelo grande brasileiro Celsos Furtado.
- Esse minino sabe tudo. Nota 10. Vou xamar o próssimo, sempre por ordem analfabética: Gelzinha?!
- Aqui, fessôra.
- Gelzinha, vou perguntar geografia porque sei qui tu é bamba no assunto.
- Pode vim quente qui eu tô felvendo.
- Pois me digue: qualé a capital do Peru?
- A capital do Peru é a galinha, fessôra.
- Resposta muito criativa. Nós tinha decorado qui era Lima. Mas as decoreba num tá cum nada. E as capital véve tudo mudando de nome e de lugar.
- Permite uma parte, fessôra.
- Aqui num é o Senado, Ostinho; mas digue.
- Tem uma capital qui nunca mudou.
- Qualé?
- A do Equador. A capital do Equador é Quito; nunca mudou, é sempre Quito.
- É mermo, eu tinha sisquicido. Mas fique quéto qui eu tô perguntando pra Gelzinha. Gelzinha, e qualé a capital do Brasil?
- A capital do Brasil é a Zona Franca, fessôra.
- Certíçimo. Resposta sagaz. Agora, a úrtima, pra tirá 10. Quem discubril o Brasil?
- Quem discubril o Brasil foi o prisidente Lula, fessôra.
- Isselente, Gelzinha. Nota 10. Ô minina intiligente da mulesta! Terminou a aula, vocês pode sair pra fora.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Primeiro dia de aula: "Nós pegou Palocci"

Primeiro dia de aula:

- Fessôra Norma, nós pode dizer: "nós pega o peixe"?
- Claro que pode, Ostinho; mas tenha cuidado com o preconceito linguístico.
- Então, fessôra, nós também pode dizer: "nós pegou Palocci"?
- Poder, pode; mas precisa explicar melhor, contextualizar. Quem pegou Palocci? Por que pegaram Palocci? Quem é Palocci?
- Palocci é um peixe grande, fessôra; um tipo de robalo. Robalo-flecha, que é o maior dos robalo: um robalão. O robalo é peixe de água salgada, gosta de águas profundas, calmas, barrentas e sombreadas. Pra de comer, gosta de peixe pequeno, camarão e caranguejo; tudo acompanhado de vinho Romanée-Conti.  Quem pegou o peixe robalo Palocci foi nós, o povo; nós, a opinião pública; nós, a imprensa; nós, os blog; nós que navega na internet.
- Ótimo! Contextualizou bem. Só falta esclarecer o motivo: por que pegaram Palocci?
- Fessôra, quem devia pegar Palocci era o Ministério Público, mas o Procurador Geral da República afrouxou. Aquele gordinho, peixinho baiacu, que é a cara do Jô Soares. O gordinho baiacu deu ré prá trás, dizendo que peixe também tem o direito de ficar rico, e coisa e tal. Nós pegou o peixe Palocci robalo porque ele tava fazendo negócios esquisito e escuso com os tubarão. Nós chamou ele na chincha e ele não deu explicação, ficou só rolando o lero. Nós não gostemos da conversa dele e nós balancemos as águas do mar. Tanto que a Dona do Mar entendeu que não convém peixe robalo nas suas águas e expulsou o Palocci robalo da casa.
- Que casa?
- Uma Casa que se chama Civil, mas que, vez por outra, parece a casa de Noca.
- E agora, para onde vai o peixe Palocci robalo?
- Vai morar no fundo do mar, num palácio que comprou por vinte milhão aos tubarão.
- Então vocês não pegaram ele.
- É verdade, fessôra, nós só tirou ele da toca. Agora é com os homem (pronuncia-se "uzômi") da Poliça Federá.
- Está bom, Ostinho. Ficou bem contextualizado. Nota 10 pra você.
- Só mais um coisa, fessôra Norma: eu tô falando errado direitinho?
- Está aprendendo. Pra falar errado certo, é preciso estudar muito. Mas achei lindo quando você disse "nós que navega". Navegar é preciso, norma culta não precisa. De norma, aqui nesta escola, basta eu.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Os "extremamente marxistas" e o "Budalocci"

O PT de Ribeirão Preto solidarizou-se com Palocci e divulgou nota dizendo que a riqueza do ministro "corresponde ao trabalho realizado de forma eficiente". Sem dúvida, Palocci é um burguês tarimbado, um capitalista eficiente. Mas ele não é do Partido dos Trabalhadores? Não devia ser socialista? Se algum dia o PT foi Partido dos Trabalhadores, no  sentido histórico político-ideológico, deixou de ser faz tempo. Todavia, a aura socialista interessa ao PT: é um excelente marketing. Palocci está levando a aura socialista do PT para o ralo. Que Palocci traficou influência, parece; mas falta provar. Que Palocci botou no bolso sobras de campanha, parece; mas falta provar. Agora, que Palocci é burguês e capitalista, não só ele próprio reconhece, modestamente, como amigos e correligionários o elogiam pelas façanhas empreendedoras na selva das finanças; como é o caso dos petistas de Ribeirão, que lhe louvam a eficiência. Nem todos, diga-se. Uma corrente, O Trabalho, absteve-se. O presidente do PT local, Pedro de Jesus Sampaio, saiu-se com esta pérola: "Eles se abstiveram porque são extremamente marxistas, acham que a riqueza é injusta e fruto da apropriação do excedente do trabalho". Não cola. Marxistas extremados não são de se abster: diante de burgueses, não vacilam: fuzilam. Palocci tornou-se símbolo da prosperidade burguesa. Alastra-se na internet a corrente "Budalocci" (um Buda com cara de Palocci), que promete multiplicar por 20 o patrimônio daqueles que não a quebrarem.
Palocci: milionário com consultorias. Zé Dirceu: milionário com consultorias. Lula: milionário com palestras. Os petistas graúdos aburguesaram-se, estão podres de rico, por cima da carne seca, gastando à tripa-forra, comendo tudo e tomando todas, vivendo nababescasmente. Não lhes nego o direito, mas o PT podia acabar com o papo furado marxista: parar de falar mal do capitalismo, da burguesia, das "elites".
"Extremamente marxistas"? No PT? Só se for de sacanagem.